Existem alguns livros que povoam a mente dos amantes da literatura de uma forma tão poderosa e por que não dizer cruel, que gera incansáveis estudos e discussões sobre seu real sentido ou o real intento do autor. Estes livros recebem o nome de clássicos e superam o tempo e o espaço, chegando ainda a nossos dias com a mesma força que sempre tiveram. Transformar estes livros em filmes é sempre complexo, principalmente por dois motivos: primeiro pelos vários temas que o livro aborda, sendo que muitos deles possui um caráter de subjetividade muito grande; segundo por que em caso de ato falho, as críticas são exorbitantemente maiores.
Este filme é a décima adaptação do clássico de Oscar Wilde para o cinema. Destas 10 eu vi 3 (incluindo esta) e nenhuma chega sequer perto da grandiosidade do livro, mas este exagerou na dose. Com exceção de um esforçado Colin Firth e da excelente fotografia em tons azuis que ajuda a criar todo o clima gótico que permeia o filme, nada se salva.
O roteiro não fica tão fiel ao livro, altera várias passagens relevantes, exclui ótimos momentos, cria personagens desnecessários e sem sentido e não consegue prender o espectador, de tão chato que fica a construção argumentativa como um todo; isto por que estamos diante da adaptação de um livro que te prende de uma tal forma que é difícil parar de lê-lo. O filme é lento e o final é simplesmente ridículo, ainda mais para quem leu o livro (que aliás, é uma leitura obrigatória). A originalidade do argumento de Wilde, ainda está bem disfarçada ali, porém o diretor Oliver Parker não consegue dar fluidez a história, que passa de uma história emocionante e vibrante, para um conto brusco, pernicioso e muitas vezes apelativo e exagerado.
O elenco não colabora muito com a produção, principalmente o protagonista. Ben Barnes (o príncipe Caspian de As Crônicas de Nárnia) transforma Dorian Gray em um idiota. O personagem central do livro de Wilde, é um jovem carismático e que se altera ao longo do livro tanto emocionalmente quanto intelectualmente, enquanto que Barnes, cria um Dorian Gray que passa de um bebê chorão bobinho no início para um bebê chorão com lapsos de safadeza no final. Falta postura, carisma e competência para Barnes na interpretação de um personagem que eu admito ser difícil, mas que não justifica a atuação sofrível do jovem ator.
Uma triste experiência cinematográfica, que poderia dar certo, pois tinha, pelo menos já pronto, um dos maiores textos da história da humanidade como pano de fundo para a construção de seu roteiro e de seu andamento. Não funcionou e ainda conseguiu estragar grande parte do que poderia ter se salvado; o que o torna praticamente uma afronta ao clássico de Wilde, que ainda merece e precisa de uma grande adaptação cinematográfica. Talvez seja pelo fracasso do filme já em terras gringas ( isso é apenas um chute, já que não li nada a respeito), que a fita é de 2009 e até agora não foi lançada no Brasil em DVD e nem sequer passou pelas nossas salas de cinema.
NOTAS: 3,5
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