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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

MARÉ DE AZAR


Ficha Técnica

Título Original:Extract
Gênero:Comédia
Duração:92 min
Ano De Lançamento:2009
Site Oficial:http://www.extract-the-movie.com
Estúdio:3 Arts Entertainment / F+A Production / Ternion Pictures
Distribuidora:Miramax Films (EUA) / Paris Filmes (Brasil)
Direção: Mike Judge
Roteiro:Mike Judge
Produção:John Altschuller e Michael Rotenberg
Música:George S. Clinton
Fotografia:Tim Suhrstedt
Direção De Arte:Austin Gorg
Figurino:Alix Friedberg
Edição:Julia Wong
Efeitos Especiais:Flash Film Works / LOOK! Effects / Pixel Magic


Elenco

Jason Bateman (Joel Reynolds)
Mila Kunis (Cindy)
Kristen Wiig (Suzie)
Ben Affleck (Dean)
J.K. Simmons (Brian)
Clifton Collins Jr. (Step)
Dustin Milligan (Brad)
David Koechner (Nathan)
Beth Grant (Mary)
Lidia Porto (Gabriella)
T.J. Miller (Rory)
Javier Gutiérrez (Hector)
Lamberto Gutierrez (Victor)
Matt Schulze (Willie)
Gene Simmons (Joe Adler)
Brent Briscoe (Phil)
Mike Judge (Jim)
Gary Cole


Sinopse

Joel Reynolds (Jason Bateman) é dono de uma empresa que construiu do zero, que o tornou conhecido como o "Rei dos Extratos". O sucesso no trabalho não se repete em casa. Frustrado com o casamento com Suzie (Kristen Wiig), ele desabafa com Dean (Ben Affleck), um barman que é seu melhor amigo. Para conseguir o divórcio ele elabora um plano para fazer com que sua esposa o traia com Brad (Dustin Milligan), um gigolô. Desta forma, Joel pode investir em Cindy (Mila Kunis), sua nova empregada, sem qualquer sentimento de culpa. O que ele não esperava era que Cindy é uma vigarista, cuja liberdade condicional está prestes a ser revogada.



CRÍTICA


Comédia até certo ponto despretensiosa e que tem como pano de fundo um aglomerado de situações que envolvem a vida de seu protagonista Joel Reynolds (interpretado por Jason Bateman, e um momento onde esta mesma vida desanda para uma catástrofe atrás de outra, gerando situações complexas que misturam azar com humor negro e um pouco de situações mais bizarras que beiram o pastelão.

Maré De Azar é um filme tão comum, tão sem representatividade no cenário cinematográfico, que fica até complicado analisá-lo. Se por um lado, o filme não possui grandes problemas ou mesmo grandes furos ou erros, do outro temos que, igualmente ele não possui ápice, ou seja, não existe um grande momento, ou mesmo uma grande cena, ou uma grande atuação, ou um grande diferencial. O diretor Mike Judge, que também assina o roteiro, é comum, e se apega a todos os clichês do gênero para desenvolver seu argumento. Nem mesmo o fato de quase toda a ação acontecer em uma inusitada fábrica de extratos e aromatizantes, elimina o clichê do chefe em crise com casamento à ruína, do amigo maconheiro e com conselhos no mínimo duvidosos, da mocinha bandida e enganadora e dos desfechos e movimentos das relações entre os personagens.

O elenco é mediano, e leva a coisa de maneira concisa porém sem brilho. Jason Bateman é esforçado no papel do protagonista Joel Reynolds, e os mais famosos do elenco Ben Affleck (como o amigo maconheiro), e Mila Kunis (como a mocinha bandida), levam as coisas com certa displicência em alguns momentos, como se a fita não passasse de uma grande besteira.

Para não ser totalmente injusto, o filme começa até em um bom ritmo, com algumas boas intervenções e piadas, porém cai muito do meio para um final, que nos leva até a um certo marasmo nos minutos finais, até devido ao fato de que os clichês são mantidos, e o final, de certo modo é totalmente previsível, pois acaba ratificando as inclinações que o filme mostrou ao longo de toda a sua uma hora e meia de duração. Engraçado mesmo só David Koechner no papel do chatíssimo e inconveniente vizinho Nathan. Dustin Milligan no papel do "avoado" e burro Brad também em alguns momentos soa engraçado, mas não passa disso.

