ENCONTRE AQUI

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

VENCEDORES DO OSCAR 2011


Eis que então que a premiação mais esperada do cinema acontece em sua 83ª edição, premiando os filmes que os membros da Academia julgam os melhores. Não houve muitas surpresas, sendo assim, a cerimônia consagrou o drama do rei Gago, em outras palavras a produção inglesa O Discurso do Rei. O filme levou 4 estatuetas sendo elas Melhor Filme, Melhor Diretor para Tom Hooper, Melhor Ator para Colin Firth e Melhor Roteiro Original, ou seja, faltou apenas o de Mehor Atriz, para a fita entrar no seleto hall de filmes que venceram os 5 principais prêmios do Oscar, o que o uniria a clássicos como Aconteceu Naquela Noite, Um Estranho No Ninho e O Silêncio Dos Inocentes, os três únicos filmes a alcançarem tal façanha.

A Origem também levou 4 prêmios, porém mais no quesito técnico, deixando A Rede Social com apenas 3 estatuetas. As outras estatuetas foram se dividindo entre os outros filmes, com destaque para Bravura Indômita que para minha surpresa, saiu da premiação de mãos vazias. Como surpresa, coloco a vitória de Tom Hooper como melhor diretor, já que mesmo ele tendo vencido o prêmio do sindicato, acreditava em David Fincher e torcia por Darren Aronofsky, levando-se em conta que considero o trabalho dos dois últimos mais ousado e interessante que o do vencedor da estatueta. O momento mais incrédulo da cerimônia para mim foi o prêmio de Trilha Sonora. Por mais que eu já esperasse a vitória de A Rede Social, eu ainda tinha uma esperança de que a pior das 5 trilhas indicadas não vencesse, porém venceu. Do resto, uma insatisfação aqui, outra preferência ali, mas tudo dentro dos conformes, com direito a comemoração pela vitória de O Discurso do Rei, não que ela seja o meu favorito, mas eu o prefiro perante ao filme do Facebook.


Melhor filme

Cisne Negro
O Vencedor
A Origem
O Discurso do Rei – VENCEDOR
A Rede Social
Minhas Mães e meu Pai
Toy Story 3
127 Horas
Bravura Indômita
Inverno da Alma

 Melhor diretor

Darren Aronovsky – Cisne Negro
David Fincher – A Rede Social
Tom Hooper – O Discurso do Rei – VENCEDOR
David O. Russell – O Vencedor
Joel e Ethan Coen – Bravura Indômita



Melhor ator

Jesse Eisenberg – A Rede Social
Colin Firth – O Discurso do Rei – VENCEDOR
James Franco – 127 Horas
Jeff Bridges – Bravura Indômita
Javier Bardem – Biutiful



Melhor atriz

Nicole Kidman – Reencontrando a Felicidade
Jennifer Lawrence – Inverno da Alma
Natalie Portman – Cisne Negro – VENCEDORA
Michelle Williams – Blue Valentine
Annette Bening – Minhas Mães e meu Pai


Melhor ator coadjuvante

Christian Bale – O Vencedor – VENCEDOR
Jeremy Renner – Atração Perigosa
Geoffrey Rush – O Discurso do Rei
John Hawkes – Inverno da Alma
Mark Ruffalo – Minhas Mães e meu Pai


Melhor atriz coadjuvante

Amy Adams – O Vencedor
Helena Bonham Carter – O Discurso do Rei
Jacki Weaver – Animal Kingdom
Melissa Leo – O Vencedor – VENCEDORA
Hailee Steinfeld – Bravura Indômita


Melhor longa animado

Como Treinar o Seu Dragão
O Mágico
Toy Story 3 – VENCEDOR


Melhor filme em lingua estrangeira

Biutiful
Fora-da-Lei
Dente Canino
Incêndios
Em um Mundo Melhor – VENCEDOR


Melhor direção de arte

Alice no País das Maravilhas – VENCEDOR
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I
A Origem
O Discurso do Rei
Bravura Indômita


Melhor fotografia

Cisne Negro
A Origem – VENCEDOR
O Discurso do Rei
A Rede Social
Bravura Indômita


Melhor figurino

Alice no País das Maravilhas – VENCEDOR
I am Love
O Discurso do Rei
The Tempest
Bravura Indômita


Melhor montagem

Cisne Negro
O Vencedor
O Discurso do Rei
A Rede Social – VENCEDOR
127 Horas


Melhor documentário

Lixo Extraordinário
Exit Through the Gift Shop
Trabalho Interno – VENCEDOR
Gasland
Restrepo


Melhor documentário em curta-metragem

Killing in the Name
Poster Girl
Strangers no More – VENCEDOR
Sun Come Up
The Warriors of Qiugang


Melhor trilha sonora

Alexandre Desplat – O Discurso do Rei
John Powell – Como Treinar o seu Dragão
A.R. Rahman – 127 Horas
Trent Reznor e Atticus Ross – A Rede Social – VENCEDORES
Hans Zimmer – A Origem


Melhor canção original

“Coming Home” – Country Strong
“I See the Light” – Enrolados
“If I Rise” – 127 Horas
We Belong Together – Toy Story 3 – VENCEDOR


Melhor Maquiagem

O Lobisomem – VENCEDOR
Caminho da Liberdade
Minha Versão para o Amor


Melhor Curta-metragem de animação

Day & Night
The Gruffalo
Let’s Pollute
The Lost Thing – VENCEDOR
Madagascar, Carnet de Voyage


Melhor Curta-metragem

The Confession
The Crush
God of Love – VENCEDOR
Na Wewe
Wish 143


Melhor Edição de som

A Origem – VENCEDOR
Toy Story 3
Tron – O Legado
Bravura Indômita
Incontrolável


Melhor Mixagem de som

A Origem – VENCEDOR
Bravura Indômita
O Discurso do Rei
A Rede Social
Salt


Melhor Efeitos especiais

Alice no País das Maravilhas
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I
Além da Vida
A Origem – VENCEDOR
Homem de Ferro 2


Melhor Roteiro adaptado

A Rede Social – VENCEDOR
127 Horas
Toy Story 3
Bravura Indômita
Inverno da Alma


Melhor Roteiro original

Minhas Mães e meu Pai
A Origem
O Discurso do Rei – VENCEDOR
O Vencedor
Another Year

VENCEDORES DO FRAMBOESA DE OURO 2011


Não deu outra, desta vez o diretor M. Night Shyamalan não escapou das garras do Framboesa de Ouro, e após perder por A Dama na água e Fim dos Tempos, levou por O Último Mestre do Ar, seja na categoria pior filme, pior roteiro, pior uso do 3D, pior ator coadjuvante ou na de pior diretor, é só escolher. Destaque também para a premiação para Sex And The City 2. Confira abaixo a lista dos vencedores:


Pior Filme
 O Último Mestre do Ar

Pior Diretor
M. Night Shyamalan (O Último Mestre do Ar)

Pior Ator
Ashton Kutcher (Par Perfeito e Idas e Vindas do Amor)

Pior Atriz
Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Cynthia Nixon e Kristen Davis (Sex and the City 2)

Pior Ator Coadjuvante
Jackson Rathbone (O Último Mestre do Ar e A Saga Crepúsculo: Eclipse)

Pior Atriz Coadjuvante
Jessica Alba (O Assassino em Mi, Entrando numa Fria Maior Ainda com a Família, Machetee Idas e Vindas do Amor)

Pior Roteiro
O Último Mestre do Ar

Pior Casal ou Elenco
Elenco de Sex and the City 2

Pior Prelúdio, Remake, Sequência ou Plágio
Sex and the City 2

Pior 3D de Arrancar os Olhos
O Último Mestre do Ar

sábado, 26 de fevereiro de 2011

UMA FAMÍLIA AMERICANA


Ao terminar de assistir a fita em questão, Uma Família Americana (2008), cheguei até mesmo considerar que talvez eu não tivesse entendido realmente o filme, pois ele me deixou com uma estranha sensação de vazio. Refleti e cheguei a conclusão que é o filme que tem problemas mesmo (apesar de não descartar totalmente a primeira possibilidade).

