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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O MISTÉRIO DE NATALEE HOLLOWAY


Em maio de 2005, ao fazer uma viagem de férias junto com suas colegas do recém finalizado Colegial (Ensino Médio para nós aqui) pela ilhota de Aruba, conhecido recanto de férias, jogos e diversões (lícitas ou não) para turistas, a jovem estadunidense de dezenove anos Natalee Holloway simplesmente desaparece depois de sair embriagada de uma festa na companhia de três rapazes recém-conhecidos pela mesma. Tem-se início então um dos maiores e mais intrigantes casos de desaparecimento dos últimos anos, caso que se arrasta até os dias de hoje, sem uma conclusão precisa, um culpado firme, e até mesmo sem a localização do corpo da jovem, ou da própria jovem, já que a mesma não foi dada como morta pelas autoridades americanas (coincidentemente, li uma notícia esta semana de que o pai da jovem pediu para que a filha fosse declarada oficialmente morta).

O desaparecimento da jovem é envolto a mistérios, histórias, conspirações e falsas certezas, vindo da família ou até mesmo das autoridades. A verdade, é que devido ao não “achamento” do corpo da mesma pouca coisa de concreto se tem. O Mistério de Natalee Holloway é baseado em um livro escrito pela mãe da jovem, que além de contar o seu drama pessoal, tem certo caráter de auto-ajuda (pelo menos baseado nas informações que eu tive, pois eu não li o livro). O primeiro problema já está descrito logo acima: o filme não possui uma intenção com a verdade nua e crua, ou mesmo com uma investigação firme do caso, mas com a visão de uma mãe, ou seja, parcial.

Minha intenção aqui não é distorcer e nem ficar de acordo com o crime, agora é nítido que existe um endeusamento da desaparecida e uma visão puritana da mesma, que não condiz com uma jovem que deixa as amigas para entrar em um carro com três desconhecidos em um lugar desconhecido. O filme insinua claramente, por exemplo, que Natalee foi drogada pelos três rapazes, fato que nunca foi comprovado, entre outros aspectos.

Bom, não tenho a intenção de realizar um debate do caso, ou até mesmo passar mais informações sobre o mesmo, pois não é a proposta do meu texto, sendo assim, passarei a análise do filme propriamente dito, e para adiantar um pouco a carroça, ela não tem como ser muito positiva.

A fita falha em convergir o argumento real com a ficção; quero dizer o seguinte, os bons filmes baseados em fatos reais, normalmente possuem uma preocupação quase que intrínseca ao mesmo, de mostrar ao espectador que, mesmo baseado em uma história real, existe uma dramaticidade excessiva utilizada para o andamento do filme; coisa que aqui não acontece. O filme é muito, mas muito lateral. Não possui nenhuma intenção de reaver suas premissas, e desfila dramalhotes sem qualquer pudor. O mistério de Natalee Holloway quer claramente enfiar por osmose no espectador a ideia de um crime hediondo, e isentar a jovem de qualquer parcela de culpa, seja esta causada por frivolidade e vontade da mesma, ou até mesmo por uma inocência imaculada. Em resumo, o filme é ideológico, e baseia sua ideologia em uma pedra solta.

O filme tem baixo orçamento e é nitidamente independente, o que traz várias limitações técnicas, desde uma fotografia um pouco tímida, até uma utilização de cenários e iluminações muito ruins. O elenco é inexperiente e muito fraquinho, e conta com uma atuação simplesmente irritante de Tracy Pollan no papel da mãe de Natalee que se desespera para encontrar a filha. O negócio é tão forte, que você não se comove com o drama da mãe, mas pega aversão à mesma, tamanha sua imprudência e inocência, assim como pelos exageros da atuação de Pollan.

O Mistério de Natalee Holloway já nasceu determinado e se ruir. O único ponto que o filme poderia ter de interessante, que é a história do desaparecimento e uma investigação sobre o mesmo é inibido por um argumento frágil e parcial, baseado em uma visão que não convence muito, e que em alguns momentos aporrinha o espectador de um modo até bem forte. Crime a parte, problemas policiais a parte, famílias envolvidas a parte, o desaparecimento de Natalee Holloway, por se tratar de um dos grandes casos policiais dos últimos, merecia algo um pouquinho melhor. Sejamos sinceros, algo bem melhor.


(Natalee Holloway de Mikael Salomon, EUA - 2009)


NOTA: 3,5

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