“Tenho-me esforçado por não rir das ações humanas, por não deplorá-las nem odiá-las, mas por compreendê-las.” (Baruch de Espinosa)
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terça-feira, 31 de março de 2009
ED WOOD
Ficha Técnica
Título Original: Ed Wood
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 127 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1994
Estúdio: Touchstone Pictures
Distribuição: Buena Vista Pictures
Direção: Tim Burton
Roteiro: Scott Alexander e Larry Karaszewski, baseado em livro de Rudolph Grey
Produção: Tim Burton e Denise Di Novi
Música: Howard Shore
Direção de Fotografia: Stefan Czapsky
Desenho de Produção: Tom Duffield
Direção de Arte: Okowita
Figurino: Colleen Atwood
Edição: Chris Lebenzon
Efeitos Especiais: Boyington Film Productions, Inc.
Elenco
Johnny Depp (Ed Wood)
Martin Landau (Bela Lugosi)
Sarah Jessica Parker (Dolores Fuller)
Patricia Arquette (Kathy O'Hara)
Jeffrey Jones (Criswell)
F.D. Spradlin (Reverendo Lemon)
Vincent D'Onofrio (Orson Welles)
Bill Murray (Bunny Breckenridge)
Mike Starr (Georgie Weiss)
Max Casella (Paul Marco)
Brent Hinkley (Conrad Brooks)
Lisa Marie (Vampira)
Sinopse
Um retrato da vida de Ed Wood (Johnny Depp) é concentrado nos anos 50, quando se envolveu com um bando de atores desajustados, incluindo um Bela Lugosi (Martin Landau) em fim de carreira, e fez filmes de péssima qualidade, que o fizeram passar para a história como o pior diretor de todos os tempos.
Premiações
- Ganhou 2 Oscars: Melhor Ator Coadjuvante (Martin Landau) e Melhor Maquiagem.
- Ganhou o Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante (Martin Landau), além de ter sido indicado em outras duas categorias: Melhor Filme em Comédia/Musical e Melhor Ator em Comédia/Musical (Johnny Depp).
CRÍTICA
Um dos melhores filmes de Tim Burton, é também inexplicavelmente um dos seus mais desconhecidos trabalhos. A cinebiografia do diretor Ed Wood, que é considerado o pior diretor de todos os tempos,baseada na obra de Rudolph Grey, esbanja talento não só de seu diretor, mas também de todo o elenco e de toda a equipe que se envolveu com um projeto tão arguto e simbólico. Com o estigma de uma comédia, o roteiro se utiliza de sátiras e boas piadas para tentar mostrar o drama de um homem obcecado, e que eleva sua obssessão ao grau máximo.
O filme é um Burton típico, com uma direção de arte impecável, fotografia de pular da cadeira, utilização estática de câmeras, cheio de alegorias e com todo o clima dark-gótico que o acompanha em praticamente toda a sua filmografia. Felizmente, quando Burton consegue escapar de alguns exageros fantasiosos seus filmes ficam bem interessantes, já que filmar ele sabe e ninguém duvida disso (com exceção de refilmagens).
A paixão e insanidade que caracterizavam o verdadeiro Ed Wood é passada com uma fidelidade e firmeza impressionante pelo competente Depp que assim como o diretor tem nesta fita uma de suas melhores e mais injustiçadas atuações. Nada de algumas caretas do seu início de carreira, nem alguns exageros como em seu personagem mais famoso na trilogia de Piratas do Caribe; Depp esbanja talento e técnica e mostra por que é considerado um dos melhores atores de sua geração.
Entretanto Depp não é o melhor do elenco, já que este posto não poderia ficar com outro senão com Martin Landau e sua perfeita interpretação de um deprimido e decrépito Bela Lugosi em fim de carreira. É simplemente impressionante o que Burton consegue tirar nas cenas em que Landau e Depp se encontram, onde temos toda a paixão pelo cinema representada pelas duas antagônicas figuras: o astro decadente que quer voltar, e o diretor novato que quer entrar e tenta se apoiar em quem um dia já esteve no lugar que este mesmo tanto almeja. Destaque também para todo o elenco secundário e principalmente para o sempre carismático Bill Murray.
O trabalho de Burton, ganha ainda mais em importância, quando partimos de uma análise técnica para uma análise mais sentimental e por que não, mais carinhosa de tudo o que a paixão por uma arte pode representar na vida de uma pessoa. Ed Wood é uma lenda e se transformou em um homem admirado por cinéfilos em todos os cantos do mundo, e isso não veio devido a sua capacidade técnica para dirigir um filme, mas pelo fato de Wood ter sido um dos diretores mais aficcionados pelo cinema de toda história da sétima arte; tão aficcionado que em nenhum momento sequer chegou a pensar que o que ele produzia poderia virar motivo de zombaria. Wood acreditava que tudo o que saía de sua mente se transformaria realmente em uma obra-prima, e se pensarmos bem, não podemos negar isso, já que tecnicamente seus filmes são horríveis, mas em alguns momentos isso não importa, desde que se faça com o que se tem em mãos e não com o que os outros podem te dar.
O grande mérito de Burton na verdade, é mostrar Ed Wood pelo viés do homem apaixonado pelo cinema, e não pelo viés do péssimo diretor e da pessoa perturbada, fazendo com que o filme além de uma ótima cinebiografia e uma homenagem a um diretor que dê certo modo influenciou Burton, se transforme em uma declaração de amor ao cinema, através da paixão que este pode causar em alguns pessoas e não simplesmente pelo parnasianismo envolvido em toda a indústria cinematográfica.
Um dos mais injustiçados filmes que eu conheço, e sinceramente não sei o por que, já que nomes de peso e qualidade ele possui. Talvez seja pelo difícil acesso, ou por ser filmado em preto-e-branco, ou por se tratar de um tema que às vezes não atrai muita gente. Mas o fato, é que quem não viu está perdendo um ótimo filme, que fica na memória de qualquer apaixonado por cinema, e nos leva a pensar até onde vai a técnica, para posteriormente dar lugar a paixão, ou talvez tudo isso seja apenas uma besteira, e o que importa é acreditarmos em algo, mesmo que todos os outros digam que esse algo é a pior coisa que existe, e vivermos por esse algo. Eu tirei minha conclusão, mas nada se compara a cada um tirar a sua própria. Um belo trabalho.
NOTA: 8,5
sábado, 28 de março de 2009
TRISTÃO & ISOLDA
Ficha Técnica
Título Original: Tristan + Isolde
Gênero: Romance
Tempo de Duração: 125 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2006
Site Oficial: www.tristaoeisolda.com.br
Estúdio: Scott Free Productions / Epsilon Motion Pictures / Word 2000 Entertainment / QI Quality International GmbH & Co. KG / ApolloProMedia GmbH & Co. 1 Filmproduktion KG / Franchise Pictures / Stillking Films
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation / Warner Bros. / Europa Filmes
Direção: Kevin Reynolds
Roteiro: Dean Georgaris
Produção: Moshe Diamant Liza Ellzey, Giannina Facio e Elie Samaha
Música: Anne Dudley
Fotografia: Arthur Reinhart
Desenho de Produção: Mark Geraghty
Figurino: Maurizio Millenotti
Edição: Peter Boyle
Efeitos Especiais: Cine Image Film Opticals Ltd.
Elenco
James Franco (Tristão)
Sophia Myles (Isolda)
Rufus Sewell (Lorde Marke)
David O'Hara (Rei Donnchadh)
Mark Strong (Wictred)
Henry Cavill (Melot)
Bronagh Gallagher (Bragnae)
Ronan Vibert (Bodkin)
Lucy Russell (Edyth)
JB Blanc (Leon)
Graham Mullins (Morholt)
Leo Gregory (Simon)
Dexter Fletcher (Orick)
Richard Dillane (Aragon)
Hans Martin Stier (Kurseval)
Jamie King (Anwick)
Wolfgang Müller (Rothgar)
Cheyenne Rushing (Lady Serafine)
Barbora Kodetová (Lady Marke)
Thomas Sangster (Tristão - jovem)
Isobel Scott Moynihan (Isolda - jovem)
Myles Taylor (Melot - jovem)
Jack Montgomery (Simon - jovem)
Sinopse
Na Europa da Idade Média as tribos lutam pelo poder, logo após a queda do império romano. Tristão (James Franco) teve toda sua família assassinada por conspiradores, que tinham o objetivo de impedir os planos de seu pai para unificar a Inglaterra. Adotado pelo tio, Lorde Marke (Rufus Sewell), Tristão cresce e se torna seu maior guerreiro. Imbuído do desejo em seguir os planos do pai, ele é ferido em combate e considerado morto, sendo jogado ao mar em um enterro viking. Porém é resgatado por Isolda (Sophia Myles), por quem se apaixona. O casal troca juras de amor, mas não revela seus nomes. Após se recuperar ele retorna à sua terra, sem saber que seu amor é a filha de Donnchadh (David O'Hara), o rei da Irlanda e também seu principal inimigo. Mas o destino fará com que se encontrem novamente, quando Donnchadh organiza um campeonato de lutas até a morte e promete como prêmio a mão de sua filha.
