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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O FANTASMA DA ÓPERA


Um dos musicais de maior sucesso da história da Broadway e uma das histórias mais conhecidas e admiradas em todo o mundo, O Fantasma da Ópera, baseado no livro de Gastón Leroux, aproveitou-se do efeito Moulin Rouge na indústria dos musicais para tentar causar o mesmo impacto, ou pelo menos tentar transpor, com qualidade, um sucesso dos palcos para a telona. Dirigido por um Joel Schumacher (conhecido por assassinar Batman em dois filmes, onde um é bem fraco e o outro uma grande piada, entre outros) acima da média, mas com atuações pífias e um roteiro extremamente superficial, a versão musical na telona bate na trave e sai em tiro de meta, deixando o grito de gol para uma próxima oportunidade.

A influência de Luhrmann é visível, tanto na condução de Schumacher quanto na construção argumentativa e cenográfica, não se limitando apenas a Moulin Rouge, mas buscando elementos até de outros filmes do diretor australiano como o original Romeu + Julieta. Buscar respaldo em coisas boas, normalmente traz coisas boas, e isso se repete aqui, já que Schumacher se supera e surpreende na direção. Enquanto os atores surpreendem pela frieza nas cenas, Schumacher enche a tela com uma paixão nunca vista anteriormente em seus filmes. A câmera pulsa o tempo todo, e em alguns momentos parece até tentar gerar um efeito de desfibrilador para galvanizar a falta de vontade de seu elenco. Se O Fantasma da Ópera possui algo de surpreendente e de vibrante, com certeza é a direção de Schumacher, como exemplo, é só tomarmos a melhor cena do filme, um baile de máscaras sensacional com bailarinos e ótimos cantores interpretando a clássica Masquerade do musical original.

Além disso, Schumacher possui o respaldo de um bom figurino, uma trilha sonora excelente (o que é essencial para um musical) e uma fotografia estupenda, lamenta-se apenas o fato de o restante do filme ser exatamente o oposto do esforço do diretor. A cenografia, por exemplo, é extremamente exagerada e em alguns momentos destoa totalmente do ideal central da fita.

O elenco principal, escolhido a dedo pela capacidade de cantar, se mostra uma escolha ruim na parte interpretativa, fazendo com que tenhamos bons cantores que não conseguem unir esta qualidade com uma boa interpretação. Patrick Wilson (que já é ruim por natureza) atua de forma robótica e não consegue causar nenhuma emoção e nenhuma simpatia no espectador. Emmy Rossum brilha na tela devido ao já citado ótimo trabalho de fotografia e a uma boa utilização de luzes e sombras por parte de Schumacher, mas apesar disso, e apesar de cantar muito bem, está totalmente apática e sem vida no papel. As cenas entre Raoul (Wilson) e Christine (Rossum) são incrivelmente inertes e desprovidas de qualquer emoção. No papel do Fantasma, Gerard Butler (que ficaria famoso posteriormente por sua interpretação do rei espartano Leônidas em 300) é o “menos pior” do elenco de protagonistas, porém, isso se deve muito mais aos seus atributos físicos que ajudam na criação do personagem do que pela sua capacidade de atuar; mesmo assim, as cenas entre Christine e o Fantasma são mais interessantes e fortes do filme.

O roteiro, outro ponto baixo do filme, patina muito, e não consegue desenvolver nenhuma relação entre os personagens, transformando o esforço de Schumacher, em sua maioria, num emaranhado de relações mal explicadas, mal construídas e mal desenvolvidas. Com diálogos fracos, e passagens complicadas para um filme cantado em pelo menos 90% de seu andamento, o roteiro peca por apostar no elemento auto-explicativo das canções, pois por mais que as mesmas exerçam bem seus papéis, as amarras entre elas, é função da construção argumentativa, e isto simplesmente não acontece, ou seja, sem amarras, tudo parece um monte de capítulos sem conexões e sem funcionalidades fazendo com que o império da superficialidade se assente ali e praticamente não exista uma linha condutora de andamento.

Muito se esperava desta adaptação, que se mostra interessante em alguns aspectos, porém muito pecadora em outros. No final das contas, uma história como esta, com a fama que tem e com o charme que tem, merecia algo um pouco mais satisfatório no campo dos musicais (afinal, existem outras várias adaptações de O Fantasma da Ópera, das quais algumas se mostram muito interessantes). Não é um filme ruim, mas poderia ser bem melhor, ainda mais se levando em consideração o potencial artístico e público que a história possui intrinsecamente.

 
(The Phantom Of The Opera de Joel Schumacher, EUA/Inglaterra- 2004)
 
 
NOTA: 6,0

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