Um filme comum, chato em muitos momentos, bobo em alguns outros, e engraçado uma vez ou outra. Uma comédia que será facilmente tragada pelo tempo, e está fadada ao esquecimento bem rapidinho; afinal entrou no mercado de forma quieta e sorrateira e é assim que vai ficar, até por que ,não tem nada demais para se ver por aqui, ainda bem que é curto, assim não se perde tanto tempo.


NOTA: 4,5

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES


Ficha Técnica

Título Original: Män Som Hatar Kvinnor
Gênero:Suspense
Duração:152 min
Ano De Lançamento:2009
Site Oficial:http://dragontattoofilm.com
Estúdio:Danish Filminstitute / Film i Väst / Nordisk Film / Swedish Film Institute / Danmarks Radio / Filmpool Stockholm Mälardalen / Sveriges Television / TV2 Norge / Yellow Bird Films / ZDF Enterprises
Distribuidora:Imagem Filmes
Direção: Niels Arden Oplev
Roteiro:Nikolaj Arcel e Rasmus Heisterberg, baseado em livro de Stieg Larsson
Produção:Soren Staermose
Música:Jacob Groth
Fotografia:Jens Fischer e Eric Kress
Figurino:Cilla Rörby
Edição:Anne Osterud
Efeitos Especiais:Filmgate / Panorama film & teatereffekter


Elenco

Michael Nyqvist (Mikael Blomkvist)
Noomi Rapace (Lisbeth Salander)
Lena Endre (Erika Berger)
Peter Haber (Martin Vanger)
Sven-Bertil Taube (Henrik Vanger)
Peter Andersson (Nils Bjurman)
Ingvar Hirdwall (Drich Frode)
Marika Lagercrantz (Cecilia Vanger)
Björn Granath (Gustav Morell)
Ewa Fröling (Harriet Vanger)
Michalis Koutsogiannakis (Dragan Armanskij)
Annika Hallin (Annika Giannini)
Sofia Ledarp (Malin Erikson)
David Dencik (Janne Dahlman)
Stefan Sauk (Hans-Erik Wennerström)
Gösta Bredefeldt (Harald Vanger)
Fredrik Ohlsson (Gunnar Brännlund)
Jacob Ericksson (Christer Malm)
Gunnel Lindblom (Isabella Vanger)
Reuben Sallmander (Enrico Giannini)
Yasmine Garbi (Miriam Wu)
Georgi Staykov (Alexander Zalachenko)
Nina Norén (Agneta Salander)
Tehilla Blad (Lisbeth Salander - jovem)
Julia Sporre (Harriet Vanger - jovem)


Sinopse

Harriet Vanger (Ewa Fröling) desapareceu há 36 anos, sem deixar pistas, na ilha de Hedeby. O local é de propriedade quase exclusiva da família Vanger, que o torna inacessível para a grande maioria das pessoas. A polícia jamais conseguiu descobrir o que aconteceu com a jovem, que tinha 16 anos na época do sumiço. Mesmo após tanto tempo, seu tio ainda está à procura de Harriet. Ele resolve contratar Mikael Bomkvist (Michael Nyqvist), um jornalista investigativo que trabalha na revista Millennium. Mikael não está em um bom momento, pois enfrenta um processo por calúnia e difamação. Ele aceita o trabalho, recebendo a ajuda de Lisbeth Salander (Noomi Rapace), uma investigadora particular incontrolável e anti social.



CRÍTICA


Primeiro filme de uma trilogia baseada nos livros de grande sucesso mundial de autoria de Stieg Larsson, intitulada Millenium. Pra ser bem sincero, vi este filme de forma totalmente receosa, ou seja, com uma desconfiança enorme, e isso se dá por alguns motivos bem claros. Primeiro, pelo fato de a trama ser um mistério que em primeiro momento parecia uma mistura de Sherlock Holmes com pitadas de Agatha Christie; e segundo , e também mais presente, pelo fato de best-sellers, ultimamente não terem sido lá aqueles coisas; como exemplo é só entender o fenômeno Crepúsculo. Por outro lado, me chamou a atenção o fato de o filme ser sueco, que é particularmente uma escola de cinema que eu gosto muito. Assim sendo, transitei entre estes pontos para decidir a maneira como veria o filme, como já disse, acabei optando pela primeira maneira, e para minha surpresa, acabei "caindo do cavalo"; já que o filme é bem interessante.