CRÍTICA
Me lembro quando este épico entrou em cartaz e da expectativa que se criou por um trabalho brilhante; todavia, é interessante perceber como alguns filmes ganham força quando caem nas "garras" do público e outros perdem, e esta fita se encaixa no segundo argumento. Isto não quer dizer em nenhum momento que o filme é ruim, mas a verdade é que se levarmos em consideração toda a força e beleza da lenda de Tristão & Isolda, o filme deixa um pouco a desejar.
O diretor Kevin Reynolds não consegue repetir aqui a sensibilidade e malícia que tornaram um desacreditado O Conde De Monte Cristo em um dos bem cultuados filmes dos anos 2.000, e isso se deve a alguns pontos bem claros ao longo do filme. O argumento peca pelo excesso de dramaticidade; tudo bem , o filme é baseado em uma tragédia, mas James Franco não precisava ficar com cara de quem vai chorar o filme todo. Desse modo, Reynolds acaba apelando para dois centros, em que um funciona bem e outro já não se sai lá essas coisas, que são a direção de arte aliada a cenários, figurinos e por que não efeitos especiais, que seguram o filme, enquanto que o elenco não responde tão bem.
Além de um Franco excessivamente dramático, temos mais uma vez, em mais um épico, a presença (?) totalmente descartável de Rufus Sewell, além de uma Sophia Myles que se apóia muito mais em sua beleza do que um talento que ela pode chegar a ter um dia e de um elenco secundário que em nenhum momento se que tenta alterar o curso das atuações da fita. A trupê de atores reflete o que já foi dito acima, qualquer um que leu a história de Tristão & Isolda sabe que há algo exagerado ali e que parece tentar captar o público. Bom, não deu certo. A verdade é que o público acabou indo ao cinema para ver uma aventura com toques de romance e encontrou um drama romântico em que as cenas de aventura se perdem, parecem deslocadas e não convencem a ninguém.
O filme se encontra na sessão para pensar duas vezes e não na para passar longe, por dois motivos: primeiramente pela parte artística e técnica, quando nos referimos a ótima direção de arte, ao bem composto e fiel figurino, a maquiagem precisa e os efeitos bem encaixados, que ao contrário do roteiro não exagera, e cria um clima bem legal para o filme. O segundo ponto é a coragem que estes homens tiveram para adaptar (mesmo que com várias falhas), uma das mais belas (e desconhecidas , pelo menos aqui no Brasil) lendas da mitologia européia. O filme conseguiu algo muito bom, já que várias pessoas me disseram que após ver o filme, sentiram vontade e leram o livro, tornando-o mais acessível e abrindo portas para mitos não tão clássicos e que fogem do panteão greco-romano.
O filme é um passatempo interessante, muito longe de ser um clássico e até mesmo um pouco longe de ser um ótimo filme, entretanto taxá-lo como um filme ruim seria um pouco de exagero, já que a fita peca mais na parte humana, e se recupera um pouco na parte técnica e principalmente na artística. Logicamente que a lenda escrita é muito melhor, mas só o fato da película nos inquietar o suficiente para querermos ler o livro, já faz com que ela ganhe alguns pontos, e conquiste seu lugar entre os filmes para se pensar duas vezes antes de ver.
NOTA: 6,0
terça-feira, 24 de março de 2009
FROST/NIXON
Ficha Técnica
Título Original: Frost/Nixon
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 122 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Inglaterra / França): 2008
Site Oficial: www.frostnixon.net
Estúdio: Studio Canal / Working Title Films / Relativity Media / Imagine Entertainment
Distribuição: Universal Pictures / Paramount Pictures
Direção: Ron Howard
Roteiro: Peter Morgan, baseado em peça teatral de Peter Morgan
Produção: Tim Bevan, Eric Fellner, Brian Grazer e Ron Howard
Música: Hans Zimmer
Fotografia: Salvatore Totino
Desenho de Produção: Michael Corenblith
Direção de Arte: Brian O'Hara e Gregory Van Horn
Figurino: Daniel Orlandi
Edição: Daniel P. Hanley e Mike Hill
Efeitos Especiais: AFX Studios / Brainstorm Digital / The Seate Visual Effects
Elenco
Frank Langella (Richard Nixon)
Michael Sheen (David Frost)
Sam Rockwell (James Reston Jr.)
Kevin Bacon (Jack Brennan)
Matthew Macfadyen (John Birt)
Oliver Platt (Bob Zelnick)
Rebecca Hall (Caroline Cushing)
Toby Jones (Swifty Lazar)
Andy Milder (Frank Gannon)
Kate Jennings Grant (Diane Sawyer)
Gabriel Jarret (Ken Khachigian)
Jim Meskimen (Ray Price)
Patty McCormack (Pat Nixon)
Clint Howard (Lloyd Davis)
Rance Howard (Ollie)
Eloy Casados (Manolo Sanchez)
Jay White (Neil Diamond)
Wil Albert (Sammy Cahn)
Keith MacKechnie (Marv Minoff)
Jenn Gotzon (Tricia Nixon)
Mark Simich (Hugh Hefner)
Sinopse
Richard Nixon (Frank Langella) permaneceu em silêncio por três anos após renunciar à presidência dos Estados Unidos. Em 1977 ele concordou em dar uma entrevista, visando esclarecer pontos obscuros do período em que esteve no governo e usá-la para uma possível volta à política. O entrevistador do programa foi o jovem David Frost (Michael Sheen), o que fazia com que Nixon acreditasse que seria fácil dobrá-lo. Entretanto o que ocorreu foi uma grande batalha entre os dois, que resultou em um confronto assistido por 45 milhões de pessoas ao longo de quatro noites.
Premiações
- Recebeu 5 indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Frank Langella), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição.
- Recebeu 5 indicações ao Globo de Ouro, nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor, Melhor Ator - Drama (Frank Langella), Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora.
- Recebeu 6 indicações ao BAFTA, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Frank Langella), Melhor Edição, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Maquiagem.
CRÍTICA
O Oscar já passou faz quase um mês, mas no Brasil seus vencedores, injustiçados ou perdedores demoram um pouco mais para repercutir, já que estes descem a América normalmente após a premiação. Dito isto, pensava eu com meus botões qual dos filmes concorrentes ao Oscar colocar aqui; e o primeiro que me veio a mente foi logo o vencedor Quem que ser um milionário? Todavia, depois de pensar mais um pouco decidi optar por este thriller político muito bem conduzido pelo inconstante Ron Howard e tão bem atuado e encaixado.
O motivo é simples, Quem quer ser um milionário? é um excelente filme sem dúvida, mas se eu tivesse que apostar em um filme que concorreu ao Oscar este ano e que vai virar clássico eu apostaria neste Frost/Nixon. Injustiçado em todas as premiações das quais participou, a obra de Howard entra em nossas mentes de uma forma muito mais poderosa do que qualquer filme lançado ano passado (ou este ano no Brasil), e tudo isto se deve ao poder e a força do tema, transposto ao espectador pela ótima direção de Howard e pelas brilhantes atuações de Michael Sheen e principalmente Frank Langella.
O filme tem seus momentos de ápice em uma sala, dois homens sentados um de frente para o outro, apenas com suas idéias, seus pensamentos, sua ações e expressões. O passado de uma nação sendo discutido, a morte ou a vida de várias pessoas em conversa, e o que sobrará para o futuro. Roward usa e abusa das cenas curtas e planos fechados para explorar dois atores em atuações memoráveis pautados em um roteiro fantástico, baseado na verdadeira entrevista acontecida em 1977. Não é a primeira vez que filmes como este, fechados em apenas um lugar durante quase toda a fita, conquistam crítica e público, e nem será a última, já que é inegável a dificuldade maior de se concentrar as ações e acontecimentos em apenas um ponto. É quase que como mirar em apenas um vidro e começar a atirar pedras, a chance deste vidro quebrar é muito maior, a não ser que o próprio possua muita qualidade.
O apresentador canastrão contra o homem ferido, a colisão entre dois modos de pensar, entre duas facções, ambas acreditando que faziam o melhor por si e para aqueles que os rodeavam. Lógico que nem o roteiro e nem Howard poderiam deixar passar as podridões que sempre envolveram Nixon, mas o filme acerta em tentar encontrar os dois lados. Você vê as duas personagens de todas as formas e tira suas próprias conclusões, afinal o que é uma vítima? e como julgar quem merece esse posto, ou o contrário? É lógico que o filme se apóia muito na força teatral que a peça já possuía, e isto facilita a assimilação por seus profissionais do estilo em que o filme deveria ser filmado, mas isto não atrapalha o brilhantismo dos envolvidos, afinal, o que é o cinema senão uma versão macro-artística do teatro.