É o segundo filme de Craig Lucas como diretor e, por incrível que pareça, apesar do bom elenco, é ele quem nos proporciona o pouco que se pode elogiar no filme. Sendo o gênero da fita comédia/drama, Lucas consegue enquadrar perfeitamente as cenas, determinando cada temperamento do gênero supracitado com seus closes em partes ou detalhes que demonstram bem o humor dos personagens.

Mas, anterior a exposição dos meus argumentos contra o filme, acho necessário um breve resumo do roteiro. A história gira em torno de três irmãos que perderam o pai e em seguida a mãe, obrigando o mais velho, de dezoito anos, a cuidar da irmã de doze e o irmão de sete. Já adultos, a família apresenta algumas séries de disfunções mentais, sexuais e intestinais. O irmão mais velho (Matthew Perry), que apresenta o último problema que vos falei, ainda sente-se o responsável pela família, e procura ser estável em sua vida financeira puxando o saco do vizinho e “amigo” que poderia arranjar uma posse do cargo de física, na faculdade em que ele trabalha. Já sua irmã (Ginnifer Goodwin) é uma fotógrafa mal-sucedida, possuidora de insônia e problemas sexuais. O mais novo (Ben Foster) é inconstante: de repente vira Vegan, de repente é casado, de repente começa a querer tocar pessoas na rua. A partir dessas características, o desenrolar da história consiste na tentativa de convivência dos três, superando seus problemas e até mesmo se ajudando.

O roteiro não é nada original, é recheado de clichês, não há construções argumentativas ou diálogos realmente interessantes, envolventes ou intricados, não há personagens simpáticos ou que sequer chamem a atenção do espectador, ou seja, além daquele mais do mesmo (a típica família com problemas), ele nem nos diverte, nem nos dá raiva, simplesmente não há emoção nenhuma.

Como já explanei, o elenco é bom, além dos atores já citados, incluem-se Lauren Graham e Hilary Swank, todavia, não há nenhuma notável atuação e nem uma harmonia entre eles. Apesar do diretor quase inexperiente conseguir fazer seu papel dentro do patamar esperado, é aquele típico filme que quando acaba você pensa: Tá, mas... e daí? É um filme que varia entre o mediano e o ruim.

Birds of America (2008)


NOTA: 4,5

OS INDICADOS AO OSCAR DE MELHOR CANÇÃO

Muitos filmes entraram para a história do cinema por suas músicas - Top Gun, Dirty Dancing, Flashdance, A Dama de Vermelho, O Sol da Meia-Noite – todos vencedores do Oscar de melhor canção original. Mas nos últimos anos, a Academia vem indicando ao prêmio músicas pouco conhecidas de filmes independentes e a categoria perdeu o status de antigamente. É difícil lembrar algum vencedor marcante do Oscar de melhor canção nos últimos anos. Essa tem sido a categoria com o maior número de zebras. Vide as vitórias de filmes como 8 Mile – Rua das Ilusões, Diários de Motocicleta e Ritmo de um Sonho. Este ano, as canções indicadas são de filmes um pouco mais populares, mas nenhuma delas realmente se destaca como grande favorito. O vencedor do Globo de Ouro esse ano, Burlesque, sequer foi indicado, o que torna a categoria ainda mais imprevisível esse ano:

“Coming Home” – do filme Country Strong: é o filme menos conhecido entre os indicados, portanto, o azarão do ano. Mas é a canção mais consistente. Eu diria que o filme tem chances de ganhar aqui porque o gênero country tem ganho espaço nesta categoria nos últimos anos. “The Weary Kind” de Coração Louco ganhou no ano passado e “I Need to Wake Up”, do filme Uma Verdade Inconveniente ganhou em 2008.

“I See the Light” – do filme Enrolados: é a mais brega das músicas. Se vencer, será em consideração ao compositor Alan Menken, que tem no currículo canções de clássicos como A Pequena Sereia, A Bela e a Fera e Aladdin.

“If I Rise” – do filme 127 Horas: A.R. RAhman ganhou dois Oscars há apenas dois anos com Quem quer ser um Milionário?, logo ele dificilmente vai ganhar desta vez. É uma pena que de uma trilha tão frenética e animada ao longo do filme, tenha sido indicada justo a música mais parada. Apesar de ser executada pela cantora Dido na versão original, a Academia convidou a cantora Florence Welch, da banda Florence and the Machine para tocar a música durante a cerimônia.

“We Belong Together” – do filme Toy Story 3: tem grandes chances de ganhar devido a todo o hype em torno do filme. Também é uma chance da Academia premiar um dos melhores compositores em atuação na indústria do cinema atualmente: Randy Newman.

A LETRA QUE MATA


Fãs de cinema são seres complicados, pois possuem uma ideia de que devem assistir tudo o que aparece em sua frente, ainda mais quando se trata de seres que se metem a críticos, como este que vos fala. Todavia, esta mania, em alguns momentos faz com que você se depare com coisas interessantes, e que por mais que não sejam clássicos da sétima e nem filmes de qualidade indiscutível, são fitas com ideias interessantes e não totalmente descartáveis, e este é o caso de A Letra Que Mata.

Inicialmente, o filme parece uma mistura incompatível, já que é um suspense religioso; isso mesmo, o filme é recheado de temáticas cristãs, e é assumidamente religioso, porém é um suspense, com tudo o que o gênero tem direito, e inclua aí, perseguições, discussões acaloradas, assassinatos bizarros e a sangue-frio, crimes absurdos, trilha sonora estilo O Exorcista e por aí a fita se constrói, se utilizando dos clichês de um gênero muito interessante, para passar sua mensagem religiosa e particularmente cristã.

O problema deste tipo de filme, é que ele trabalha de forma meio amadora, e isto faz com que tenhamos elementos bem fraquinhos. As atuações não convencem muito, e esbarram em "dramalidades" desnecessárias, caretas malévolas, "chororôs" e desconstruções inviáveis e ruins. A direção dos irmãos Dawn´s (pessoas às quais eu não conheço trabalhos anteriores) é fraca, principalmente quando o assunto é o controle dos atores; já que quando o negócio é com a câmera, até dá pra se deixar levar, considerando-se o fato de algumas cenas serem até bem feitinhas e bem conduzidas, como os cortes de câmera da cena de perseguição que ocorre entre dois personagens dentro da igreja e por debaixo de seus bancos, porém tirando isso, o resto é coisa comum, é por que não dizer um pouco displicente. A trilha sonora é hiper clichê, e em alguns momentos deslocada. A mixagem de som e o próprio som em si, são gritantemente ruins, além da fotografia embaçada e que não aproveita a paisagem florestal e campal dos locais onde se passa o roteiro, e por falar neste último, temos aqui um argumento que esbarra em alguns clichês, mas que tem uma função clara, e que por mais que doa em alguns, consegue passar sua mensagem, mas fique tranquilo, o fato de você se incomodar um pouco com isso, não o transforma em um enviado de Satanás como acredita a vilã do filme, ou seria a mocinha do filme? Isso aí vai da interpretação de cada um, mas já vou lhe avisando, o filme é uma intenção de louvor e evangelização, que contém elementos cinematográficos mais comuns pelas entrelinhas, e interpretações mais enrustidas e detalhadas e por que não dizer conspiratórias, vai da capacidade de aceitação do argumento em cada espectador, ou seja, religiosos aceitarão o filme de uma maneira melhor que não-religiosos, e isto não é crítica e nem elogio, mas apenas características de espectadores que a fita pode produzir.