O fato de a fita vir do país de origem da própria história, é um fator bem interessante, e como o cinema sueco é conhecido por sua subjetividade e sua capacidade de mostrar o ser humano de forma bem peculiar, temos que Os Homens Que Não Amavam As Mulheres, se insere muito bem neste contexto, o que o diferencia dos filmes feitos para este estilo.Não existe aqui aquele necessidade de gerar dinheiro e público dos filmes hollywoodianos, e dessa maneira, a identidade do roteiro e maneira pouco peculiar de condução, não interferem na aceitação e na divulgação da fita, já que o público para a qual ela é feita, entende e admira esse tipo de condução.

A direção de Niels Arden Oplev é muito boa, bem variada e que consegue acompanhar e ao mesmo tempo ditar o ritmo ora cadenciado, ora veloz do roteiro, isso sem contar que Oplev abusa da movimentação da câmera, se utilizando de planos abertos e fechados, tomadas aéreas, planas, curtas, longas e por aí vai, ajudando e muito o dinamismo da fita, que mesmo possuindo um roteiro pesado, no que diz respeito à trama em si, não cansa e se desenvolve de forma precisa ao longo das mais de duas horas de duração da fita.Vale destaque também o trabalho de cenografia e fotografia, com utilização de uma iluminação baixa, que encaixa de forma sensacional no contexto em grande parte obscuro dos acontecimentos. Isso sem contar a incrível paisagem do inverno sueco, que contrasta de forma brilhante com o clima de mistério e suspense do roteiro.

Impossível não comentar também o trabalho dos atores. Elenco forte e completamente imbuído, que carrega de forma magistral toda a dureza e frieza de um roteiro feito para chocar e intrigar. Seguindo essa característica do roteiro, temos personagens intrigantes e ao mesmo tempo cativantes como o protagonista Mikael Blomkvist. Todavia, a melhor do elenco é realmente Noomi Rapace no papel da misteriosa e fria Lisbeth Salande, em uma atuação inspirada e completa.

A virada no final, que realmente soa espontânea e que encaixa muito bem no contexto geralda fita, ajuda a finalizar este ótimo filme, que possui como pontos negativos, apenas um outro exagero de dramatização, e um romance um pouco insosso e por que não dizer clichê entre os protagonistas, que poderia talvez ser evitado, até mesmo pela diferença entre eles, ou pelo menos tratado de uma forma mais condizente com o resto da história em si ( Que fique claro que eu não li o livro, e que eu não sei o desenrolar do romance dos dois no resto da trilogia, ou até mesmo se eles aparecem, mas estou analisando apenas este filme e não a trilogia em si).

O cinema sueco continua nos produzindo bons momentos, e este Os Homens Que Não Amavam As Mulheres vem confirmar isso. O filme pode até não ter o brilhantismo de Deixa Ela Entrar, grande filme sueco do ano passado, mas faz bem seu papel e mostra mais uma vez que o cinema é muito mais que o mundinho fechado dos filmes milionários e das fofocas de bastidores de Hollywood.


NOTA: 8,5

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

ILHA DO MEDO


Ficha Técnica

Título Original:Shutter Island
Gênero:Suspense
Duração:138 min
Ano De Lançamento:2010
Site Oficial:http://www.shutterisland.com
Estúdio:Paramount Pictures / Sikelia Productions / Phoenix Pictures / Hollywood Gang Productions / Appian Way
Distribuidora:Paramount Pictures
Direção: Martin Scorsese
Roteiro:Laeta Kalogridis, baseado em livro de Dennis Lehane
Produção:Brad Fischer, Mike Medavoy, Arnold Messer e Martin Scorsese
Fotografia:Robert Richardson
Direção De Arte:Max Biscoe, Robert Guerra e Christian Ann Wilson
Figurino:Sandy Powell
Edição:Thelma Schoonmaker
Efeitos Especiais:New Deal Studios / CafeFX / Gentle Giant Studios / Mark Rapaport Creature Effects


Elenco

Leonardo DiCaprio (Teddy Daniels)
Mark Ruffalo (Chuck Aule)
Ben Kingsley (Dr. John Crawley)
Emily Mortimer (Rachel Solando)
Michelle Williams (Dolores Chanal)
Max Von Sydow (Dr. Jeremiah Naehring)
Jackie Earle Haley (George Noyce)
Elias Koteas (Andrew Laeddis)
Ted Levine (Warden)
John Carroll Lynch (Deputado Warden McPherson)
Christopher Denham (Peter Breene)
Nellie Sciutto (Enfermeira Marino)
Curtiss Cook (Trey Washington)
Tom Kemp (Ward C. Guard)
Drew Beasley (Henry)
Joseph McKenna (Billings)
Damian Zuk (Elijah Tookey)
Patricia Clarkson