O filme pode não agradar pessoas que talvez se sintam incomodadas com um engajamento político forte, ou ainda pessoas que não apreciem uma dinâmica um pouco mais estática, já que o filme quase não se movimenta. Howard inova ao filmar Frost/Nixon em alguns momentos como um filme propriamente dito e em outros momentos como um documentário, mas documentário mesmo, com todo aquele clima intelectual e impactante.
Nada de efeitos exagerados, nem choradeira absurda, nem pancadaria sem sentido; Frost/Nixon prova que cinema se faz com um bom roteiro e bons profissionais, e que é dali que saem os imortais, e que é este tipo de filme que mostra a verdadeira arte de se produzir cinema. Um filme injustiçado, mas obrigatório.
NOTA: 9,5
terça-feira, 17 de março de 2009
ASAS DO DESEJO
Ficha Técnica
Título Original: Der Himmel ünder Berlin
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 130 minutos
Ano de Lançamento (Alemanha): 1987
Estúdio: Argos Films / Road Movies Filmproduktion / Westdeutscher Rundfunk
Distribuição: Orion Classics
Direção: Wim Wenders
Roteiro: Peter Handke e Wim Wenders
Produção: Anatole Dauman e Wim Wenders
Música: Jürgen Knieper
Fotografia: Henri Alekan
Desenho de Produção: Heidi Lüdi
Figurino: Monika Jacobs
Edição: Peter Przygodda
Elenco
Bruno Ganz (Damiel)
Solveig Dommartin (Marion)
Otto Sander (Cassiel)
Curt Bois (Homer)
Peter Falk (Peter Falk)
Hans Martin Stier (Homem à beira da morte)
Sigurd Rachman (Suicida)
Beatrice Manowski (Prostituta)
Lajos Kovács (Técnico de Marion)
Bruno Rosaz (Palhaço)
Sinopse
Na Berlim pós-guerra, dois anjos perabulam pela cidade. Invisíveis aos mortais, eles lêem seus pensamentos e tentam confortar a solidão e a depressão das almas que encontram. Entretanto, um dos anjos, ao se apaixonar por uma trapezista, deseja se tornar um humano para experimentar as alegrias de cada dia.
Premiações
- Ganhou o prêmio de Melhor Diretor, no Festival de Cannes.
- Recebeu uma indicação ao BAFTA, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
- Recebeu uma indicação ao César, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
- Ganhou o Independent Spirit Awards na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
- Ganhou o Prêmio do Público, na Mostra de Cinema de São Paulo.
CRÍTICA
A coisa mais complicada de se fazer nessa brincadeira a que me propus com este blog, é quando passa pela minha pequena e limitada cabecinha que eu tenho capacidade suficiente para dizer algo sobre uma obra-prima como esta. Entretanto, para me contradizer já em seguida, não há nada melhor do que a sensação de poder comentar uma genialidade tão grande quanto a de Wim Wenders com o seu Asas do Desejo.
Escrito, produzido e dirigido de forma magistral por esse apaixonado pelo cinema e que coloca em seus filmes uma mentalidade sentimental nunca igualada por outro diretor da sétima arte, Wenders alcança em Asas do Desejo um resultado estonteante. Um hino de amor a vida, uma lição de existência e de tentativa de compreensão do todo que nos envolve, uma busca incessante por um sentido, seja ele por um sentido que faz parte de mim, ou que poderia fazer parte, desde que esse sentido nos eleve e nos faça flutuar como se fossêmos anjos, que enxergam em preto e branco , enquanto os humanos enxergam em colorido. Uma tentativa de se encontrar em um ambiente de pós-guerra uma resolução para o que ocorreu e uma luz que possibilite o erguer-se e seguir em frente.
Bruno Ganz está fantástico e expressa em sua atuação todo o desejo e dúvida, superando a comodidade, única e exclusivamente pelo fato de no diferente encontrarmos aquilo que já não temos e que já não nos satisfaz onde estamos. As aflições dos humanos confortadas simplesmente pela possibilidade do invisível (mas não em sentido religioso) ao seu lado, enquanto que os invisíveis que confortam se afligem por não poderem experimentar aquilo com o que convivem o tempo todo: a própria vida.
O nascimento de uma paixão entre um dos anjos e uma trapezista é apenas um álibi para encenar um teatro, para sentificar uma idéia, para materializar as cores ao olhar de um anjo e solidificar a idéia de que a habilidade de voar está na compreensão e busca por uma vida que seja sua acima de tudo.
Uma viagem existencial, respaldada por uma das melhores fotografias de todos os tempos, que nos encheu de imagens inesquecíveis; uma obra-prima elaborada por um dos maiores nomes da história do cinema, roteirizada de forma tão fenomenal, dirigida com toda a simplicidade e subjetividade que só Wenders sabe fazer; e aclamada e eternizada por todo aquele que é apaixonado pelos brilhos e fantasias que o cinema proporciona.
Um dos maiores clássicos da história do cinema, uma das maiores declarações de amor a vida que eu já vi, uma das mais fascinantes buscas por um sentido e por um entendimento, uma filosofia encunhada e exemplificada pelas possibilidades e pela vontade de se transformar, de se transformar naquilo em que se acredita e viver, seja enxergando em preto e branco ou colorido, não importa, são meros detalhes que tanto homens quanto anjos podem superar.
Veja uma, duas, três vezes, assista uma vez por mês, assista quando quiser, mas assista, e encontre por si só o verdadeiro sentido de tudo o que nos cerca, interprete Wenders como você quiser, mas só o fato de te levar a interpretar já o coloca anos-luz a frente da maioria dos filmes produzidos pelo cinema. Indescritível.
NOTA: 10,0
Título Original: Der Himmel ünder Berlin
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 130 minutos
Ano de Lançamento (Alemanha): 1987
Estúdio: Argos Films / Road Movies Filmproduktion / Westdeutscher Rundfunk
Distribuição: Orion Classics
Direção: Wim Wenders
Roteiro: Peter Handke e Wim Wenders
Produção: Anatole Dauman e Wim Wenders
Música: Jürgen Knieper
Fotografia: Henri Alekan
Desenho de Produção: Heidi Lüdi
Figurino: Monika Jacobs
Edição: Peter Przygodda
Elenco
Bruno Ganz (Damiel)
Solveig Dommartin (Marion)
Otto Sander (Cassiel)
Curt Bois (Homer)
Peter Falk (Peter Falk)
Hans Martin Stier (Homem à beira da morte)
Sigurd Rachman (Suicida)
Beatrice Manowski (Prostituta)
Lajos Kovács (Técnico de Marion)
Bruno Rosaz (Palhaço)
Sinopse
Na Berlim pós-guerra, dois anjos perabulam pela cidade. Invisíveis aos mortais, eles lêem seus pensamentos e tentam confortar a solidão e a depressão das almas que encontram. Entretanto, um dos anjos, ao se apaixonar por uma trapezista, deseja se tornar um humano para experimentar as alegrias de cada dia.
Premiações
- Ganhou o prêmio de Melhor Diretor, no Festival de Cannes.
- Recebeu uma indicação ao BAFTA, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
- Recebeu uma indicação ao César, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
- Ganhou o Independent Spirit Awards na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
- Ganhou o Prêmio do Público, na Mostra de Cinema de São Paulo.
CRÍTICA
A coisa mais complicada de se fazer nessa brincadeira a que me propus com este blog, é quando passa pela minha pequena e limitada cabecinha que eu tenho capacidade suficiente para dizer algo sobre uma obra-prima como esta. Entretanto, para me contradizer já em seguida, não há nada melhor do que a sensação de poder comentar uma genialidade tão grande quanto a de Wim Wenders com o seu Asas do Desejo.
Escrito, produzido e dirigido de forma magistral por esse apaixonado pelo cinema e que coloca em seus filmes uma mentalidade sentimental nunca igualada por outro diretor da sétima arte, Wenders alcança em Asas do Desejo um resultado estonteante. Um hino de amor a vida, uma lição de existência e de tentativa de compreensão do todo que nos envolve, uma busca incessante por um sentido, seja ele por um sentido que faz parte de mim, ou que poderia fazer parte, desde que esse sentido nos eleve e nos faça flutuar como se fossêmos anjos, que enxergam em preto e branco , enquanto os humanos enxergam em colorido. Uma tentativa de se encontrar em um ambiente de pós-guerra uma resolução para o que ocorreu e uma luz que possibilite o erguer-se e seguir em frente.