O filme gira em torno de uma pequena comunidade Batista no EUA, e seu novo pastor e esposa, que ao chegarem se deparam com uma fanática religiosa e seu filho alienado pelas concepções da mãe. A fanática Pat (em uma interpretação cheia de caretas da atriz Jackie Prucha) , dedica sua vida a igreja, e por isso se acha dona dela. Entretanto, suas concepções sua hiper redicais, se colocando contra todo o tipo de influência mais mundana, inclua aí, televisão, jovens mais desleixados, concepções mais abertas e coisas assim. Seu filho Elias, é marcado pela rigidez da mãe, enquanto que eu não preciso nem dizer, que o pastor e sua esposa, possuem uma mente mais aberta e se veem envolvidos em uma trama maquiavélica conduzida por Pat para aniquilá-los e eliminar a presença de Satã de sua igreja. 

Tendo em mente este eixo central, os aspectos de suspense se desenvolvem em meio a citações bíblicas e lições de moral baseadas na religiosidade. O que me parece é que os irmãos Dawn´s (que também escreveram o roteiro), tem a clara intenção de contrapor o religioso radical contra o religioso mais aberto, e o filme toma partido a favor deste segundo grupo, e o acaba mostrando como verdadeiros cristãos, enquanto estes radicais deturpariam o sentido de Deus e da igreja, em um movimento quase de o escravo se torna mestre, o que é perigosíssimo, já que são ambas mentalidades e que disputam o modo de conduzir pessoas.

Como não sou religioso, analisei o filme sem tomar partido, e devo admitir, que o roteiro te prende, e que mesmo as falhas técnicas não o desviam dele, mas quando alcançamos o final, que também é bem clichê, a sensação de apologia, no leva a pensar qual a diferença entre as duas correntes, talvez o fato de que uma mate e a outra não? Mas a mais radical não matava até precisar e a outra ainda não precisa, já que sua mentalidade se englobe ao mundo contemporâneo. A verdade, é que a discussão é interessante, e não me lembro de um filme que discuta isso entre estilos religiosos, já que normalmente é o religioso contra o não-religioso, ou ainda, entre religiões diferentes, agora a mesma tentando se auto-renovar e se adaptar ao mundo e mostrando isto em filme, pelo menos para mim é algo novo, e mesmo com o caráter apologético, tem seu valor. Como eu disse, não é genial e nem revolucionário, mas entretêm bem, mas precisa ser assistido por pessoas com uma mente mais aberta e livre de preconceitos, ou pelo menos, um pouco menos preconceituosa.



NOTA: 5,0

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Apenas os pobres de espírito dormem assistindo SOLYARIS


Há quem diga que encarar as longuíssimas cenas de abertura do Tarkovsky é exercer o direito inexorável de babar, abrir a bocarra-de-lobo e deixar a saliva ajuntar-se até que transborde deleitosamente pelos lábios, empoçando a gola da camisa de hálitos e escarros. Elas, as gentalhas (hoje parece que chamam isso de twitter), estão certas e não faltaram com a verdade em nenhum momento. Por mais que seja um desrespeito ao cineasta-mito tal definição não é só uma das mais universais do cinema, mas também uma prova viva de que muitas vezes duma mordaz estupidez pode vazar um raro exemplar de sabedoria acidental. Aqui babar é realmente um processo inevitável, quer você goste ou não do filme.

Considero a existência de dois estados físicos de boca tarkovskiana que ocorrem ou deixam de ocorrer mediante a grandeza espiritual dos interlocutores: no idiota a baba parece se manifestar em sinal “do sono e cansaço que o compasso lento e bucólico que a fita impõe ao espectador”. Noutros casos a baba é suscitada em seu sentido de máximo desejo, líquido elementar da paixão, de mesma grandeza ardente que faz um louco cuspir-se jocosamente por horas fitando uma parede absurda de hospício. Eu sempre me considerei portar a segunda categoria de boca molhada apesar de, admito, ter esboçado de leve o primeiro tipo se contarmos todos os meus contatos com o diretor.

Assistir Tarkovsky é um religioso exercício, uma ginástica de alma, uma maratona de pálpebras; é quase como ir à missa todos os domingos na expectativa de conseguir – dentre infindáveis sermões monótonos e padres pedófilos – uma única epifania estigma que faça tudo aquilo valer à pena. Apesar de difícil Solyaris consegue ser genial até mesmo quando é lento e aparentemente omisso, lindíssimo mesmo quando compenetrado em imagens de rios & pasto & estradas & rios & rios mais uma vez. Isso se dá pela vastidão de significados e presenças ocultas que cada frame da película carrega. Seu trunfo resvala justamente na complexidade dos pormenores; e se a fé é a menor partícula da alma não haveria como julgar tais cenas desnecessárias para a construção metafísica da obra. Afinal se falamos de Tarkovsky falamos de nenhuma outra coisa se não da fé.

“A humanidade era feliz enquanto nas dispensas de cozinha habitava um gnomo, que em cada igreja habitava um Deus” – diálogo de Stalker (Andrei Tarkovsky, 1969).

É um tanto quanto estranho estrear num blog após uma deliciosa review de Religulous, que é possivelmente a antítese de toda esta espiritualidade por onde Solyaris se aventura. No entanto é imprescindível diagnosticar a diversidade da fé num e noutro. ‘Uma das principais diferenças que separa o homem das culturas arcaicas do homem moderno reside na incapacidade deste último para viver sua vida orgânica (em primeiro lugar a sexualidade e a nutrição) como um sacramento. Nada são senão atos fisiológicos para o moderno, embora sejam, para os homens das culturas arcaicas, sacramentos, cerimônias cuja meditação serve para comungar com a força que representa a própria vida. Esta ligação mínima deixou de existir, mas reaparece no moderno de forma um tanto complexa, quando este discute a si mesmo e o seu universo.’ Esqueça, portanto, do pedantismo dogmático, a cristandade hipócrita, os “venha a nós o vosso reino” e os profetas do dim-dim porque por cá o buraco é mais embaixo.
Cena final de Solyaris e a pintura "O Filho Pródigo" de Rambrandt

O filme, baseado no livro homônimo de Stanisław Lem, foi tido na época de seu lançamento como uma resposta soviética ao vazio cientificista de 2001 uma Odisséia no espaço. E mesmo com toda a propaganda política por de trás do embate o objetivo de Tarkovsky era realmente discutir a humanidade usando a ficção científica apenas como plano de fundo, e não o inverso como era habitual – objetivo conquistado apenas alguns anos depois com Stalker, na obra que infelizmente custou-lhe a vida.