Sinopse

1954. Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) investiga o desaparecimento de um paciente no Shutter Island Ashecliffe Hospital, em Boston. No local, ele descobre que os médicos realizam experiências radicais com os pacientes, envolvendo métodos ilegais e anti-éticos. Teddy tenta buscar mais informações, mas enfrenta a resistência dos médicos em lhe fornecer os arquivos que possam permitir que o caso seja aberto. Quando um furacão deixa a ilha sem comunicação, diversos prisioneiros conseguem escapar e tornam a situação ainda mais perigosa.



CRÍTICA


Mais novo filme do mestre Martin Scorcese, que envereda pelos caminhos do suspense, gênero que pouco explorou em sua carreira, mas que mesmo assim produziu clássicos como Cabo Do Medo. Dessa vez, Scorcese se deixa levar pela maré, e aposta em um suspense psicológico, com requintes de paranóia e psicopatia, que busca a atenção do espectador através de situações bem entrelaçadas, reviravoltas bruscas, e um clima bem penumbroso.

O roteiro do filme é baseado no livro Paciente 67 de Denis Lehanne, que eu não li, assim sendo, o que direi aqui é baseado no que eu vi no filme e nada mais. A história gira em torno de um policial que chega à uma ilha onde funciona um hospital psiquiátrico, para investigar o desaparecimento de um paciente, e acaba se deparando com situações cruéis e métodos no mínimo problemáticos, por parte daqueles que comandam o hospital. Bom, isso é o básico do básico, já que a partir daí começa uma rede de reviravoltas e situações "quebra-cabeças", que em alguns momentos se mostram eficazes e em outros nem tanto.

Scorcese comanda bem sua câmera e cria um ambiente claustrofóbico muito impactante, causando uma sensação bem forte no espectador, e o levando para dentro dos corredores escuros e úmidos de um hospital psiquiátrico, bem no estilo anos 50, ou seja, frio, escuro e sujo, para deixar bem claro, que quem ali estava era a escória do ser humano, ou seja, os loucos.

Ilha Do Medo até funciona bem, cria um clima interessante, possui um bom andamento, e por que não dizer prende a atenção do espectador, entretanto, cai em uma mesmice um pouco chata em alguns momentos, e digo isso com bastante pesar. O motivo é simples: será possível que agora todo filme de suspense terror tem que ter reviravoltas e tentar surpreender pelo caráter psicológico e não climático do negócio? Depois de O Sexto Sentido, suspense virou sinônimo de filmes complexos, e que sempre guarda uma surpresa no final. Isso funcionou durante algum tempo, mas está ficando batido, o que faz com que alguns filmes não soem tão surpreendentes assim e Ilha Do Medo é um desses.

Quando o filme acabou, eu pensei em pelo menos dois finais que seriam muito mais surpreendentes do que o exposto na fita, o problema é que os finais que eu pensei, fariam necessário um retrocesso a um argumento ultrapassado no filme, o que não funciona para o clichê atual do gênero, que só aceita reviravoltas totais, em outras palavras, um argumento tem que ser totalmente abandonado e dar lugar a outro. Por mais que essa fita seja bem dirigida, bem atuada, com um bom argumento no conjunto da coisa, e um aparato técnico vibrante, no final das contas nos deparamos com a seguinte afirmação: " Denovo um filme desses". E quando digo desses, quero dizer que estamos novamente diante de um filme onde tem que haver uma reviravolta. Infelizmente, a regra virou exceção, concomitantemente, presenciamos o nascimento de mais um clichê do gênero e Ilha Do Medo não escapa de ser um representante do mesmo, um bom representante, mas mesmo assim mais um representante.

Scorcese é genial demais para cair tão fácil nisso, mas caiu, e para um diretor do nível de Scorcese, Ilha Do Medo não passa de um filme de médio para bom, que até agrada em alguns momentos, mas que desaponta um pouco, quando olhamos para o nome de quem assina a direção. Para um gênio como Scorcese é pouco, e isso é mais do que certo.