Bruno Ganz está fantástico e expressa em sua atuação todo o desejo e dúvida, superando a comodidade, única e exclusivamente pelo fato de no diferente encontrarmos aquilo que já não temos e que já não nos satisfaz onde estamos. As aflições dos humanos confortadas simplesmente pela possibilidade do invisível (mas não em sentido religioso) ao seu lado, enquanto que os invisíveis que confortam se afligem por não poderem experimentar aquilo com o que convivem o tempo todo: a própria vida.
O nascimento de uma paixão entre um dos anjos e uma trapezista é apenas um álibi para encenar um teatro, para sentificar uma idéia, para materializar as cores ao olhar de um anjo e solidificar a idéia de que a habilidade de voar está na compreensão e busca por uma vida que seja sua acima de tudo.
Uma viagem existencial, respaldada por uma das melhores fotografias de todos os tempos, que nos encheu de imagens inesquecíveis; uma obra-prima elaborada por um dos maiores nomes da história do cinema, roteirizada de forma tão fenomenal, dirigida com toda a simplicidade e subjetividade que só Wenders sabe fazer; e aclamada e eternizada por todo aquele que é apaixonado pelos brilhos e fantasias que o cinema proporciona.
Um dos maiores clássicos da história do cinema, uma das maiores declarações de amor a vida que eu já vi, uma das mais fascinantes buscas por um sentido e por um entendimento, uma filosofia encunhada e exemplificada pelas possibilidades e pela vontade de se transformar, de se transformar naquilo em que se acredita e viver, seja enxergando em preto e branco ou colorido, não importa, são meros detalhes que tanto homens quanto anjos podem superar.
Veja uma, duas, três vezes, assista uma vez por mês, assista quando quiser, mas assista, e encontre por si só o verdadeiro sentido de tudo o que nos cerca, interprete Wenders como você quiser, mas só o fato de te levar a interpretar já o coloca anos-luz a frente da maioria dos filmes produzidos pelo cinema. Indescritível.
NOTA: 10,0
CIDADE DOS ANJOS
Ficha Técnica
Título Original: City of Angels
Gênero: Romance
Tempo de Duração: 114 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1998
Site Oficial: www.city-of-angels.com
Estúdio: Warner Bros. / Atlas Entertainment / Regency Enterprises
Distribuição: Warner Bros.
Direção: Brad Silberling
Roteiro: Dana Stevens, baseado em roteiro de Wim Wenders, Peter Handke e Richard Reitinger
Produção: Charles Roven
Música: Gabriel Yared
Direção de Fotografia: John Seale
Desenho de Produção: Lilly Kilvert
Direção de Arte: John Warnke
Figurino: Shay Cunliffe
Edição: Lynzee Klingman
Efeitos Especiais: Sony Pictures ImageWorks
Elenco
Nicolas Cage (Seth)
Meg Ryan (Maggie Rice)
Andre Braugher (Cassiel)
Dennis Franz (Mensageiro)
Colm Feore (Jordan)
Robin Bartlett (Anne)
Joanna Merlin (Teresa)
Sarah Dampf (Susan)
Rhonda Dotson (Mãe de Susan)
Nigel Gibbs (Médico)
Sinopse
Em Los Angeles, uma dedicada cirurgiã (Meg Ryan) fica arrasada quando perde um paciente durante uma operação, no mesmo instante em que um anjo (Nicolas Cage), que estava na sala de cirurgia, começa a se sentir atraído por ela. Em pouco tempo ele fica apaixonado pela médica e resolve ficar visível para ela, a fim de poder encontrá-la frequentemente, o que acaba provocando entre os dois uma atração cada vez maior, apesar dela ter um sério relacionamento com um colega de profissão. O ser celestial não pode sentir calor, nem o vento no rosto, o gosto de uma fruta ou o toque da sua amada, assim ele cogita em deixar de ser um imortal para poder amar e ser amado intensamente.
Premiações
- Recebeu uma indicação ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Canção Original ("Uninvited").
- Recebeu 2 indicações ao Grammy, nas categorias de Melhor Canção Original ("Uninvited") e Melhor Trilha Sonora Composta Para um Filme.
CRÍTICA
A refilmagem de Asas do Desejo (que você provavelmente já leu a crítica acima), é uma tentativa mais sensível de se chegar a um tipo de público que Asas do Desejo não alcança por possuir elementos filosóficos e subjetivos por quase todo o seu roteiro. Cidade dos Anjos, por definição é uma versão romântica da obra de Wenders, ao pé da letra do termo, e mais acessível também, até por ser uma obra mais voltada ao público e menos à tentativa de uma versão cinematográfica sobre um modo de pensar e viver.
Tá, mas e o filme em si? Bom, as comparações são inevitáveis e vamos logo ao ponto; a única coisa que Cidade dos Anjos é mais que Asas do Desejo é acessível, por que do resto...
Este aqui não possui a mesma genialidade e nem o mesmo sentimento que sua inspiradora; faltam elementos menos melosos e mais adentrantes a cabeça do espectador e o filme peca por humanizar demais um sentimento angelical. O sentido do amor impossível é pelo fato da impossibilidade das dimensões e não pelos sentimentos em si. A idéia de um anjo se apaixonar por uma humana aqui é o centro do filme, enquanto que em Asas do Desejo é apenas um pano de fundo para toda uma reflexão sobre as possibilidades e impossibilidades de um pensamento que desconhecemos.
Quase não existem diferenças entre anjos e humanos e o filme entra em uma melancolia que incomoda pelo fato de não possuir sentido, já que a vontade do anjo foi feita, sendo assim, toda a tristeza que o filme emana soa deslocada.
Meg Ryan é bonequinha demais e Nicolas Cage exagera nas tentativas de emocionar pelo que acaba não saindo da forma como ele desejava. O roteiro como já foi dito, apela demais para o romance e esquece de todas as outras questões que uma relação dessas pode gerar, sem contar o final, que tem única e exclusivamente a tentativa de chocar pela tristeza, mas não funciona.Em contrapartida, o filme é bem conduzido, tem uma boa fotografia e uma trilha sonora que se faz o melhor do filme de tão bem encaixada que ficou.
No fim das contas, Cidade dos Anjos é um melodrama dos grandes, choroso, triste e que emana sentimentalismo, porém falta significado ao sentimentalismo, principalmente para quem assistiu a obra de Wenders e se encantou com a tentativa dos anjos de encontrar nos humanos o significado para a sua vida e o que estava acontecendo com eles.
Em comparação aos romances atuais Cidade dos Anjos é um filme até interessante, agora comparado com a sua raiz, é um filme bem fraquinho, unimos um ao outro e o colocamos nesta parte do blog, bem abaixo daquele que o inspirou e que realmente está muito acima dele.
NOTA: 6,5
sexta-feira, 13 de março de 2009
EUROTRIP - PASSAPORTE PARA A CONFUSÃO
Ficha Técnica
Título Original: Eurotrip
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 90 minutos
Ano de Lançamento (EUA / República Tcheca): 2004
Site Oficial: www.eurotrip-themovie.com
Estúdio: Stillking Films / Blue Sea Productions Inc. / The Montecito Picture Company Distribuição: DreamWorks Distribution LLC / UIP
Direção: Jeff Schaffer
Roteiro: Alec Berg, David Mandel e Jeff Schaffer
Produção: Alec Berg, Daniel Goldberg, David Mandel e Jackie Marcus
Música: James L. Venable
Fotografia: David Eggby
Desenho de Produção: Allan Starski
Direção de Arte: David Baxa, Jindrich Kocí e Nenad Pecur
Figurino: Julia Caston e Vanessa Vogel
Edição: Roger Bondelli
Efeitos Especiais: Pacific Title / Digital Dimension / Smoke and Mirrors / HimAnI Productions Inc. / Black Pool Studios
Elenco
Scott Mechlowicz (Scott Thomas)
Jacob Pitts (Cooper Harris)
Kristin Kreuk (Fiona)
Cathy Meils (Sra. Thomas)
Nial Iskhakov (Bert)
Michelle Trachtenberg (Jenny)
Travis Wester (Jamie)
Matt Damon (Donny)
Molly Schade (Candy)
Jakki Degg (Missy)
Lenka Vomocilova (Sissy)
Jessica Boehrs (Mieke Schmidt)
Patrick Rapold (Christoph)
Lucy Lawless (Madame Vandersexxx)
Jana Pallaske (Anna)
Steve Hytner (Fada Verde)
Vinnie Jones (Hooligan)
J.P. Manoux (Homem-Robô)
Fred Armisen (Italiano no trem)
Walter Sittler (Pai de Mieke)
Jack Marston (Papa)
Jeffrey Tambor (Pai de Scott)
Sinopse
Após se formar no 2º grau, Scott Thomas (Scott Mechlowicz) pensa em passar o verão com Fiona (Kristin Kreuk), sua namorada. Porém ela lhe dá um tremendo fora. Para piorar Scott segue os conselhos de Cooper Harris (Jacob Pitts), seu melhor amigo, e manda um e-mail desaforado para um amigo, Mieke (Jessica Boehrs), que mora em Berlim, pois Cooper acha que Mieke é gay. Só então descobre que Mieke é uma bela jovem, mas Scott não pode nem tentar se retratar, pois seu e-mail foi bloqueado por ela. Assim ele decide ir até Berlim achar Mieke, juntamente com Cooper. Viajando de um jeito econômico, eles vão primeiramente para Londres, que seria a primeira etapa de muitas confusões na tentativa de achar Mieke.
