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segunda-feira, 7 de março de 2011

ASSASSINATO EM PRIMEIRO GRAU


Há pouco tempo atrás, me lembro de ter visto uma camiseta em um aloja virtual, que trazia no peito os seguintes dizeres: " Armas não matam pessoas, pessoas matam pessoas, por isso, diga não as pessoas." Bom, mas a pergunta que fica então é: Que raios tem a frase da camiseta haver com o filme ao qual pretendo reter alguns minutos de sua atenção em leitura do comentário? Me lembrei da frase da camiseta, quando quase no final da fita, o personagem central da história Henry Young (interpretado por Kevin Bacon) diz perante ao júri a seguinte frase: " Eu fui a arma, mas não o assassino; eles foram o assassino." Referindo-se com o pronome eles, basicamente aos diretores e funcionários da penitenciária de segurança máxima Alcatraz.

Dito isto, revelarei a sinopse do filme, para adentrar o leitor na discussão iniciada com o parágrafo, e de imediato, já peço desculpas pela falta de linearidade do texto, mas é que as coisas fluíram de tal forma, e quando vi já tinha escrito desta maneira. Assassinato em Primeiro Grau, conta a história real de Henry Young, que aos 17 anos é mandado para a prisão de segurança máxima de Alcatraz por tentar roubar 5 dólares para alimentar a si e a irmã menor à qual tinha sob seus cuidados. Após um tempo, Henry tenta fugir, e sendo capturado, passa mais de três anos na solitária, sofrendo todo tipo de humilhação e maus tratos possíveis por parte da direção da prisão. Ao sair da solitária, Henry está totalmente perturbado e acaba assassinando outro preso (que havia fugido com ele 3 anos atrás, porém tinha colaborado com os diretores da prisão). O filme então é basicamente a relação de Henry e seu advogado e o seu julgamento.

Henry realmente cometeu o assassinato, porém o que o advogado quer demonstrar (advogado que atende pelo nome de James e é interpretado por Christian Slater), é que Henry só fez o que fez devido as coisas absurdas à qual foi submetido neste tipo de cárcere profundo e alienante. A discussão do filme é bem interessante, e nos remete ao primeiro parágrafo deste texto: Afinal, até onde as pessoas são assassinos e até onde elas são armas? As prisões realmente "reestruturam" as pessoas para viverem novamente em sociedade? Emitir opinião pessoal, seria abrir uma discussão que se alongaria léguas e poderia gerar muita polêmica, sendo assim, o que tiro disso tudo é o que o filme tem de melhor, que é fazer o telespectador pensar sobre tudo isso. Apesar de clichê e carregar a história de uma dramaticidade excessiva, Assassinato em Primeiro Grau gera inquietação e leva o espectador a refletir sobre as questões colocadas acima e muitas outras que cabe a cada um enxergá-las a sua própria maneira.

Tecnicamente o filme esbarra em vários obstáculos. É um pouco apelativo, tem dificuldades em perceber o que realmente é relevante e o que poderia ser cortado da história e tem alguns problemas de ritmo. A direção de Marc Rocco, por mais que use muito bem as luzes e sombras, é burocrática demais e se contenta a enquadrar sempre ou os trejeitos caricatos de Kevin Bacon, que muitas vezes se mostram exagerados ou a atuação simpática, porém leve e desmotivada de Slater, sendo que outros atores mais fortes como Gary Oldman no papel do impiedoso assistente do diretor de Alcatraz poderiam ser melhor aproveitados. Como pontos positivos, destaque para uma bela trilha sonora e um bom trabalho de maquiagem.

O roteiro é bem valoroso, pois por mais que contenha alguns furos e excessos, constrói bem a situação e possui um rumo bem definido, construindo seu caminho de forma firme e precisa. No final de tudo, percebemos que a real intenção da fita não é a libertação de um preso, mas uma vitória moral, que supera corrupções e tragédias, quase que em uma batalha do bem contra mal, fato que fica muito claro na última cena da fita.

Assassinato em Primeiro Grau não tem força para ser um clássico e nem um grande apelo popular para se tornar  cult, porém é um filme que consegue se servir de grandes doses de emoção e tocar o espectador em seu momento mais sentimental, sem perder a inteligência e a capacidade de levar o espectador a uma reflexão e a uma inquietação. Alcatraz talvez seja a segunda prisão mais famosa da história da humanidade (perdendo apenas para a Bastilha francesa), e filmes sobre ela e suas várias nuances temos aos montes, mas isto não quer dizer que você deve ignorar este aqui, pelo contrário, assista-o e depois formule sua opinião sobre as questões colocadas ao longo deste texto, afinal ver novas questões ou rever antigas sempre é um bom exercício, ainda mais quando o filme lhe ajuda neste quesito.

(Murder In The First; 1995)


NOTA: 7,5

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