Solyaris é o nome de um planeta cujo oceano é, surpreendentemente, um gigantesco ser vivo alienígena de capacidades incalculáveis, de modo que muitos o tomaram por um fragmento de Deus. A dúvida que movimentava a sociedade científica em torno da Solarística era descobrir como e em quê aquela massa amorfa pensava, qual era seu princípio ou razão, vontades e desejos. No entanto a tentativa de humanizar o corpo celeste sempre falhou, desde os estudos primórdios. Apesar de muitos esforços nunca conseguiram estabelecer qualquer tipo diálogo com ele. O planeta que vive mais parece morto, ignorava tudo e a todos. Sob a perspectiva humana Solyaris era um colosso multicelular totalmente débil, aprisionado num monólogo que duraria para todo sempre. Sua capacidade de raciocínio era tão elevada que sua mente havia se enclausurado em si mesma como ocorre nalguns casos de autismo. Ele fazia as perguntas e às respondia por ele mesmo, vivia em si e para si, era evidentemente um Deus autista.

A humanidade havia quase desistido de estabelecer contato até que Kelvin (interpretado por Donatas Banionis), um psicólogo, é chamado à Estação Solyaris para investigar a saúde mental dos poucos cientistas que ainda restavam estudando o misterioso planeta. Neste novo Édem ele descobre que o oceano de alguma forma era capaz de penetrar-lhes a mente materializar pessoas ou situações presentes nela. E não é só isso; por alguma razão ele revivia aquelas guardadas nos locais mais recônditos da memória, ou melhor, os registros mais humilhantes e tenebrosos da memória.

“Pense numa barbaridade ou um crime que você tenha imaginado por alguns segundos de sua vida lúcida. Algo repugnante, assustador que tenha passado pela sua cabeça num único milésimo de segundo. Imagine agora que em Solyaris algo possa transformar essa fantasia de momento em nalgo real, vivo.”

A partir disso o filme desemboca na relação dos tripulantes com seus fantasmas (suas histórias de amor, culpas e perversões) e de Solyaris descobrindo aos poucos a humanidade através de Kelvin. É obvio que exista muita coisa para se inferir neste processo miolo até a antológica cena do final (esta sim digna de torreões de baba: baba eu, baba você, baba as aulas de tela gráfica, baba literalmente Solyaris, baba baby). No entanto me abstenho de qualquer prolongamento sob a imprudência de cometer muitos spoilers. Afinal nos testes de Pavlov usavam a campainha, e não o prato de comida em si para que já se babassem os cães.

Solyaris (Andrei Tarkovsky, 1972)


NOTA: 10, 0

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O ICENEMA MUDOU!

Bom, como já foi adiantado por meu amigo Guilherme em seu primeiro post, o ICENEMA mudou, e com certeza mudou para melhor. Manter um blog sozinho é extremamente complicado, e ao longo destes dois anos, recebi ajuda extra-oficial de minha namorada Tamara para tocá-lo,entretanto ainda não estava satisfeito, e já havia muito tempo que tinha a intenção de transformar o ICENEMA em uma equipe, o que finalmente aconteceu. Além da oficialização da Tamara como membro ativo do ICENEMA, unem-se a nós dois outros cinéfilos e amigos para transformarem o ICENEMA em um blog muito mais presente, atual, diferenciado e portador de diversas opiniões para atingir a todo tipo de público, no caso, Ciro e Guilherme. O ICENEMA então agora é composto por 4 membros que possuem em comum a paixão pelo cinema e a vontade de repassá-la em toda a sua potência a outros amantes da sétima arte. Sejam bem-vindos e que o ICENEMA melhore cada dia mais.

O SOLTEIRÃO


Devido ao título infeliz escolhido pela distribuidora brasileira e com Ben Stiller - um dos mestres do humor de mau gosto - como protagonista do filme, O Solteirão, à primeira vista, deve espantar espectadores com algum bom senso. Mas não se deixe enganar. Greenberg (título original do filme, que se refere ao sobrenome do personagem principal) é uma crônica inteligente sobre a manifestação do egoísmo no ser humano. Uma frase muito dita no filme é “pessoas machucadas machucam pessoas” (“hurt people hurt people” – no original). Essa premissa justifica toda a história do filme.

Trata-se do novo trabalho do ainda desconhecido, mas promissor, cineasta Noah Baumbach. Responsável pelo ótimo A Lula e a Baleia (que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor roteiro original em 2006), o diretor traz um personagem fascinante. Em A Lula e a Baleia, Baumbach discutia o egoísmo contando a história de um casal que passava por um divórcio, deixando à deriva os filhos, que desenvolviam fobias sociais e desvios de caráter no desenrolar do processo de separação. Em Greenberg, esses princípios são discutidos por meio de um quarentão em crise de meia idade que está repensando a vida.

Roger Greenberg é um homem se vê aos quarenta trabalhando como carpinteiro até ser internado em uma clínica psiquiátrica. Quando liberado, ele decide passar umas semanas na mansão em Hollywood que pertence ao irmão, que foi passar as férias no Vietnã. Nesse período, o objetivo dele é se reconectar com antigos amigos e, como ele mesmo defende a toda hora: “não tentar fazer mais nada”. 

Greenberg é extremamente egocêntrico e inconveniente. A maioria de suas falas são carregadas com tom de crítica e ele sempre se mostra indiferente ao que as pessoas falam, sem se preocupar com os sentimentos dos outros. Mas ele carrega um ar de melancolia e certo carisma que cativa as pessoas e as convencem a fazer o que ele quer. O personagem é uma criação original e inspirada. O fato de ele não saber dirigir e precisar a toda hora que as pessoas lhe deem carona, ter o hobby de mandar cartas de reclamação a empresas prestadoras de serviços com queixas absurdas e o desespero em impor seu gosto musical sobre os outros são apenas alguns dos trejeitos que o fazem tão verossímil. O que Greenberg não esperava era se apaixonar pela empregada do irmão, Florence (a revelação Greta Gertwig – aliás, o que falta de beleza à atriz, sobra em interpretação). 

O principal atrativo do filme é o relacionamento destrutivo em que ele arrasta a pobre garota. Ela é exatamente o oposto do amado, e apesar de sempre estar sendo esnobada, se livra de qualquer orgulho e está sempre pronta para ajudar Greenberg. Cabe a ela despertar algum tipo de altruísmo no protagonista. Se ela de fato consegue, o filme sugere isso de uma maneira bem sutil. Greenberg não está muito preocupado com o que os outros pensam.

O Solteirão (Greenberg, EUA 2010)


NOTA: 7,5

CARAS NOVAS

Como podem ver, a partir de agora, o ICENEMA conta com dois novos colaboradores. Vou tomar a dianteira e me apresentar primeiro. Meu nome é Guilherme Costa, 20 anos, natural de Londrina - PR. Sou estudante de jornalismo e apaixonado por cinema. Diferente do Iceman, sou um entusiasta da tecnologia, adoro ver um filme em 3D e comprar uma HDTV e um BlueRay Player estão em meus planos futuros. Mais ainda acredito que o melhor efeito sonoro que um filme pode ter é um bom diálogo nas bocas de bons atores. Espero que gostem das resenhas. Vem aí a primeira: Greenberg.