CRÍTICA
Brasileiro é no mínimo um povo interessante quanto a parcialidade e a aceitação de algumas situações, desde que "não coloquem o dele na reta". Me lembro quando saiu aquele filme Turistas, que aborda o Brasil de uma forma um pouco duvidosa ou o estardalhaço de algumas pessoas quando os Simpsons fez aquele episódio em que o Brasil é totalmente humilhado; todavia, vários desses mesmos brasileiros adoram um filme que faz a mesma coisa, só que com os europeus.
Eurotrip é um filme preconceituoso do início ao fim, aborda a Europa por uma temática ofensiva, parcial, inescrupulosa e mentirosa em seu grau máximo. Tá, tudo bem que o filme é uma comédia, e que talvez essa seja sua função: escrachar mesmo. Não creio que este tipo de argumento seja válido, já que as boas comédias são aquelas que conseguem exatamente o contrário; que é nos fazer rir, escrachar, sem ofender ou mentir, apenas criticar de uma forma contundente e válida, sem eufemismos ou malícias abusivas e sem sentido.
Se levarmos em conta as situações que ocorrem no filme, o buraco fica ainda mais fundo, já que são situações inusitadas e praticamente impossíveis de acontecer. Aquela sequência no Vaticano é um absurda falha de andamento, a visão do filme sobre a Eslováquia é revoltante e a passagem deles pela Holanda, só mostra a inveja e a vontade que todas as pessoas possuem por ver que pelo menos algumas pessoas do mundo conseguem passar a frente de seu tempo.
Um filme só para estado-unidenses e que deveria provocar revolta em outros países, pois é pela aceitação de filmes preconceituosos como este, que o circuito consegue encaixar outros e aí quando se mexe com o seu, a coisa aperta. Logicamente, que se os europeus ou nós mesmos fizéssemos um filme sobre os Estados Unidos com um terço da dose de preconceito que este possui, ele seria barrado e não entraria no gama de filmes que a população assistiria; e pensando um pouco melhor, talvez seja por motivos pequenos como esses e outros grandes que não vem ao caso neste texto que eles acabem sempre se saindo melhor que as outras nações.
Tirando esse aspecto, o filme peca em outras situações, como a atuação de Jacob Pitts que é de um mal gosto sem fim, e de Jessica Boehrs que aparece pouco, mas o suficiente para nem mesmo sua beleza salvar a dureza e falta de sentimento de sua atuação.Além disso, o filme tem um final péssimo, sem sentido e impossível de se acontecer, assim como várias outras situações a que o roteiro se submete. Salve uma piada ou outra e você terá mais um filme de adolescentes, igual, sem graça, com as mesmas preocupações fúteis e superficiais de sempre, que a maioria daqueles que entram nos nossos cinemas atualmente, só que este ainda é preconceituoso e mentiroso.
Uma lamentável e complicada experiência cinematográfica, que só mostra mais uma vez a deturpação da sétima arte e a crise sem fim em que o gênero da comédia está. E o pior, o filme é adorado por várias pessoas e vai continuar sendo, já que essas pessoas acreditam que se for pra dar uma risada ou divertir, vale ofender de forma mentirosa como este filme faz.
NOTA: 1,0
quarta-feira, 11 de março de 2009
O FABULOSO DESTINO DE AMÈLIE POULAIN
Ficha Técnica
Título Original: Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 120 minutos
Ano de Lançamento (França): 2001
Site Oficial: www.amelie-themovie.com
Estúdio: Le Studio Canal+ / Filmstiftung Nordrhein-Westfalen / France 3 Cinéma / La Sofica Sofinergie 5 / MMC Independent GmbH / Tapioca Films / Victoires Pictures
Distribuição: Miramax Films
Direção: Jean-Pierre Jeunet
Roteiro: Jean-Pierre Jeunet e Guillaume Laurant
Produção: Jean-Marc Deschamps
Música: Yann Tiersen
Fotografia: Bruno Delbonnel
Desenho de Produção: Aline Bonetto
Direção de Arte: Volker Schäfer
Figurino: Madeline Fontaine e Emma Lebail
Edição: Hervé Schneid
Efeitos Especiais: Duboi
Elenco
Audrey Tautou (Amélie Poulain)
Mathieu Kassovitz (Nino Quincampoix)
Rufus (Raphael Poulain)
Yolande Moreau (Madeleine Wallace)
Artus de Penguern (Hipolito)
Urbain Cancelier (Collignon)
Maurice Bénichou (Dominique Bretodeau)
Dominique Pinon (Joseph)
Claude Perron (Eva)
Michel Robin (Pai de Collignon)
Isabelle Nanty (Georgette)
Clotilde Mallet (Gina)
Claire Maurier (Suzanne)
Serge Merlin (Dufayel)
James Debbouze (Lucien)
Lorella Cravotta (Amandine Poulain)
Flore Guiet (Amélie Poulain - 8 anos)
Sinopse
Após deixar a vida de subúrbio que levava com a família, a inocente Amélie (Audrey Tautou) muda-se para o bairro parisiense de Montmartre, onde começa a trabalhar como garçonete. Certo dia encontra uma caixa escondida no banheiro de sua casa e, pensando que pertencesse ao antigo morador, decide procurá-lo e é assim que encontra Dominique (Maurice Bénichou). Ao ver que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e adquire uma nova visão do mundo. Então, a partir de pequenos gestos, ela passa a ajudar as pessoas que a rodeiam, vendo nisto um novo sentido para sua existência. Contudo, ainda sente falta de um grande amor.
Premiações
- Recebeu 5 indicações ao Oscar, nas seguintes categorias: Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Som e Melhor Roteiro Original.
- Recebeu uma indicação ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
- Ganhou 2 prêmios no BAFTA, nas seguintes categorias: Melhor Roteiro Original e Melhor Desenho de Produção. Foi ainda indicado em outras 7 categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Audrey Tatou), Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora e Melhor Edição.
- Recebeu 13 indicações ao César, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Audrey Tautou), Melhor Ator Coadjuvante (Rufus e James Debbouze), Melhor Atriz Coadjuvante (Isabelle Nanty), Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Edição, Melhor Desenho de Produção, Melhor Trilha Sonora, Melhor Som e Melhor Roteiro.
- Ganhou o Prêmio da Audiência no Festival Internacional de Edimburgo.
- Ganhou o Prêmio do Público no Festival de Toronto.
- Recebeu uma indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
CRÍTICA
Existem alguns filmes que tecer qualquer tipo de comentário sobre eles é algo extremamente perigoso; isso se deve única e exclusivamente, ao fato de que eles são delicados demais e as críticas podem se quebrar assim que o espectador começa a assistir ao filme; este é o caso de Amèlie Poulain.
O filme é tão bem encaixado, tão bem feitinho, que tentar achar falhas nele é quase que como assumir a grande chance de cometer um erro, ou de simplesmente como diz a gíria “procurar chifre em cabeça de cavalo”. O cinema francês é por natureza, um cinema chato; na maioria das vezes lento demais e sentimental demais, cai em grande parte num sentido apelativo que enjoa o espectador, sendo assim, o que faz com que Amèlie Poulain não cai nesse estigma do cinema francês? São dois motivos principais.
O primeiro é o roteiro extremamente inteligente, veloz, ríspido e sem rodeios. O filme vai ao ponto sem se sentir intimidado em todos os momentos, fazendo com que o espectador experimente uma sensação de velocidade, de que a vida é muita rápida e que as coisas acontecem com uma rapidez que se não prestarmos atenção já foi embora. Jean-Pierre Jeunet deixa bem claro, com sua direção rápida e curta, com a utilização de excessivos cortes e repetições de ângulos, sua intenção de proporcionar uma sensação de inquietação e velocidade quando relaciona os personagens com as situações que vão acontecendo em suas vidas. Alie isso à excelente fotografia em tons vermelhos e verdes, tipicamente francesa e temos a impressão perfeita de que aquilo é muita coisa acontecendo para pouco tempo de filme, mas Amèlie Poulain dá conta e muito bem.