NOTA: 7,0

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A ORIGEM


Ficha Técnica

Título Original:Inception
Gênero:Ficção Científica
Duração:148 min
Ano De Lançamento:2010
Site Oficial:http://www.aorigem.com.br
Estúdio:Warner Bros. Pictures e Legendary Pictures
Distribuidora:Warner Bros.
Direção: Christopher Nolan
Roteiro:Christopher Nolan
Produção:Christopher Nolan e Emma Thomas
Música:Hans Zimmer
Fotografia:Wally Pfister
Direção De Arte:Frank Walsh (supervisor)
Figurino:Jeffrey Kurland
Edição:Lee Smith


Elenco

Leonardo DiCaprio (Cobb)
Marion Cotillard (Mal)
Joseph Gordon-Levitt (Arthur)
Ellen Page (Ariadne)
Ken Watanabe (Saito)
Cillian Murphy (Fischer)
Tom Berenger (Browning)
Michael Caine (Professor)
Lukas Haas (Nash)
Tohoru Masamune (Segurança)
Tom Hardy (Eames)


Sinopse

Em um mundo onde é possível entrar na mente humana, Cobb (Leonardo DiCaprio) está entre os melhores na arte de roubar segredos valiosos do inconsciente, durante o estado de sono. Além disto ele é um fugitivo, pois está impedido de retornar aos Estados Unidos devido à morte de Mal (Marion Cotillard). Desesperado para rever seus filhos, Cobb aceita a ousada missão proposta por Saito (Ken Watanabe), um empresário japonês: entrar na mente de Richard Fischer (Cillian Murphy), o herdeiro de um império econômico, e plantar a ideia de desmembrá-lo. Para realizar este feito ele conta com a ajuda do parceiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt), a inexperiente arquiteta de sonhos Ariadne (Ellen Page) e Eames (Tom Hardy), que consegue se disfarçar de forma precisa no mundo dos sonhos.



CRÍTICA


O que é uma ideia? Qual a sua força e sua função no ser humano e na construção dos aspectos e conhecimentos do mesmo? O que é isso que criou ideologias e idealismos? Para Platão, a idéia é algo que existe de forma quase que independente e se encontra em um mundo transcendente, possuindo uma essência real e imutável, sendo que todos aqueles que queiram o verdadeiro conhecimento, tenham que alcançar a ideia deste conhecimento. Entretanto, não me parece que Nolan trabalha com este ponto, mas sim com a ideia como forma de pensamento e como desenvolvimento do mesmo.

A ideia aqui adquire caráter primordial, já que é a partir dela que gira todo o aparato construtivo do filme. O argumento de Nolan não é fácil: um grupo de pessoas especializadas em extrair informações confidenciais do subconsciente das pessoas através dos sonhos. Entretanto a coisa muda, quando o grupo é contratado para inserir uma ideia e não extrair. A partir daí, Nolan nos coloca em um mundo simplesmente sensacional.

A mistura de sonho com realidade, a questão do molde do pensamento, através de modelos psicológicos, filosóficos e biológicos, se encaixa com um desenvolvimento que apesar de truncado se mostra muito convincente, sem buracos e totalmente interessante. O roteiro de Nolan é um prato cheio para análises mais fortes do inconsciente e do subconsciente humano, através da própria capacidade humana, visto que Nolan se utiliza de máquinas apenas para ligar o sonhador àquele que irá entrar em seu subconsciente, cabendo o resto apenas à capacidade do homem de se movimentar e recriar universos dentro dos sonhos.

Como se não bastasse, Nolan brinca com o tempo e com a Física, ao paralelizar espaços ou suprimi-los, ou quando insere a ideia de que o tempo corre de forma diferente, nos diferentes níveis dos sonhos; isso mesmo; nesse universo, cria-se um sonho dentro de outro, e quanto mais isso acontece e se ramifica, mais complexa fica a ação e mais devagar o tempo corre, aumentando a quantidade do mesmo. A direção de Nolan aliada a um trabalho de edição e efeitos especiais geniais nos proporciona um dos grandes momentos do cinema atual quando o assunto é movimento de câmera, na cena em que intercala os espaços dos níveis de sonhos com a diferenciação do tempo, alternando de um para o outro juntamente com as velocidades dos mesmos; ou seja; a câmera e a edição recriam de forma brilhante esse argumento de Nolan e consegue gerar uma sensação de êxtase no espectador que beira o indescritível, isso sem contar as várias minúcias que ainda ajudam a criar esse caráter anteriormente dito por nós.

