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sexta-feira, 22 de abril de 2011

SUNSHINE - ALERTA SOLAR


O diretor inglês Danny Boyle passou de um dos favoritos entre os amantes do cinema independente, para se tornar um dos mais respeitados diretores da atualidade após o sucesso bombástico do famigerado Quem Quer Um Milionário? Ele angariou fãs, ganhou respeito e hoje tem seu nome estampado nas capas de seus filmes de forma destacada. Todavia, Boyle construiu uma carreira sólida antes do sucesso de seu já acima citado filme, que inclui filmes cults como Trainspotting e Cova Rasa. Para dizer bem a verdade, eu até gosto destes dois filmes de Boyle, mas nunca fui um fã do diretor devido ao seu estilo agressivo e que chegam a doer os olhos de tantas mudanças de câmera e da tantos cortes no trabalho de edição. Coisa boa ou coisa ruim, Boyle tem uma linha filmográfica e seu método consistente se repete em praticamente todoS os seus filmes, ora mais ora menos.

Sunshine – Alerta Solar representa o início do processo de ruptura de Boyle, de um cinema mais sujo e bruto, para algo mais poético, mesmo que ainda com um caráter sórdido. Boyle começa a deixar o seu lado mais independente para beijar as arestas mais hollywoodianas, unindo os elementos destas duas inferências para criar o seu modo de filmar atual, e que culminou no seu grande sucesso citado no primeiro parágrafo. Assim sendo, Sunshine carrega todos os elementos boyleanos e já começa a apontar para a tendência atual do diretor, o que me leva a duas conclusões: a primeira é que Danny Boyle é um diretor de estilo bem definido e que funciona, mesmo que você não admire, e a segunda é que cada vez mais Quem Quer Ser Um Milionário? se mostra como o filme mais comum e sem graça de Boyle. Tecnicamente Sunshine é inferior, agora no quesito característica de Boyle, Sunshine é muito mais agregado às concepções básicas de Boyle do que Quem Quer Um Milionário?

Contudo, minha intenção não é uma comparação entre filmes, deixando isto para os espectadores de Boyle, de tal forma que, dedico-me agora a falar sobre e apenas sobre Sunshine – Alerta Solar. Tomado em si, Sunshine é uma ficção científica que parte de uma ideia muito boa e que parece ignorada pelas pessoas. A Terra vai acabar, e isso acontecerá apenas quando o Sol se extinguir (não vou entrar em discussões pseudo-ambientalistas e nem em moralismos falsos, vamos trabalhar com fatos). Para efeito de conhecimento, toda estrela tem vida finita, e o Sol que é uma estrela também morrerá , levando com ele todo o sistema solar. 

Assim sendo, é enviada uma missão para implantar uma bomba de fissão no interior do sol antes de sua explosão, para criar outro sol quando o original explodir. Primeiro, eu não sou físico e não sei se esta possibilidade é viável, mas o modo como o roteiro é construído tem muita consistência, seja nisto ou em qualquer outro tipo de fenômeno físico-biológico-químico descrito; em resumo: minha ignorância sobre o tema real envolvido não me permite afirmar possibilidade no argumento, mas apenas validade, em outras palavras, não sei se o filme poderia ocorrer na vida real, mas que aquilo faz sentido, isso faz.

Sunshine transita entre vários gêneros e em sua maioria transita bem. Inicia como uma ficção de nave e astronauta comum, caminha para uma ficção mais dramática onde começam a ser discutidas questões éticas e humanas, passa por sequências de ação e suspense, e mais para o final possui até momentos que beiram o terror. Enquanto ficção e suspense, o filme vai muito bem, porém nas discussões mais éticas e humanas Boyle não tem o mesmo time e a coisa soa um pouco falsa. Na parte mais terror, temos o problema de que os acontecimentos não são muito bem explicados, porém é exatamente nesta parte que o trabalho de edição e direção se supera com imagens ótimas, além de cortes e movimentos sensacionais.

No final das contas, Sunshine é uma ficção que trabalha com uma ideia interessante, com belas imagens e que poderia ter focado melhor o seu problema evitando assim esta salada de gêneros. Fica a sensação de que a coisa poderia ter sido mais compacta gerando um resultado mais impactante. Mesmo assim, Danny Boyle faz um bom trabalho e nos apresenta um filme, que se não é um clássico, se torna pelo menos um entretenimento bem acessível, além de nos levar a pensar e a refletir sobre questões interessantes, mesmo que unido a isso venha uma enxurrada de outras coisas “menos importantes”.


(Sunshine de Danny Boyle, 2007)



NOTA: 7,0

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