OS CANDIDATOS AO OSCAR DE MELHOR FILME - PARTE FINAL

Os leitores devem ter percebido que nos últimos dois posts que dediquei a comentar os candidatos ao Oscar de Melhor Filme que será entregue no domingo próximo (25/02/2011), englobei 8 dos 10 totais candidatos, ou seja, restam ainda 2. Estes dois são, então, os grandes favoritos e aqueles que tem reais chances de receber a estatueta e se consagrar o melhor filme de 2010 (tá certo!). Bom, vamos aos dois candidatos, lembrando novamente que meus comentários são pessoais e podem divergir dos leitores e este tipo de coisa.


OS FAVORITOS


A REDE SOCIAL


O filme do Facebook talvez ainda seja o grande favorito da noite, apesar de ter perdido força nos últimos tempos com os prêmios dos sindicatos e com a própria crítica. Eu particularmente acho que a fita de David Fincher deve vencer, o que na minha opinião é uma injustiça. Eu não consegui encontrar toda a genialidade que alguns dizem que A Rede Social possui, e o acho um filme vazio, frio, distante e que trabalha apenas com aparatos técnicos e um roteiro, que apesar de bom, é muito duro, e se utiliza de uma sociedade ignorante para se impor. Muitas pessoas que entendem de cinema e com quem converso argumentam que eu não consegui captar o caráter crítico de David Fincher e seu filme; admito que isto pode ser verdade, mas eu não tiro da minha cabeça a ideia de que A Rede Social é uma apologia disfarçada de crítica, e eu não consigo gostar de filmes que apologizam uma geração estúpida como a do Facebook. Admito que tecnicamente e unindo também, o quesito roteiro, direção e atuações, o filme é praticamente perfeito, agora, na minha interpretação, falta feeling. É um grande filme, porém, não para mim, assim sendo uma nota 8 está de bom tamanho.


NOTA: 8,0



O DISCURSO DO REI


O filme do rei gago ganhou força com as premiações dos sindicatos e para muitos é o grande favorito de domingo. Não é o meu favorito dos 10, entretanto, se é para escolher entre este e A Rede Social, fico com O Discurso do Rei. Muitos dizem que falta ousadia e que o filme é feito para ganhar Oscar, sendo assim, que ganhe então, já que dentro desta "quadradice", o filme do diretor Tom Hooper funciona brilhantemente bem, se apoiando em um roteiro preciso e gostoso, aliado a interpretações estupendas, principalmente da dupla Colin Firth e Geoffrey Rush. Recebeu críticas por não buscar adentrar a questões históricas envolvendo o rei George VI e seus flertes pró-nazismo, o que eu vejo de uma forma muito estranha, já que me parece claro que o filme não tem esta intenção. O que está em jogo é o rei humano, e sua superação para exercer aquilo que lhe cabe, ou seja, o aspecto histórico é apenas um pano de fundo para uma questão mais humanista, coisa que o cinema já fez muitas vezes. A verdade é que O Discurso do Rei é um filme belíssimo, com grande força, atuações impressionantes e para completar um trilha sonora que dispensa comentários. Pode até não ser o melhor filme do ano (e realmente não é), mas é melhor que A Rede Social.


NOTA: 9,0

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

RELIGULOUS



Antes de começar a ler este pequeno relato sobre Religulous, dê uma boa olhada no pôster do filme. Fez isso? Bom, se mesmo assim você não captou qual a real intenção do documentário, então recomendo que sua leitura pare por aqui, pois você dificilmente haverá qualquer assimilação com o conteúdo tanto da crítica e muito menos do filme; todavia, se você captou a ideia e se sentiu instigado a entender o real sentido de uma imagem tão cativante e ao mesmo tempo provocativa, seja bem-vindo para embarcar na viagem de Religulous com todo o veneno e audácia que o filme proporciona.

O documentário é "apresentado", por assim dizer, pelo apresentador de talk show estadunidense Bill Maher, que é provavelmente um dos ateus mais radicais e conhecidos do mundo todo e dirigido por Larry Charles, que dirigiu nada mais nada menos que os dois filmes de Sascha Baron Cohen, citando-os temos o ótimo Borat e o exagerado e famigerado Brüno. A combinação é exótica e proporciona um resultado também e exótico, arrebatador, polêmico, e que transita de momentos brilhantes e bem construídos para momentos complexos e por segundos ofensivos, mas sem perder em nenhum momento seu foco principal: as religiões e a fé são problemas grandiosos e se o mundo quiser prosseguir e alcançar sua plenitude, o ser humano deve se racionalizar e abandonar estas fantasias causadoras de violência e tantas outras maldades; justo algo que deveria proporcionar por essência, apenas o bem.

Dito isto, começamos a adentrar melhor nas nuances da obra. Maher não tem meio termo: toda religião e todo tipo de fé é ruim, e de certo modo deturpa o ser humano, premissa à qual eu concordo e muito, afinal assim como Maher também aceita, basta qualquer análise mais aprofundada de tudo o que já nos foi proporcionado pelos "religionismos" do mundo e concomitante a isso, uma formulação mais clara das funções religiosas e do papel exercido pela mesma na história contrapondo-as com o real papel que deveriam ter exercido. Todavia, acredito que em alguns momentos Maher escorrega e se utiliza de argumentos um pouco forçados e sem muito fundamento, o que acaba não prejudicando o resultado final, já que isto é minoria. 

Logicamente, que a tolerância de Maher se mostra maior que a dos religiosos, e mesmo com argumentos gritantes em alguns momentos, nos deparamos com um homem que está interessado em entender e questionar algo que os próprios envolvidos na questão não o fazem, ou seja, a grande sacada de Maher (seja ela proposital ou não) é mostrar ao espectador, quão grande pode ser a ignorância e a intolerância de pessoas envolvidas neste meio, chegando ao ponto de que as únicas questões colocadas aos religiosos veem de fora, e os colocam normalmente em situações embaraçosas, pois não sabem lhe dar com a capacidade do ser humano de pensar.

O humor negro e venenoso de Maher dá ao documentário um clima todo diferente, e o transforma em uma fita ao mesmo tempo leve e gostosa de assistir, agora devo advertir novamente, que Maher e Charles não poupam ninguém, ou seja, todas as grandes religiões do mundo são colocadas como alvo, assim como seus praticantes, e como todo bom alvo, recebem flechadas de todas as formas e de todos os lados, sendo, por sua vez, estas flechadas em alguns momentos perfeitamente encaixadas e em outros meio exageradas e por que não dizer desrespeitosas. Desrespeitosas?


Desrespeito não seria o fato de um documentário, que é no mínimo extremamente interessante não chegar ao circuito comercial brasileiro, limitando-se então a cinéfilos que passam horas na internet a buscar filmes mais alternativos? Qual seria o motivo para tal ação? O mesmo motivo que levou Agora de Alejandro Amenábar a não ser lançado também? O mesmo motivo que proibiu na década de 80 o filme Je Vous Salue, Marie do diretor francês Jean-Luc Godard e que criou um alvoroço no lançamento de A Última Tentação de Cristo de Martin Scorcese e mais recentemente no lançamento de Dogma do diretor Kevin Smith? Umas das grandes ilusões do brasileiro é a de que vivemos em um país democrático e laico, acreditando que tudo e todos são tratados da mesmo forma independente de religião e coisas assim; porém, qualquer pessoa que consiga um brilho de lucidez na análise de algumas práticas de nosso país consegue perceber que isto é uma bela mentira, talvez não tão grande quanto a que Maher analisa em seu documentário, contudo, a união das duas transforma o Brasil em um país falso e bem maquiado, já que poucos percebem isto. 

