Clima criado. Após ouvir falar muito bem deste terror/suspense de toques sobrenaturais eu e minha namorada e companheira de filmes resolvemos encará-lo. Clima criado. Noite de sábado, já passava da meia-noite quando inserimos o disco no DVD e começava então o tão bem falado Atividade Paranormal. Com receio de nos assustarmos muito, tomamos a única precaução de não apagar as luzes da sala onde estávamos, entretanto o resto estava de acordo com os dizeres de um filme deste tipo: um clima soturno, ventos batendo na janela e somente duas pessoas dispostas a tomar bons sustos com um bom terror. Resultado desta brincadeira: uma grande decepção, e esta é com certeza a frase que melhor define Atividade Paranormal.
O roteiro nos conduz a acompanhar os dias de um casal que após verificar acontecimentos estranhos em sua casa, resolvem deixar uma câmera filmando-os o tempo todo, inclusive enquanto dormem para tentar captar o que estava acontecendo. Desenvolve-se a partir daí, teses demonológicas, fantasmagóricas e se instala um histórico de perseguição à representante feminina do casal. O negócio pode até ser bem amarrado, entretanto acaba não funcionando muito bem. Os furos de roteiro, sérios problemas de andamento e um apelo repetitivo de cenas fazem de Atividade Paranormal um filme maçante e bem chatinho, e o pior, quase não assusta, e digo quase, para fazer justiça com os últimos 15 minutos, que dão um pequeno up ao filme, porém sem salvá-lo.
Filmado aos moldes A Bruxa de Blair, ou seja, num estilo caseiro para ampliar o ar de realidade, Atividade Paranormal não te insere no filme, você é sempre um espectador, o que no meu simples ponto de vista, gera um defeito ao filme, pois o susto nunca acontece com você , mas com os personagens, ou seja, o susto vem de forma indireta e devido a isso é mais fraco. Alguém pode então me perguntar: Mas Pablo, todo filme de terror os sustos não são nos personagens? E a resposta é não. Os bons filmes de terror usam os personagens como meio para chegar ao espectador, enquanto que Atividade Paranormal, o espectador não se vê nessa posição, por que não há interação, tudo acontece de forma distante, e os personagens acabam como meio e fim do susto, em um movimento que se mostra falho. Prova disso, é o fato de que a cena mais assustadora do filme e praticamente a única assustadora é a cena final (olha o spoiler) quando a moça do casal possuída pelo suposto demônio se aproxima da câmera e sorri para o espectador, uma pequena interação, porém suficiente para ser melhor que o resto do filme.
Uma ideia comum, mal construída e que não me causou tensão alguma, levando-se ainda em consideração o fato de que o filme tem efeito a longo-prazo, com a clara intenção de fazer o espectador ter calafrios ao dormir, sensação que dura dez minutos e não prejudica mais o sono. Este estilo de filmagem, se bem feito dá muito certo, mas parece que ainda não pegaram muito o jeito da coisa. Eu não gosto de A Bruxa de Blair, não vi Cloverfield – O Monstro e este Atividade Paranormal me desapontou, com exceção do inovador italiano Cannibal Holocaust (eita filme maldito) e do ótimo filme espanhol [REC] (esse sim me deu medo) que são realmente impactantes, é nítido o fato de que o estilo ainda está em evolução e aprimoramento, mas infelizmente Atividade Paranormal não contribuiu muito para estes aspectos.
Como fã de terror, que sofre com a baixa qualidade atual do gênero, constatar mais um erro, depois de criar grandes expectativas é realmente algo muito ruim. Atividade Paranormal não tira o sono de ninguém, muito pelo contrário, no fim das contas, confesso que dormi em várias partes, não deu pra resistir, foi mais forte do que eu e muito mais forte que o filme que me desapontava a cada minuto de sua duração.
(Paranormal Activity de Oren Peli, 2007)
NOTA: 3,0