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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

SEM LIMITES


Imagine a simples hipótese da existência de um medicamento ou droga que expandisse a capacidade cerebral do ser humano ao seu máximo, sem qualquer tipo de restrição? Não é necessário ser um grande neurologista para saber que uma situação como esta geraria a pessoa possuidora de tal droga uma responsabilidade muito grande. É a partir deste centro e de outras minúcias que o diretor Neil Burger (o mesmo de O Ilusionista) conduz um thriller até certo ponto bem clichê, mas que consegue se sair bem melhor do que a capa sugere.

A fita gira em torno do personagem de Bradley Cooper, um escritor falido, que ao encontrar seu ex-cunhado, recebe deste uma pequena pílula que teria a capacidade de expandir o alcance do cérebro. A partir disto, como é de praxe neste tipo de filme, o personagem de Cooper presencia assassinatos, corre de conspiradores e se vê envolto a tudo aquilo que se pode imaginar com algo deste tipo, seja positiva ou negativamente. O aspecto ficcional acontece no momento em que se insere aqui uma tentativa de explicação dos efeitos que tal droga poderia causar fato que é totalmente desconhecido por nós.

Contudo, acredito que o interessante do argumento da fita é o fato de não desprezar totalmente o ser humano em si. A droga expande o cérebro, mas o ser humano que está inserido ali também interfere, o que faz com que frase do início do filme tenha bastante valor: “se a pessoa já for inteligente, ajuda”. Mesmo com toda essa tecnologia envolvida, o personagem de Cooper só consegue usufruir de todos os benefícios da droga, por que percebe em um momento que deve também pensá-la e não apenas usufruir dela.

Em termos técnicos o filme é clichê. Burger não é um inovador e nem um mestre na arte de fazer cinema. As cenas de ação permeiam entre os chassis da trilogia Bourne com elementos mais arcaicos. A edição rápida e precisa ajuda a criar a tensão, assim como um excessivo movimento de closes do diretor, que em muitos momentos chega a soar irritante. A trilha sonora é barulhenta e incessante e a fotografia tem um aspecto esfumaçado, quase que para criar um clima mórbido e até apocalíptico, mesmo que o filme não tenha nada em relação a tal elemento.

Cooper deixa um pouco em segundo plano seu lado “garanhão” que o está transformando em guru das comédias românticas e cria um bom personagem, com carisma adequado e que carrega bem todos os tipos de situação, inclusive as que exigem mais capacidade dramática. Elimine certo elemento cafajeste que aparece em um limiar de transição do personagem e temos um ótimo trabalho de um ator que ainda precisa provar que é bom. O elenco de apoio com o dinossauro Robert de Niro e a talentosa Abbie Cornish firma um ótimo apoio ao protagonista.

Burger filma com vontade um bom entretenimento, que se não bebe do poço da originalidade (acho que já escrevi essa frase antes por aqui), se sai mais inteligente e mais interessante do que sua capa ou até mesmo seu título aparenta. Funciona muito bem para aquela descompromissada sessão de cinema do sábado à noite, mesmo que seu efeito dure um pouco mais que isso.


(Limitless de Neil Burger, EUA - 2011)


NOTA: 6,5

Um comentário:

  1. Jura que vc só deu 6,5 nesse filme? Eu achei muito legal. Na verdade, fiquei horas pensando como seria a vida se todo mundo pudesse utilizar a máxima capacidade cerebral. Ahhh ia ser a pura exaustão. Enfim, eu já gostava muito do Cooper por causa do "Se beber, não case". Ele "perde" a pinta de galã pra compor um personagem mais denso, mais real, isso eu achei muito bacana. Mas o que me atraiu muito foi a trilha sonora, baixei inteira já. Apesar de as musicas variarem sempre nas mesmas notas, mesmos tons, quando vc pega pra escutar o cd todo, percebe-se a nuance entre a parte pesada, a sóbria, a animada etc.. Muito bommm!!!

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