Talvez o filme pudesse ser um pouco mais leve, e trocar, de vez em quando, sua ironia e humor por uma visão mais séria, porém é apenas um detalhe, pois o documentário vai fundo na questão, o que o torna acessível a pouquíssimas pessoas, e fico extremamente feliz por ser uma delas, e ficaria mais feliz ainda se você leitor, também fosse, sem apologia nem nada, apenas pela inquietação e pela necessidade de não abaixar a cabeça para tudo, concordando ou não com a fita em questão.


NOTA: 9,0

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A TROCA


Demorei um pouco mais de 2 anos para resolver encarar este drama sobre uma mãe que tem seu filho sequestrado e que se vê envolvida em uma trama policial, que se utiliza de sua tragédia para tentar amenizar as duras críticas que a corporação vem recebendo. Bom, em primeiro momento, quando lemos esta pequena sinopse acima, um pouco clichê, mas também instigante e com alguns toques originais, vem em nossa cabeça aqueles dramas exagerados, cheio de gritos, lágrimas e muito desespero, e A Troca segue bem este caminho, porém tem um diferencial gigantesco e que dá um toque todo especial a este filme, e este diferencial atende pelo nome de Clint Eastwood.

É impressionante a capacidade que este homem tem em transformar o mais do mesmo em algo diferente e cativante. No mesmo ano de Gran Torino, que já fazia este papel, A Troca vem para se utilizar dos clichês de um estilo difícil e que exige muito tanto do roteiro quanto da direção e dos atores, e aí estava o motivo pelo qual demorei 2 anos para ver o filme. Apesar de John Malkovich no elenco, a presença de Angelina Jolie no papel de uma protagonista que sempre me passou a imagem de uma personagem difícil não me atraiu nem um pouco. Entretanto, eu esqueci que era um filme de Eastwood, e que se existem poucos diretores que poderiam fazer Jolie atuar de verdade, um destes é nosso bom e velho amigo Clint.

Angelina Jolie entrega a Eastwood e a nós a melhor interpretação de sua carreira (tudo bem, eu admito, não era algo muito difícil de fazer), mas não apenas em curto tempo, mas em uma esfera macro em todos os sentidos. Ela conseguiu deixar para trás a maioria de suas caretas, de seus tiques e se livrou, pelo menos por uns instantes, de todo aquele ar de ser superior que ela ostenta em seus personagens, mesmo quando não tem nada a ver com o mesmo. O elenco secundário "carrega o piano" de forma precisa e John Malkovich é sempre uma presença agradável ( ou melhor, quase sempre, mas neste caso é sim).

A direção de Clint Eastwood é milimétrica, detalhista e super gentil, como se o diretor conduzisse o espectador pela mão, mostrando com rara atenção todas as minúcias e detalhes de um roteiro árduo, mas que se transforma em uma experiência super válida, devido a toda este carinho com o qual Eastwood trata a fita e o seu espectador. O roteiro é bem interessante, e apesar de se segurar em pilares um pouco clichês, consegue acrescentar alguns elementos no meio do contexto que o deixam um pouco diferente, com apenas a ressalva de que o final poderia ou ser totalmente aberto, ou totalmente fechado, já que ficou uma dúvida meio forçada e um pouquinho chata, pra dizer a verdade. Agora, verdade seja dita, é incrível o modo como o roteiro consegue mexer com nossas emoções, fazendo com que o espectador experimente sensações antagônicas como ódio e amor, raiva e alegria, esperança e derrota, transitando sobre um trilho que parece  uma conspiração cruel e absurda, o que o transforma em um argumento no mínimo cativante. Destaque também para o excelente trabalho de cenografia, que consegue reconstruir com muito sucesso os EUA do final da década de 20 e início dos anos 30, principalmente nos figurinos e na fotografia um pouco dura, porém bem encaixada.

A Troca pode até não ser o melhor filme de Eastwood, e realmente não é, já que Sobre Meninos e Lobos, Os Imperdoáveis, Menina de Ouro e principalmente Gran Torino, são levemente superiores a este drama, entretanto, Eastwood novamente mostra o que o amor pelo cinema pode produzir, afinal não é todo mundo que com pouco mais de 80 anos de idade consegue nos entregar dois filmes por ano, ainda mais dois filmes de altíssimo nível como normalmente ele faz. Vale muito a pena, afinal Clint Eatswood parece vinho, quanto mais velho melhor, e conferir o trabalho de gênio como ele tem sempre um gosto especial.


NOTA: 8,5

domingo, 13 de fevereiro de 2011

VENCEDORES DO BAFTA 2011

"O Oscar Britânico", lançou seus vencedores e trouxe com este lançamento mais um degrau na subida de O Discurso do Rei para vencer também o Oscar de Melhor Filme, e desbancar A Rede Social, só como efeito de comparação; O Discurso do Rei venceu 7 Baftas e A Rede Social  levou apenas 3 prêmios. Mesmo o Bafta sendo britânico, assim como O Discurso do Rei, temos mais um indício de que dia 25 deste mês acontecerá algo bem parecido que o ano passado, quando Avatar iniciou a corrida do Oscar como franco favorito, venceu o Globo de Ouro, e depois foi perdendo força e viu Guerra Ao Terror levar todos os outros prêmios incluindo o Oscar. Bom agora é só esperar dia 25 e ver o que acontece. Confira a lista completa dos vencedores:

VENCEDORES DO BAFTA 2011


Melhor Filme
O Discurso do Rei

Melhor Diretor
David Fincher (A Rede Social)

Melhor Ator
Colin Firth (O Discurso do Rei)

Melhor Atriz
Natalie Portman (Cisne Negro)

Melhor Ator Coadjuvante
Geoffrey Rush (O Discurso do Rei)

Melhor Atriz Coadjuvante
Helena Bonham Carter (O Discurso do Rei)

Melhor Ator Revelação
Tom Hardy

Melhor Filme Britânico
O Discurso do Rei

Melhor Contribuição Britânica
J.K. Rowling e a série Harry Potter


Melhor Trilha Sonora
O Discurso do Rei, de Alexander Desplat

Melhor Filme de Curta-metragem
Until the River Runs Red

Melhor Curta de Animação
The Eagleman Stag

Melhor Edição de Som
A Origem

Melhor Edição
A Rede Social

Melhor Cabelo e Maquiagem
Alice no País das Maravilhas

Filme em Língua Não-Inglesa
Os Homens Que Não Amavam As Mulheres

Melhor Figurino
Alice no País das Maravilhas

Melhores Efeitos Visuais
A Origem

Melhor Roteiro Original
O Discurso do Rei, de David Seidler

Melhor Filme de Animação
Toy Story 3

Melhor Roteiro Adaptado
A Rede Social, de Aaron Sorkin

Melhor Fotografia
Bravura Indômita

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A CENTOPÉIA HUMANA


Terror com toques dramáticos, e um estilo "B" thrash com um toque de gore, A Centopéia Humana, ganhou o status de um dos mais polêmicos filmes dos últimos anos, devido ao seu caráter um pouco excêntrico e seus flertes com situações no mínimo inusitadas e que beiram a escatologia e geram sensações perturbadoras no espectador. Contudo, ao final de A Centopéia Humana, por mais que em alguns momentos sensações como as descritas acima apareçam, o filme não passa de um produto mal feito que tem a intenção de chocar e perturbar por atacado e de modo forçado, em outras palavras, A Centopéia Humana quer chocar e deixa isso bem claro, e eu particularmente acho que as coisas, quando fluem naturalmente se tornam mais interessantes.