O segundo motivo responde pelo nome de Audrey Tautou. A atriz francesa que viria a ficar famosa posteriormente por sua participação em O Código Da Vinci nasceu para o papel. Carismática, astuta, esperta e inquieta na medida correta, Tautou transforma uma atuação que facilmente descambaria ao exagero em algo perfeito. Sua movimentação, suas caras e bocas, combinam perfeitamente com o modo como as coisas ocorrem, assim como também é perceptível as sensações reais que Tautou tem ao se deparar com os problemas e situações de Amèlie Poulain, em outras palavras, não vemos em nenhum momento Audrey Tautou no filme, mas apenas Amèlie Poulain. A fita é tão dela, que nas poucas cenas em que Tautou não está presente, ficamos aguardando a sua chegada, de tão prazeroso que é vê-la brilhando nesta impecável atuação.
Eu particularmente não gosto do cinema francês, o que faz com que meu olhar sobre os filmes deste país possua um certo pré-conceito, que faz com que eu tenha muito mais rigidez a analisar um filme desta parte da Europa. Todavia, não vejo nenhuma dificuldade em recomendar Amèlie Poulain, por que ele não é simplesmente um filme francês, ou europeu; ele é universal, e uma comédia romântica excelente, algo bem raro hoje em dia.
Então, se você gosta de uma boa comédia romântica, largue as habituais porcarias com os mesmo atores e com as mesmas histórias que assolam em grande quantidade nossos cinemas e locadoras, e aprecie algo bem feito, interessante e bem conduzido. Amèlie Poulain é inesquecível e belo, e principalmente, um dos poucos bons representantes do gênero da comédia romântica dos anos 2.000, o que faz com que a fita ganhe mais um crédito, já que quando se é craque em um time de pernas-de-pau, seu destaque e méritos são ainda maiores. Veja sem pestanejar!
NOTA: 9,0
domingo, 8 de março de 2009
PEDIDOS
Pessoal, caso alguém tenha alguma dúvida sobre algum filme, ou simplesmente deseja que eu publique minha opinião sobre algum filme em específico coloque nos comentários desta postagem que eu atendo sempre que possível!
Abraços!
Abraços!
MAX PAYNE
Ficha Técnica
Título Original: Max Payne
Gênero: Ação
Tempo de Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2008
Site Oficial: www.maxpaynefilme.com.br
Estúdio: Foxtor Productions / Depth Entertainment / Abandon Entertainment / Dune Entertainment / Firm Films / Collision Entertainment
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation
Direção: John Moore
Roteiro: Beau Thorne, baseado em jogo de videogame de Sam Lake
Produção: Scott Faye, John Moore e Julie Yorn
Música: Marco Beltrami e Buck Sanders
Fotografia: Jonathan Sela
Desenho de Produção: Daniel T. Dorrance
Direção de Arte: Andrew M. Stearn
Figurino: George L. Little
Edição: Dan Zimmerman
Efeitos Especiais: Mr. X / SPIN VFX
Elenco
Mark Wahlberg (Max Payne)
Mila Kunis (Mona Sax)
Beau Bridges (BB Hensley)
Ludacris (Jim Bravura)
Chris O'Donnell (Jason Colvin)
Donal Logue (Alex Balder)
Amaury Nolasco (Jack Lupino)
Kate Burton (Nicole Horne)
Olga Kurylenko (Natasha)
Rothaford Gray (Joe Salle)
Joel Gordon (Owen Green)
Jamie Hector (Lincoln DeNeuf)
Andrew Friedman (Trevor)
Marianthi Evans (Michelle Payne)
Nelly Furtado (Christa Balder)
James McCaffrey
Sinopse
Max Payne (Mark Wahlberg) é um policial indisciplinado, que está decidido a encontrar os responsáveis pelo brutal assassinato de sua família e de seu parceiro. O desejo de vingança faz com que ele se aprofunde cada vez mais no submundo, sendo obrigado a enfrentar até mesmo inimigos do além.
Premiações
- Recebeu uma indicação ao Framboesa de Ouro de Pior Ator (Mark Wahlberg).
CRÍTICA
Bom, vamos fazer uma crítica de um filme mais atual, já que nem só de filmes que já estão aí a alguns anos ou de filmes antigos vive o cinema. Eis que chega as nossas queridas locadoras esta adaptação de um videogame (que para variar eu nunca joguei), dirigida por John Moore e estrelada pelo até bem respeitado Mark Wahlberg.
Prometo que tentarei ser mais crítico e menos sentimental do que fui na minha opinião sobre Tróia, mas é que em alguns momentos fica um pouco difícil. Se levarmos em consideração o que vem sendo produzido e quem possuem sua base nos jogos de videogame, criaremos a idéia de que o filme é no mínimo de caráter duvidoso, correto? Totalmento correto!
A epopeía do homem solitário em busca de vingança (denovo); isto é basicamente o resumo de Max Payne; este filme ruim de doer o coração. Um monte de diálogos e eventos desgovernados, sem força nenhuma e sem brilho, fazem desta fita um dos piores filmes que eu vi nos últimos tempos. Analisando parte por parte, encontraremos em primeiro momento um roteiro que não tem e não sabe pra onde ir; uma fotografia que tenta dar um clima mais "dark" ao filme , mas que falha de um modo tão absurdo que o filme mergulha em uma escuridão, chegando ao ponto de gerar dificuldades de observação. Se levarmos em consideração que o diretor disse que tentou ao máximo atender aos pedidos dos fãs, das duas uma; ou o jogo é muito ruim, ou o diretor deturpou o que os fãs pediram e eu particularmente acredito que a segunda opção acabe sendo mais verdadeira, já que o jogo goza de uma boa fama, e analisando, como já disse, o histórico deste tipo de adaptação, em que bons jogos geraram filmes bem fraquinhos, não deve ter sido culpa do jogo.
É difícil tentar entender o que acontece com as adaptações de jogos. O primeiro Resident Evil é assistível, suas continuações nem tanto. Terror em Silent Hill é um bom passatempo, enquanto que Alone In The Dark é duro de aguentar, e Max Payne acaba entrando na dança e se junta a galeria de fracassos dos videogames no cinema.
John Moore, que já havia dirigido a duvidosa refilmagem do clássico A Profecia não é um bom diretor. Seu estilo de condução é bem clichê de filmes de ação e seus closes com tentativa de gerar perturbação e atividade no espectador não funcionam. Mark Wahlberg desaba novamente e mostra que erra na escolha de alguns projetos. Havia acabado de recuperar seu prestígio com sua ótima interpretação em Os Infiltrados e me aceita fazer um negócio desses? Sua atuação acompanha o filme e em nenhum momento ele se esforça para mudar isso.
Se você gosta do jogo, tenho certeza que a curiosidade será maior e você irá assistir, entretanto acredito que nem como passatempo este filme sirva, já que existem tantos filmes ruins que são "melhores" que este pra passar o tempo relaxado e sem preocupação. Não acredito mesmo que o resultado final do filme tenha saído de uma adaptação fiel do jogo, mas como não joguei, convido aos que conhecem o jogo a se manifestarem. O que eu sei é que o filme é ruim, e acho difícil qualquer pessoa, fã ou não jogo conseguir passar pelos seus 100 minutos sem dar uma bocejada ou dar um stop pra ver o que tem pra comer em casa.
NOTA: 3,0
MATRIX
Ficha Técnica
Título Original:The Matrix
Gênero:Ficção Científica
Tempo de Duração:136 minutos
Ano de Lançamento (EUA):1999
Site Oficial: www.whatisthematrix.com
Estúdio: Village Roadshow Productions
Distribuição: Warner Bros.
Direção:Andy Wachowski e Larry Wachowski
Roteiro: Andy Wachowski e Larry Wachowski
Produção: Joel Silver
Música: Don Davis
Direção de Fotografia:Bill Pope
Desenho de Produção:Owen Paterson
Direção de Arte:Hugh Bateup e Michelle McGahey
Figurino: Kym Barrett
Edição: Zach Staenberg
Efeitos Especiais: Mass. Illusions, LLC / Manex Visual Effects / Amalgameted Pixels
Elenco
Keanu Reeves (Thomas A. Anderson/Neo)
Laurence Fishburne (Morpheus)
Carrie-Anne Moss (Trinity)
Hugo Weaving (Agente Smith)
Gloria Foster (Oráculo)
Joe Pantoliano (Cypher)
Marcus Chong (Tank)
Julian Arahanga (Apoc)
Matt Doran (Mouse)
Belinda McClory (Switch)
Ray Anthony Parker (Dozer)
Sinopse
Em um futuro próximo, Thomas Anderson (Keanu Reeves), um jovem programador de computador que mora em um cubículo escuro, é atormentado por estranhos pesadelos nos quais encontra-se conectado por cabos e contra sua vontade, em um imenso sistema de computadores do futuro. Em todas essas ocasiões, acorda gritando no exato momento em que os eletrodos estão para penetrar em seu cérebro. À medida que o sonho se repete, Anderson começa a ter dúvidas sobre a realidade. Por meio do encontro com os misteriosos Morpheus (Laurence Fishburne) e Trinity (Carrie-Anne Moss), Thomas descobre que é, assim como outras pessoas, vítima do Matrix, um sistema inteligente e artificial que manipula a mente das pessoas, criando a ilusão de um mundo real enquanto usa os cérebros e corpos dos indivíduos para produzir energia.