O elenco está perfeito, com destaque para a jovem, porém promissora Ellen Page, o excelente Ken Watanabe e o brilhante Leonardo DiCaprio, que mostra mais uma vez o porquê é, senão o melhor, um dos melhores atores de sua geração, e se desvencilha cada vez mais dos jargões e preconceitos que o perseguem desde seu papel em Titanic. A parte técnica segue a perfeição do filme, com um bom destaque para a eficiente e discreta trilha sonora.

Agora, os méritos devem ser dados ao homem certo, e este é Christopher Nolan. Que ele é um dos grandes nomes da nova safra de Hollywood todo mundo já sabia, agora, aqui ele chegou ao extremo de sua genialidade. Seu roteiro e sua direção são de uma inteligência descomunal, o que faz com que nossas esperanças sobre o cinema e sua verdadeira função, que é desenvolver e colaborar com a construção de conhecimento e arte nas pessoas, volte com mais freqüência, e não apenas em momentos esporádicos de sua história. Se Nolan já havia nos proporcionado filmes de grande inteligência como Amnésia e O Grande Truque, e nos dado aula de direção como em O Cavaleiro Das Trevas, em A Origem ele uniu e potencializou tudo isso, em um trabalho que provavelmente se encaixe como o melhor filme do ano, isso se não for o da década, mesmo que esta última esteja apenas começando.

Em meio a Crepúsculos e Blockbusters da vida, A Origem surge como um oásis de inteligência e genialidade perante a ignorância e mesmice à qual o cinema se encontra atualmente. O verdadeiro cinema não está morto; apenas dorme para despertar de tempos em tempos na mente de grandes homens como Nolan e na produção de obras-primas como A Origem. Simplesmente brilhante.


NOTA: 10,0

O AMOR ACONTECE


Ficha Técnica

Título Original:Love Happens
Gênero:Romance
Duração: 109 min
Ano De Lançamento:2009
Site Oficial: http:www.lovehappensmovie.com
Estúdio:Universal Pictures / Relativity Media / Stuber Productions / Camp / Thompson Pictures Distribuidora:Universal Pictures / PlayArte
Direção: Brandon Camp
Roteiro:Mike Thompson e Brandon Camp
Produção:Mary Parent, Scott Stuber e Mike Thompson
Música:Christopher Young
Fotografia:Eric Alan Edwards
Direção De Arte:Kendelle Elliott
Figurino:Trish Keating
Edição:Dana E. Glauberman
Efeitos Especiais:Mr. X


Elenco

Aaron Echart (Burke Ryan)
Jennifer Aniston (Eloise Chandler)
Dan Fogler (Lane)
Martin Sheen (Sogro de Burke)
Deirdre Blades (Sogra de Burke)
Judy Greer (Marty)
Frances Conroy (Mãe de Eloise)
Joe Anderson (Tyler)
Michelle Harrison (Cynthia)
Tom Pickett (Don)
Patricia Harras (Lorraine)
Sasha Alexander (Fotógrafa)
Clyde Kusatsu (Taxista)


Sinopse

Burke Ryan (Aaron Eckhart) é um escritor viúvo, autor de um livro sobre como lidar com as perdas. Seu trabalho logo se torna um best seller, o que o torna uma espécie de guru da auto-ajuda. Em uma viagem a negócios para Seattle, ele conhece Eloise Chandler (Jennifer Aniston) e por ela se apaixona. Só que, ao assistir o seminário de Burke, ela percebe que na verdade ele ainda não conseguiu superar a morte da esposa.



CRÍTICA
 
Quando se olha para a capa, imagina-se uma comédia romântica bem clichê, com todas aquelas caretinhas e corridinhas clássicas do gênero. Essa impressão ocorre principalmente por dois motivos: Jennifer Aniston; a atual queridinha das comédias românticas; e o título, tradução literal do original. Todavia, não é isso o que temos ao longo da fita, pois o que se desenvolve é um drama com toques de romance, com uma pegada mais introspectiva e que foca principalmente na capacidade do ser humano de controlar e conviver com suas emoções, sejam elas quais forem.