Em linhas gerais a história é ao mesmo tempo bizarra e tirando uma coisinha aqui e outra ali que podemos chamar de originais, não encontramos nada de muito inovador não. Duas turistas americanas em visita à Europa, dirigiam-se para um festa quando o pneu do carro em que estão fura (jura???!!!), no meio do nada (sério?!!!), elas resolvem sair para procurar ajuda e encontram a casa de um cirurgião renomado, especialista na separação de gêmeos siameses. Esse cirurgião, que mais parece um cientista louco dos desenhos animados dos anos 70, as transforma em reféns para colocar em prática seu plano mirabuloso, unir três seres humanos (as duas turistas e um outro homem que ele capturou), através do canal gástrico, ou seja, boca de um no ânus do outro e assim sucessivamente.

Bom, a ideia de forma geral, é ao mesmo tempo bizarra, cruel e engraçada, porém totalmente impossível. Qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento em biologia, sabe que uma experiência desse tipo jamais daria certo. O segundo ponto, é que mesmo a ideia central sendo interessante, todo o desenvolvimento dela é muito clichê, e devido ao baixo orçamento, muito mal feita. Tá, muitos podem argumentar que a intenção do filme é ser thrash e gore, todavia, até mesmo para estes gêneros, o filme é mal feito, basta ver exemplos clássicos destes dois gêneros, como A Morte Do Demônio no primeiro ponto e A Mosca no segundo, que são filmes mais bem feitos e melhores, mesmo estando lá nos cada vez mais distantes anos 80.

Além disso, o filme esbarra em problemas seríssimos entre os seus desenvolvedores. O roteiro (falando mais um pouco dele), tem várias falhas, momentos desnecessários e se arrasta demais, deixando claro ao espectador que o alongamento das cenas por parte do diretor Tom Six, é para compensar uma história que se é contada em 40, no máximo 50 minutos, ou seja, o negócio dura 1 hora e meia por que forçaram o negócio ao máximo. Esse aspecto, mais um certo amadorismo e inexperiência do diretor acima citado, transformam a direção em algo muito fraco. Ela é cansativa, excessivamente dura, e fica cheia de movimentos, além de fechar muito os planos, o que gera outro problema, que é com certeza o pior de A Centopéia Humana, o elenco. Se eu fosse o diretor Tom Six, tentaria passar bem longe do rosto dos atores, pois um supera o outro em má qualidade. As atrizes que interpretam as turistas são sofríveis; os policiais que aparecem mais para o final do filme se unem a elas neste barco, algo com o qual eu particularmente não contava. O único que se salva um pouco é Dieter Laser que interpreta o "doutor maluco". Por mais que sua interpretação seja exagerada e já entrega o personagem no primeiro lance de olhar, comparado com os outros atores envolvidos no filme, o cara é quase de primeiro escalão.

A Holanda nunca foi um grande pólo cinematográfico, e pelo jeito da coisa deve continuar assim ( com exceção de O Silêncio do Lago que é um filmaço, se eu lembrar depois de mais algum bom filme holandês ou alguém lebrar me avise), já que A Centopéia Humana é um terror bem fraquinho, que não consegue tudo o que se propõe, além de não conseguir se definir muito bem quanto a gênero. O diretor Tom Six não nos deixa claro se o filme tem aquela veia cômica comum nos filmes de terror de uma linha mais "B", ou se o negócio desanda para momentos não muito agradáveis e coisas assim. 

A verdade é que A Centopéia Humana falha como terror, como drama, como ficção, como filme thrash e como filme gore; resumindo o negócio, mesmo com bons momentos, como as cenas da centopéia que tem um ar de bizarrice interessante, ou o final extremamente perturbador, o filme de Tom Six nada mais é do que um exagero de público, como muitos outros que existem por aí.


NOTA: 4,5

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

OS CANDIDATOS AO OSCAR DE MELHOR FILME 2011 PARTE 2

Continuando nosso comentário sobre os 10 filmes indicados ao prêmio máximo do Oscar 2011, falaremos hoje de mais 4 filmes que se encontram na situação descrita pelo título do post, ou seja, aqueles filmes que se encontram um degrau abaixo dos favoritos e que seriam as possíveis (porém remotas) zebras, surpreendendo todo mundo. Conheça mais 4 indicados ao Oscar de Melhor Filme.


OS COADJUVANTES E POSSÍVEIS (PORÉM REMOTAS) ZEBRAS!


BRAVURA INDÔMITA



Faroeste moderno assinado pelos queridinhos da Academia, os irmãos Coen, aparecem neste post e não no anterior, muito mais pela fascinação que a Academia tem pelo trabalho dos irmãos Coen, do que pelo filme em si. Não que Bravura Indômita seja um filme ruim, mas falta algo mais marcante para transformá-lo em um grande candidato a estatueta. O filme é bem feitinho, bem atuado e tudo funciona de forma precisa, entretanto, por mais que Bravura Indômita seja um filme muito interessante, não é um filme brilhante.

NOTA: 8,0


TOY STORY 3


A mais nova aventura dos já extremamente famosos brinquedos, assinada pela Pixar, arrancou suspiros de crítica e público em todo o mundo. Aclamado por muitos como o melhor filme do ano, o único motivo pelo qual Toy Story 3 não é favorito ao Oscar de Melhor Filme, é o fato de ser uma animação, já que a Academia ainda não se livrou desta barreira estúpida. O que é uma pena, pois a estatueta estaria em ótimas mãos, já que Toy Story 3 é uma obra espetacular.

NOTA: 9,5


O VENCEDOR


David O. Russell filma muito pouco, porém normalmente filma com extrema capacidade, e é isto mais uma vez que ele nos prova em O Vencedor. Um filme extremamente poderoso, com atuações brilhantes, e que tem como maior trunfo um envolvimento entre espectador e filme único. Fazia muito tempo que eu não torcia para que os clichês fossem concretizados como aconteceu neste filme. Entretanto, possui algumas imperfeições e não tem muito a "cara" da Academia, apesar de ser um brutal retrato da realidade.

NOTA: 8,5


CISNE NEGRO


Juntamente com Toy Story 3 , são os maiores candidatos a zebra. O que se põe contra o trabalho ( mais uma vez estupendo) de Darren Aronofsky, é o "racha" que o filme gerou na crítica e no público, se tornando um daqueles filmes bem "ou 8 ou 80". Particularmente acho Cisne Negro uma obra dura, forte, porém precisa e contundente, filmada de uma forma incrivelmente poderosa, com atuações extremamente convincentes e um roteiro inteligente e psicologicamente desafiador. Uma pena, que este tipo de filme ainda cria certa repugnância pelas peculiaridades de certo modo "bizarras", basta ver que Aronofsky parece cair nos caminhos de diretores como Lynch e Herzog, vistos e conhecidos mais por cinéfilos, do que por crítica e público.