Morpheus, entretanto, está convencido de que Thomas é Neo, o aguardado messias capaz de enfrentar o Matrix e conduzir as pessoas de volta à realidade e à liberdade.
Premiações
- Ganhou 4 Oscars: Melhor Edição, Melhores Efeitos Sonoros, Melhores Efeitos Especiais e Melhor Som.
- Recebeu uma indicação ao Grammy, como Melhor Trilha Sonora.
CRÍTICA
Qualquer fã, de qualquer tipo de arte tem sempre aqueles aspectos obrigatórios na arte que acompanha, e vemos então que o cinema também não foge a esta regra. Assim sendo, qualquer pessoa que se autodenomine um fã de cinema tem que ao longo da sua vida passar por alguns filmes essenciais, e isso se dá por dois motivos: alguns por que são os clássicos máximos do cinema e outros por que contribuíram de alguma forma para a criação de um estilo, ou que propiciaram alguma “revolução” na arte cinematográfica.
Matrix se encaixa no segundo ponto. Esta ficção científica totalmente moderna e incomum pode não ser um dos melhores da história do cinema, mas criou um estilo, introduziu técnicas de filmagem e virou de pernas pro ar o mundo dos efeitos especiais. Isso faz com que se puxássemos a árvore genealógica do cinema, teríamos um galho que surgiu a partir de Matrix, e isto faz com que ele tenha que ser visto e respeitado.
O grande trunfo de Matrix em relação ao público é agradar a praticamente todos os públicos, já que o filme tem ação, romance, bons diálogos, boas atuações, efeitos especiais de tirar o fôlego e uma originalidade pouco vista no cinema mais atual, vinda de uma união de elementos que nunca haviam sido unificados anteriormente na história do cinema. Os irmãos Wachowski criaram um mundo em que máquinas controlam os homens sem que esses percebam, levando a rebeldia um grupo de homens que enfrentam ao mesmo tempo essas máquinas de inteligência artificial e seu próprio medo de sobreviver sem elas.
O cunho filosófico do roteiro é absurdamente bem encaixado e o filme transita por elementos que vão desde a teoria das formas de Platão, até as discussões de atuais sobre a robotização e o mecanicismo do homem. Tudo muito bem encaixado e colocado sem exagerados, na hora certa e no momento certo. Quantas e quantas discussões eu já não participei ou presenciei sobre as questões envolvidas neste filme, sobre qual pílula escolher, sobre o que é Matrix, sobre a existência ou não de um mundo paralelo dominado pelas máquinas, ou se os mundos fossem os mesmos, e a diferença seria dada apenas pela interferência das máquinas no cérebro do homem.
Keanu Reeves está bem no papel de Neo, mesmo levando-se em conta sua já habitual falta de expressão, mas ainda acho que Laurence Fishburne como Morpheus é o melhor do elenco, apesar de em alguns momentos mais dramáticos, sua dureza fazer com que as cenas não se concretizem de forma muito convincente, sem esquecer também é lógico de Hugo Weaving na pele do Agente Smith. O elenco secundário já não responde tão bem, mas não prejudica o filme.
Juntamente com o ótimo roteiro encontramos as inovações técnicas de Larry e Andy Wachowski, como o uso excessivo da câmera lenta, as viradas de ângulo e principalmente a introdução do que ficou conhecido como fotografia “bullettime”, que nada mais é, do que aquelas balas em câmera lenta, que atualmente estão presentes em quase todos os filmes de ação pós-Matrix.
É lógico que Matrix não é perfeito. Mesmo com originalidade, em alguns momentos fica difícil discernir o que há por trás daquele monte de gente voando e chutando, além do mais, encontramos aqui novamente a tal da profecia, isso sem contar que Matrix é uma trilogia, e o sucesso dos efeitos especiais subiu à cabeça dos irmãos Wachowski, que se esqueceram do roteiro e só colocaram lutas e efeitos nas duas partes seguintes, transformando-as em seqüencias sofríveis e que não explicam buracos que ficam no primeiro filme; logo ficamos sem várias respostas.Para finalizar, Matrix é bom e obrigatório, não por ser um dos 10 melhores filmes de todos os tempos como dizem alguns exagerados, mas por ser um inovador e ter criado um estilo.
O filme é bem conduzido e podemos perceber até os olhos dos irmãos Wachowski brilhando de tão pessoal que é o projeto. Mas assista só o primeiro, por que o resto é só repetição, gente voando e lutando, e mais nada de interessante saindo da boca dos atores. Todo aquele que se lança a algo novo merece respeito e Matrix faz isso, por isso sempre é lembrado e com muitos méritos, diga-se de passagem. Realmente vale a pena. Um marco.
NOTA: 9,0
quinta-feira, 5 de março de 2009
TRÓIA
Ficha Técnica
Título Original: Troy
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 162 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2004
Site Oficial: http://troymovie.warnerbros.com/
Estúdio: Warner Bros. / Village Roadshow Pictures / Plan B Films / Radiant Productions
Distribuição: Warner Bros.
Direção: Wolfgang Petersen
Roteiro: David Benioff, baseado em poema de Homero
Produção: Gail Katz, Wolfgang Petersen, Diana Rathbun e Colin Wilson
Música: James Horner
Fotografia: Roger Pratt
Desenho de Produção: Nigel Phelps
Direção de Arte: Julian Ashby, Jon Billington, Andy Nicholson e Adam O'Neill
Edição: Peter HonessEfeitos Especiais: Cinesite Ltd. / Framestore CFC / Lola / The Moving Picture Company
Elenco
Brad Pitt (Aquiles)
Eric Bana (Hector)
Orlando Bloom (Paris)
Diane Kruger (Helena)
Sean Bean (Odysseus)
Brian Cox (Agamenon)
Peter O'Toole (Priam)
Brendan Gleeson (Menelaus)
Saffron Burrows (Andromache)
Rose Byrne (Briseis)
Julie Christie (Thetis)
Garreth Hedlund (Patroclus)
Vincent Regan (Eudorus)
James Cosmo (General Glaucus)
Sinopse
Em 1193 A.C., Paris (Orlando Bloom) é um príncipe que provoca uma guerra da Messência contra Tróia, ao afastar Helena (Diane Kruger) de seu marido, Menelaus (Brendan Gleeson). Tem início então uma sangrenta batalha, que dura por mais de uma década. A esperança do Priam (Peter O'Toole), rei de Tróia, em vencer a guerra está nas mãos de Aquiles (Brad Pitt), o maior herói da Grécia, e seu filho Hector (Eric Bana).
Premiações
- Recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Figurino.
- Recebeu 2 indicações ao MTV Movie Awards, nas seguintes categorias: Melhor Ator (Brad Pitt) e Melhor Luta (Brad Pitt e Eric Bana).
CRÍTICA
Toda vez que eu penso no que Tróia poderia ter sido e logo em seguida penso no que ele realmente é, tenho uma das maiores decepções da parte da minha vida que dedico à minha paixão pela sétima arte. É triste ver um projeto que tinha tudo para ser um clássico se tornar um lixo tão grande, e ao mesmo chega a ser revoltante a incompetência das pessoas envolvidas em tal blasfêmia contra a cultura mundial. Em alguns momentos dá vontade de perguntar o que Homero fez de mal para os caras que fizeram esse filme. Descarrego de sentimentos a parte, e partindo para a análise do filme em si; temos uma mancada atrás da outra. Primeiramente o filme não deveria se chamar Tróia e sim Brad Pitt; já que a câmera não o deixa por um minuto, o que faz com que o filme fique ainda pior, levando-se em conta a já habitual fraqueza que Pitt possui como ator.
Se lembrarmos que Wolfgang Petersen já nos brindou com filmes como O Barco, um verdadeiro clássico do cinema, a coisa fica ainda pior. Cometendo erros e manias de iniciantes, Petersen não apenas esbarra nos clichês, mas ele os procura, sendo assim, o filme tem tudo o que as TV´s querem em um filme para dar audiência: lutas sem sentido, roteiro fácil, atores bonitões e que possuem nome.