O título do filme é muito enganador, já que passa a impressão de que o relacionamento dos dois protagonistas norteará as ações da fita, o que não acontece. O amor entre os dois é apenas um pano de fundo, para as dores e manifestações emocionais do personagem de Aaron Eckhart, um escritor de auto-ajuda, que escreve um best-seller, ensinando as pessoas a superarem lutos de pessoas muito próximas. A personagem de Aniston é uma florista, que inicia a fita como uma boba e estabanada e que de repente se transforma em uma mulher madura e que guia o personagem de Eckhart em suas tentativas de se livrar de emoções que o atormentam.
 
O que o filme tem de melhor é facilmente o personagem de Eckhart. Um homem que ensina os outros a superarem seus traumas após a morte de alguém próximo, ao mesmo momento em que ele próprio não consegue superar a morte trágica de sua esposa. Sua vida é uma mentira, e Eckhart se sai muito bem ao colocar os dois aspectos do personagem de forma bem definida. As cenas anteriores às entradas do personagem ao palco para falar com seu público, são extremamente enigmáticas, pois antes de começar a ouvir seu anúncio, o personagem se encontra compenetrado e sério, mudando de forma ríspida para um brusco e forçado sorriso, como se duas pessoas convivessem no mesmo corpo. Essa dualidade que perpassa todo o filme e só explode no final, proporciona uma inteligência, que o resto do filme não possui.
 
A atuação de Eckhart  é bem interessante, exatamente por conseguir criar e lidar muito bem com essa dualidade de seu personagem; Martin Sheen faz uma pequena participação como o sogro do personagem de Eckhart, porém suficiente para alegrar os mais saudosistas, e suficiente para a única cena realmente engraçada da fita, que também é a última. Aniston não chega a estar mal, porém acredito que a repentina alteração no caráter de sua personagem, como já dissemos acima, lhe prejudicou um pouco.
 
A direção da fita se utiliza quase sempre de closes e cenas bem aproximadas, o que em alguns momentos parece forçar o espectador a entrar no drama dos personagens pela força. Além disso, o filme possui várias cenas desnecessárias, como o roubo do papagaio pelo personagem de Eckhart (poderia ter sido feito de outra forma), a extremamente piegas cena em que os protagonistas assistem ao show em cima de um caminhão de reparos elétricos entre outras. 

Alie isso a certa lentidão, misture com alguns pequenos, porém maçantes clichês do gênero, além de um final que mesmo bonito é muito comum, e você verá O Amor Acontece como um todo, ou seja, um mediano romance que sai muito pouco da mesmice do gênero. Um passatempo banal com pitadas de um bom filme.


NOTA: 6,0

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A CAIXA


Ficha Técnica

Título Original:The Box
Gênero:Suspense
Duração:115 min
Ano De Lançamento:2009
Site Oficial:http://www.thebox-movie.com/
Estúdio:Darko Entertainment / Lin Pictures / Media Rights Capital / Radar Pictures
Distribuidora:Warner Bros. Pictures / Imagem Filmes
Direção: Richard Kelly
Roteiro:Richard Kelly, baseado em história de Richard Matheson
Produção:Richard Kelly, Dan Lin, Kelly McKittrick e Sean McKittrick
Música:Win Butler, Régine Chassagne e Owen Pallett
Fotografia:Steven Poster
Direção De Arte:Priscilla Elliott
Figurino:April Ferry
Edição:Sam Bauer
Efeitos Especiais:Gradient Effects / Quantum Creation FX


Elenco

Cameron Diaz (Norma Lewis)
Gillian Jacobs (Dana Steward)
James Marsden (Arthur Lewis)
Frank Langella (Arlington Steward)
James Rebhorn (Norm Cahill)
Michael Zegen (Garcin)
Lisa K. Wyatt (Rhonda Martin)
Ryan Woodle (Lucas Carnes)
Basil Hoffman (Don Poates)
Michele Durrett (Rebecca Matheson)
Allyssa Maurice (Suzanne Weller)
Jenna Lamia (Diane Carnes)
Ian Kahn (Vick Brenner)
John Magaro (Charles Murphy)
Frank Ridley (Detetive Starrs)
Kevin DeCoste (Malcolm)
Evelina Oboza (Deborah Burns)
Mark S. Cartier (Martin Teague)
Donald Warnock (Dr. Y)
Kevin Robertson (Wendel James Matheson)
Al Conti (Dr. Powell)
Holmes Osborne (Dick Burns)
Sam Blumenfeld (Timothy)
Deborah Rush (Clymene Steward)
Celia Weston (Lana Burns)


Sinopse

Norma Lewis (Cameron Diaz) é uma professora casada com Arthur (James Marsden), um engenheiro que trabalha para a NASA. Eles têm um filho e levam uma vida tranquila no subúrbio. Um dia surge um misterioso homem, que lhes propõe a posse de uma caixa com um botão. Caso seu dono aperte o botão ele ficará milionário, mas ao mesmo tempo alguém desconhecido morrerá. Norma e Arthur têm 24 horas para decidir se ficarão ou não com a caixa.