 

NOTA: 9,5

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

OS CANDIDATOS AO OSCAR DE MELHOR FILME 2011 PARTE 1

Bom, como vocês já sabem, este ano a Academia continuou com a sua inovação do ano passado e temos novamente 10 indicados a estatueta de Melhor Filme. Sendo assim, da mesma forma que aconteceu ano passado, vários filmes estão ali para "cumprir tabela", sendo que apenas 2 realmente lutam pela estatueta e um 3º apareceria como uma zebra incrível. Sendo assim, colocarei aqui minha opinião sobre os 10 filmes indicados ao Oscar, entretanto como eu não não vi 3 deles (Toy Story 3, O Vencedor e O Discurso do Rei), dividirei meus comentários em três partes, sendo elas a seguinte: " aqueles que cumprem tabela", " os coadjuvantes e possíveis (porém remotas) zebras" e " os que lutam pela estatueta". Me basearei no que acompanho da crítica, nas premiações já entregues e que nos servem como termômetro e no histórico já conhecido da academia, fazendo com que, filmes que eu goste mais aparecem em categorias menores, ou seja, darei minha opinião juntamente com a que percebo da crítica e coisas assim. Sendo assim, nossa primeira categoria terá 4 integrantes, dos 10 indicados, vamos a eles então seguidos de minha opinião:


AQUELES QUE CUMPREM TABELA


INVERNO DA ALMA


Agora a moda no Oscar é sempre ter um filme independente e coisas do tipo, e o deste ano é Inverno Da Alma. O filme é excelente, impactante e de um realismo absurdo e cruel, sendo um dos meus favoritos entre os 10, porém não tem nenhuma chance de ganhar o Oscar por vários motivos, mas citarei um em particular: Inverno Da Alma, é filme de cinéfilo, filme de festival e de crítica, e não tem muito apelo popular e comercial, sendo assim, dar o prêmio para um filme destes é perder credibilidade com um público que exige menos qualidade, porém gera o tão amado dinheiro ao meio hollywoodiano. Uma pena, pois Inverno Da Alma é um filmaço.  

NOTA: 9,5


127 HORAS


Dos 7 indicados ao Oscar que já assisti, este é o que menos gostei. Isso não quer dizer que o filme é ruim, porém não tem aquela vivacidade e empolgação necessárias para um reconhecimento maior. O diretor Danny Boyle se apóia no ator James Franco e em um excelente trabalho de montagem e edição, para fazer um filme interessante, porém pequeno para entrar com força suficiente nesta disputa.

NOTA: 7,5


MINHAS MÃES E MEU PAI


Assim como um filme independente, todo ano tem que entrar uma comédia para satisfazer os milhares de fãs do gênero, entretanto elas nunca vencem. Exemplos disso temos em Pequena Miss Sunshine, Juno e mais recentemente com Amor Sem Escalas. Este ano a bola da vez é este Minhas Mães e Meu Pai. O filme é bem divertido, leve e bem gostoso de se assistir, já que o tempo corre e você não se cansa um minuto sequer, ou seja, o filme é bom. O trio de protagonistas formado por Annette Bening, Julianne Moore e Mark Ruffalo é ótimo, porém assim como seus supracitados antecessores, está indicado apenas para protocolo e não para vencer.

NOTA: 8,0


A ORIGEM


Colocar aqui A Origem doeu bastante na alma, mas esta é a pura realidade. A Academia não é muito fã de ficções e de filmes mais idealistas como este aqui, preferindo uma coisa mais "arcaíca" ou melhor dizendo, algo mais realista e não utópico. Sendo assim, A Origem que estreou como clássico e grande candidato a estatueta de Melhor Filme, foi perdendo força, até que só restou o apelo popular, ou seja, A Origem se tornou um cult e não um clássico, e a Academia não premia cults, uma pena, ainda mais levando-se em consideração que dos 7 que eu vi, o filme de Chris Nolan ainda é o melhor e mais convincente.

NOTA: 10,0

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

OS 10 MELHORES FILMES DE 2010 - Por Tamara R. Alves



10 - OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES


A trama sueca é um excelente suspense policial com um roteiro bem construído e que, apesar das cenas de ação contidas nele, não chega a ser um clichê. As descobertas que o espectador faz juntamente com o desenrolar da película, são empolgantes e surpreendentes, nada sendo previsível. A paisagem é belíssima e a direção de arte de bom gosto.

09 - OS HOMENS QUE ENCARAVAM CABRAS

Um humor na medida certa, não apelativo, e com alusões à Star Wars, só pode dar boa coisa. Os Homens que Encaravam Cabras é uma sátira de seu país (EUA) em guerra com o Iraque, porém, com um roteiro muito inteligente e sagaz. A direção de arte merece também meu respeito.

08 - EDUCAÇÃO 


O tema desse filme, a meu ver, é extremamente importante: a educação não é somente aquela que a vida pode dar (às vezes facilmente, às vezes duramente), mas também aquela acadêmica, que sempre é árdua e não prazerosa. O roteiro trabalha muito bem essa dualidade de falsos prazeres e sacrifícios. Além da moral que o roteiro muito bem escrito nos passa, dou meus créditos à protagonista (Carey Mulligan) que está perfeita.

07 - ONDE VIVEM OS MONSTROS


Diante de uma sinopse simples e infantil, vejo-me diante de um grandioso filme, cheio de analogias e metáforas. Seus aparatos técnicos são impecáveis, porém, seu grande trunfo mesmo, são os personagens e o modo como se desenvolve o roteiro. Um filme sobre a infância, mão não infantil, merece estar entre os melhores do ano.

06 - A REDE SOCIAL

A fita em questão não somente trata do autor de uma rede social como trata da “geração internet”, dando ao espectador informações muito rápidas, como ocorre na internet. A montagem brilhante do filme (três pontos de vistas em relação à criação da rede) aliada ao roteiro e atuações interessantíssimas, faz com que o filme agrade a quem entende ou não do tema e seja um dos favoritos para o Oscar 2011.

05 - GUERRA AO TERROR

Não foi por acaso que o filme ganhou Oscar de melhor filme de 2010. Um filme tenso e árduo que mostra um grupo de desarmamento de bombas no Iraque, mas com um roteiro para lá de original em se tratando do assunto. Méritos da direção e das atuações brilhantes deste glorioso filme.

04 - O ESCRITOR FANTASMA

Poucos filmes conseguem a proeza de envolver totalmente o espectador como O Escritor Fantasma consegue, além do roteiro inteligente e que em momento algum nos subestima. O suspense trata de forma graciosa (mistérios e humor negro) questões políticas analógicas à realidade, que, em minha opinião, deixa mais brilhante o filme do que já é por questões técnicas: fotografia, trilha sonora, excelentes atuações, entre outros.

03 - COMO TREINAR SEU DRAGÃO

Uma animação extremamente divertida e não apelativa nessa nova onda “3D”. O roteiro até tem toques clichês, mas combinado com a moral, piadas de bom gosto além dos ricos detalhes visuais, personagens interessantes e uma trilha sonora muito bem colocada, fazem desse desenho um dos melhores do ano, sem dúvida.

02 - A ORIGEM

Muitos viram essa película apenas como um filme de golpe e ação. No meu caso, vi um roteiro extremamente inteligente que vai além das ações e da prática golpista: a questão de roubar uma idéia e/ou implantá-la em alguém, me parece genial. O filme é complexo e rápido que exige o todo tempo a atenção do expectador, porém, em momento algum ele se perde. Vale ressaltar os efeitos especiais e a trilha sonora, ambos também brilhantes

01 - A FITA BRANCA 



Um filme nem um pouco popular, duro, difícil e intrincado, A Fita Branca retrata com perfeição a maldade humana, onde todos podem ser vítimas como também culpados: crianças, pastores, homens e mulheres. Uma série de eventos perversos numa aldeia Alemã que antecede a Primeira Guerra é o cenário desse magnífico filme, com um final inconclusivo, para uma reflexão de dias sobre a mensagem desse roteiro.