Como se não bastasse a horrível direção de Petersen, o assassinato de uma das maiores obras da literatura mundial encontra seu grau máximo no roteiro sofrível, que é uma afronta a Homero; já que a última coisa que o roteiro tem é semelhança com a obra original de Homero. Eu não li a versão clássica da Ilíada, aquela com versos e talz; mas qualquer pessoa que tenha, assim como eu, lido aquela versão resumida e em prosa e tenha o menor conhecimento da história, consegue perceber o quão fraco foi essa tentativa de adaptação.
Acompanhando tudo isso, ainda temos aqui a união de dois dos mais fracos atores que Hollywood produziu e consagrou (só não se sabe o porquê) nos últimos tempos. Brad Pitt e Orlando Bloom se encaixam direitinho no filme, já que se equiparam em falta de qualidade; mas mesmo assim eles não precisavam ter exagerado tanto, uma coisa é uma interpretação ruim, a outra é o que eles fizeram nesse filme. Não dá pra entender o que dois atores tão ruins quanto estes dois seres fazem no panteão cinematográfico estado-unidense; com certeza se aquelas menininhas que assistem a filmes só pra ver o carinha bonitinho não existissem, esses caras estariam bem longe das nossas telas (o que seria algo realmente bom), mas enquanto isso não acontece, coisas como esta que alguns insistem em chamar de filme são produzidas.
Totalmente comercial; extremamente comercial ao ponto de irritar, é um filme que está claramente pouco se lixando para a crítica, já que seu alvo é o público, só que esse público passa, mas as críticas transformam os filmes em clássicos, coisa que este não é, então para a felicidade geral da nação, em alguns anos, poucos se lembrarão do tormento que este filme lhes causou, e menos pessoas ainda se lembrarão que um dia algo ruim como Tróia foi feito.
O filme erra em tudo, e para não dizer que a película em questão não se salva em nada, o esforçado Eric Bana como Heitor acaba não se saindo mal, e vira um pequenino oásis no meio de um deserto sem fim. Nem mesmo a presença de um gigante do cinema como O`Toole consegue diminuir o desastre. Um filme cruel para a carreira de Petersen, normal para as carreiras de Pitt e Bloom e perturbador para o nosso falecido gênio Homero, que deve chorar e se remoer na cova toda vez que alguém comete o crime de colocar este filme para rodar. Passe longe, mas muito longe, fique dele a mesma distância que ele ficou de ser um bom filme.
NOTA: 2,0
terça-feira, 3 de março de 2009
SANGUE NEGRO
Ficha Técnica
Título Original: There Will Be Blood
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 158 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: www.paramountvantage.com/blood
Estúdio: Miramax Films / Paramount Vantage / Ghoulardi Film Company
Distribuição: Paramount Pictures / Miramax Films / Buena Vista International
Direção: Paul Thomas Anderson
Roteiro: Paul Thomas Anderson, baseado em livro de Upton Sinclair
Produção: Daniel Lupi, JoAnne Sellar e Paul Thomas Anderson
Música: Jonny Greenwood
Fotografia: Robert Elswit
Desenho de Produção: Jack Fisk
Direção de Arte: David Crank
Figurino: Mark Bridges
Edição: Dylan Tichenor
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic
Elenco
Daniel Day-Lewis (Daniel Plainview)
Kevin J. O'Connor (Henry Brands)
Ciarán Hinds (Fletcher Hamilton)
Dillon Freasier (H.W. Plainview)
Barry Del Sherman (H.B. Ailman)
Russell Harvard (H.B. Ailman - velho)
Paul F. Thompkins (Prescott)
Randall Carver (Sr. Bankside)
Coco Leigh (Sra. Bankside)
Paul Dano (Paul Sunday / Eli Sunday)
Sydney McCallister (Mary Sunday)
Colleen Foy (Mary Sunday - adulta)
David Willis (Abel Sunday)
Christine Olejniczak (Mãe Sunday)
James Downey (Al Rose)
Dan Swallow (Gene Blaize)
Robert Arber (Charlie Wrightsman)
David Williams (Ben Blaut)
Irene G. Hunter (Sra. Hunter)
Hope Elizabeth Reeves (Elizabeth)
David Warshofsky (H.M. Tiford)
Tom Doyle (J.J. Carter)
Colton Woodward (William Bandy)
John Burton (L.P. Clair)
Hans Howes (Bandy)
Sinopse
Virada do século XIX para o século XX, na fronteira da Califórnia. Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) é um mineiro de minas de prata derrotado, que divide seu tempo com a tarefa de ser pai solteiro. Um dia ele descobre a existência de uma pequena cidade no oeste onde um mar de petróleo está transbordando do solo. Daniel decide partir para o local com seu filho, H.W. (Dillon Freasier). O nome da cidade é Little Boston, sendo que a única diversão do local é a igreja do carismático pastor Eli Sunday (Paul Dano). Daniel e H.W. se arriscam e logo encontram um poço de petróleo, que lhes traz riqueza mas também uma série de conflitos.
Premiações
- Ganhou 2 Oscars, nas categorias de Melhor Ator (Daniel Day-Lewis) e Melhor Fotografia. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Direção de Arte, Melhor Edição, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição de Som.
- Ganhou o Globo de Ouro de Melhor Ator - Drama (Daniel Day-Lewis), além de ser indicado na categoria de Melhor Filme - Drama.
- Ganhou o BAFTA de Melhor Ator (Daniel Day-Lewis), além de ser indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Paul Dano), Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora, Melhor Desenho de Produção, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Som.
- Ganhou o Urso de Prata de Melhor Diretor e o prêmio de Melhor Contribuição Artística, no Festival de Berlim
CRÍTICA
Fruto de uma parceria entre um dos mais jovens e promissores diretores americanos e um já consagrado, mas “sumido” ator, Sangue Negro adquiriu status de clássico antes mesmo de se perpetuar ao longo do tempo. Melhor filme a estrear no Brasil em 2.008, o filme de Paul Thomas Anderson, é uma incrível viagem ao interior cruel e ganancioso do homem que faz tudo para se tornar poderoso, esquecendo de tudo e de todos ao mesmo tempo em que passa por cima de qualquer obstáculo que possa aparecer.
Sangue Negro relata os dois modos mais comuns de ganância; aquela que vem da clara oportunidade de domínio, e aquela que se cria com a tentativa desse domínio pelo outro. Anderson transforma em um animal cobiçador, um homem que poderia muito bem ser visto como um gênio empreendedor, adentrando as minúcias desse homem e o destrinchando até chegar ao que sobra por trás da máscara: o homem puro e cheio de desejos de dominar.
A fotografia de tons escuros, aliada aos planos extremamente abertos de cena em que Anderson resolveu filmar, dá todo um clima sombrio e altamente perturbador, junte-se isso ao silêncio que em vários momentos domina o filme, e as expressões dos atores que fazem parte do elenco, sejam os principais ou coadjuvantes, colocam Sangue Negro como um dos mais bem feitos filmes dos anos 2.000.
Anderson que já havia se destacado por obras anteriores como Magnólia e Embriagado de Amor, consegue seu melhor trabalho como diretor e roteirista, fazendo com que Sangue Negro transforme-se em um filme totalmente pessoal, com a cara, a mão, a expressão e os desejos de um diretor que tem tudo para ser um dos melhores da atualidade.
Como se já não bastasse, Sangue Negro conta com Daniel Day-Lewis em toda a sua genialidade e força. O modo como ele encarna o personagem e a forma como se expressa e atua é mágica, e coloca esta atuação entre as melhores da história do cinema. Não é sem razão que o ator anglo-irlandês ganhou todos os principais prêmios ofertados aos atores no circuito cinematográfico, isso inclui o seu segundo Oscar e seu primeiro Globo de Ouro, além do Prêmio do Sindicato Dos Atores e outros por aí afora. Incrivelmente perturbador Daniel Day-Lewis dá vida como nenhum outro ator conseguiria ao talento de Paul Thomas Anderson. Em resumo, para Sangue Negro ser um filme perfeito, seria necessário um gigante atrás da câmera, e um gênio a frente dela, e foi o que aconteceu.
Assista, não perca de jeito nenhum, seja para ver uma das melhores direções dos últimos tempos, ou seja, para ver uma das melhores atuações de todos os tempos, ou ainda pelo conjunto da obra, de qualquer modo vale a pena; pois com certeza você estará assistindo a um clássico, você estará assistindo ao melhor filme dos anos 2.000 e que com certeza será reconhecido com o passar dos anos como um dos melhores filmes de todos os tempos. Anderson e Day-Lewis queriam fazer um grande filme, não deu certo, eles fizeram uma obra-prima, talvez até muito maior do que os dois imaginassem.
NOTA: 10,0
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