Cinqüenta e três anos se passaram desde a criação de um dos personagens de maior sucesso da igualmente bem-sucedida empresa de cartoons dos gênios William Hanna e Joseph Barbera. Se Zé Colmeia em si nunca foi um de meus personagens favoritos, sempre encontrei em Catatau um personagem ao qual dedicava grande afeição. Essa afeição pela “voz da razão” e pelo eterno companheiro do grande urso pardo especialista em roubar cestas de piquenique no fictício parque Jellystone, já me causou grande tristeza, devido ao problemático longa lançado em 2010, o que me leva a pensar e a tentar adivinhar o quão ruim deve ter sido a sensação dos grandes fãs que a animação possui.
O parque Jellystone está ameaçado devido ao inescrupuloso prefeito da cidade que quer fechar a atração para transformá-lo em um novo complexo urbano. Assim sendo, Zé Colmeia e Catatau unem forças com o guarda-chefe do parque (Tom Cavanagh) e com uma aspirante a documentarista que tenta produzir um filme sobre a excentricidade de Zé Colmeia (Anna Faris). Se a sinopse não concentra nenhuma novidade, o longa apenas ratifica e potencializa tal característica.
O roteiro do filme é de uma infantilidade e de uma falta de criatividade, que é impossível não se atentar ao fato de que, mesmo as crianças, não encontrarão aqui, algo que as agrade. A fita é cheia de passagens imediatistas, mal desenvolvidas, sem emoção e com um estoque de piadas limitadíssimo. O negócio é tal mal desenvolvido, que não consegue nem levar a fita a durar os clássicos noventa minutos, parando o assassinato ao espectador em torno dos setenta e cinco minutos.
O carisma de Catatau e de Zé Colmeia ainda existe afinal isto é algo dos personagens e que independe da técnica de animação ou do meio onde se inserem, todavia, este adjetivo é aqui sufocado por situações clichês, romances baratos, crises existenciais ridículas e uma “teoria da conspiração” totalmente fora de sintonia. Até mesmo a lição de moral e o elemento politicamente correto que quase sempre aparecem em filmes infantis é batido e mal desenvolvido (como é de se imaginar, existe todo um aspecto pró ambientalismo no filme).
Como se não bastasse a dificuldade do roteiro e da produção, a técnica aqui utilizada é a de animação live-action, técnica que mistura pessoas e animações computadorizadas (estilo Alvin e os Esquilos). Eu não tenho nada contra a técnica, entretanto, acredito que a mesma desagrada muitas pessoas, o que dificulta ainda mais a assimilação do filme pelos amantes da sétima arte. Como se não bastasse, fãs mais ortodoxos tendem a torcer o nariz para tal “modernização” dos personagens gerando assim mais um grande problema para a fita: além de não possuir qualidade suficiente para angariar novos fãs, o filme afasta os antigos devido à sua forma, já que conteúdo aqui é quase nulo.
Antes de finalizar este curto texto, faço uma importante ressalva: é necessário, para qualquer espectador, não abandonar o histórico do cartoon. Zé Colmeia e Catatau são lendários e permeiam o imaginário e o sentimento nostálgico de muitas pessoas, assim sendo, é importante frisar que o desenho continua com seu charme e sua importância mesmo após este tiro na água. Logicamente que o filme em si não respeita e nem leva em conta todo este histórico, e é por isso que esta ressalva é tão importante, afinal tenho certeza que o espectador não quererá cometer o mesmo erro que os energúmenos que fizeram isto aqui. Zé Colmeia e Catatau são eternos, enquanto que este filme não passa nem perto disso.
(Yogi Bear de Eric Brevig - EUA/Nova Zelândia, 2010)
NOTA: 2,5
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