CRÍTICA


Suspense com pitadas de drama e ficção científica que se utiliza de vários apetrechos para a construção de seu argumento. Esses citados apetrechos vão desde batidas posições morais unidas a reflexões filosóficas e éticas, com direito até as citações de teorias do filósofo Jean-Paul Sartre e o seu “o inferno são os outros”. Com um elenco de nomes bem conhecidos e um diretor que se tornou Cult principalmente no meio de cinéfilos que curtem um filme mais “quebra-cabeça”, A Caixa faz uma tentativa interessante, porém que se perde ao longo da fita e acaba se perdendo.

A premissa que envolve A Caixa é muito interessante, e o dilema enfrentado pelos personagens (se apertar o botão da caixa uma pessoa morre, porém quem apertou o botão ganha 1 milhão de dólares), coloca uma questão bem atual, e tenta fazer uma análise do egoísmo contraposto ao altruísmo das pessoas. O casal principal não tem necessariamente uma grande necessidade, suas prioridades financeiras envolvem coisas de uma classe média, e o filme parece querer mostrar isso de forma bem clara; ou seja; A Caixa chega até um casal que “precisa” muito de dinheiro exatamente nesse momento, já que aconteceram eventos inesperados em suas vidas, e é assim que caminhamos.

A ideia parece ter sido tão incorporada pelo diretor Richard Kelly (o mesmo do cultuado Donnie Darko), que ele a levou ao pé da letra. Até o momento em que a personagem de Diaz aperta o botão, o filme anda de forma sensacional, porém o filme morre (não resisti ao trocadilho), no momento em que a já acima citada aperta o botão. A partir daí, começa um negócio totalmente desenfreado e paranóico. Kelly perde a mão, tanto no roteiro quanto na direção, e começa a jogar as coisas de uma forma confusa, com muito pouca lógica, fazendo com que as poucas interpretações possíveis se tornem forçadas.

Filmes “quebra-cabeças” possuem um fundamento e uma lógica, ao contrário deste aqui, sem contar o fato de que existe uma exagerada velocidade na resposta de alguns elementos, que são importantes para o filme (como o fato de os empregados sangrarem pelo nariz). Tudo ficou muito esquisito, e algumas coisas poderiam ter sido claramente evitadas, como por exemplo, a ideia de uma conspiração alienígena, ou a viagem do personagem de James Marsden por um tubo de água.

O elenco principal vai do ruim ao excelente. Enquanto temos uma Cameron Diaz que nem mancar direito consegue, encontramos um Frank Langella perfeito e que nos proporciona os melhores momentos do filme. A frieza e a impostação que o mesmo constrói encaixam muito bem com a proposta do personagem. Para encerrar o quesito elenco encontramos James Marsden, que faz de sua atuação um caso curioso, já que ele vai muito bem, se esforça, mas é tragado pela inconsistência do roteiro, e acaba tendo sua boa interpretação prejudicada.

Salvam-se a primeira meia-hora de filme (se o filme ficasse apenas nessa parte e explorasse melhor o dilema moral e filosófico da escolha e das implicações que isso possui na sociedade e na vida dos outros, teríamos um filmaço), um bom movimento final, e a boa cenografia e direção de arte, que criou muito bem o clima anos 70 do negócio. A fotografia também é interessante, e deixa bem claro a idéia de dois momentos no filme: o primeiro, antes do botão ser apertado, com cores mais claras e leves; o segundo: após o apertar do botão com tons de vermelho e cinza, dão um caráter mais duro e sombrio ao filme.

Kelly não repete o bom trabalho de Donnie Darko (eu não gosto muito do filme, mas admito que é bom), e acaba caindo na sua própria armadilha, se enrolando nas dificuldades de seu roteiro, que acabam não se desenvolvendo. Mesmo com alguns bons momentos, A Caixa não consegue ser um bom filme, o que chega a ser lamentável, pois a ideia era boa.


NOTA: 5,0