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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A INQUILINA


Médica de pronto-socorro que acaba de se mudar, se vê envolta a uma obsessão doentia que parte exatamente do homem que é dono do apartamento onde esta se encontra. Ao longo do filme, mesmo que de relance, percebemos que tudo foi armado pelo próprio. Essa obsessão (que não se sabe a origem) atinge níveis altíssimos, terminando de maneira trágica aquilo que já estava predestinado para tal.

A ideia parece boa? O contexto parece criar uma expectativa interessante? O elenco composto por Hilary Swank, Jeffrey Dean Morgan e Christopher Lee faz com que o filme fique ainda melhor? Em teoria tudo isto pode ser verdade, contudo, na prática o que vemos é o oposto disso. A Inquilina não é um mais do mesmo em um mundo de clichês de sustos e sombras, mas ele vai além disso, e se transforma em uma experiência simplesmente lamentável.

O filme não funciona como suspense, não funciona como drama, não funciona como romance, não funciona como terror, no final das contas, ele não funciona nem como filme, seja lá de qual gênero esta obra pretende ser. O roteiro é furado, atropela várias situações e não consegue superar limitações básicas do cinema, como escolher um personagem ou um núcleo central, ou ainda escolher um norte para a história. A verdade é que o estreante diretor finlandês Antti Jokinen, faz um trabalho horrível, tanto na construção da obra em si, quanto com a câmera nas mãos.

A fita é mal enquadrada, não possui eloquência e não consegue criar um corpo, ou seja, não se estrutura, fica cambaleando entre um argumento e outro sem tomar nenhum como fundamental ou ainda sem gerar identificação com o mesmo. Jokinen falha tanto, que transforma sua heroína em uma mulher volúvel, sem padrões e totalmente frívola, enquanto que seu “vilão” ganha a simpatia do público pela feição chorosa e convidativa de piedade. A pergunta básica é: não deveria ser ao contrário? O agressor é bonzinho e a agredida é uma pessoa ruim? Jokinen consegue a façanha de inverter os papéis, fato que coloca o personagem de Dean Morgan como o mais passível de aproximação com as pessoas, levando o espectador a torcer pelo vilão. A pergunta então se transforma: Pablo, mas não se pode torcer pelo vilão em um filme? Claro que pode, mas isso acontece pelo desejo e interpretação do espectador, e não pela imposição do filme. O suspense tem sua base na relação herói/bandido ou agressor/agredido e a simpatia do espectador se pauta em sua admiração pelo filme e não por uma inversão de roteiro. A falta de carisma da heroína neste caso faz com que o espectador necessariamente se fantasie pelo outro lado.

Os furos de roteiro são gritantes. Muita coisa não se explica e outras se mantêm por outorga do argumento da fita, isso sem contar o final lamentável e fácil. O elenco é um desperdício. Dean Morgan parece a Bela do Crepúsculo com aquela cara de quem só chora e aquele olhar de cachorro abandonado, mesmo assim, o sósia de Javier Bardem é o “menos ruim” do elenco (isso mesmo!). O gigante e ícone Christopher Lee tem um personagem completamente inútil e que só está ali para tentar amarrar algumas incongruências do roteiro, enquanto que Hilary Swank vive mais uma vez sem sucesso sua odisséia para tentar provar ao mundo que é muito mais que uma atriz dramática, fato que eu particularmente não entendo, e que só nos propiciou filmes de qualidade bem duvidosa como O Núcleo, Insônia, A Colheita do Mal entre outros.

Se quiser se manter no ramo, Jokinen primeiramente precisa aprender a dirigir, em outras palavras, precisa esquecer as tentativas feitas aqui e começar de novo, sem olhar pra trás, pois se existia uma forma de se começar a carreira com o pé esquerdo Jokinen a encontrou, e não fez só isso, ainda a abraçou, fez um carinho na cabeça e chamou de meu amor.  Minutos preciosos da minha vida que não voltam mais.


(The Resident de Antti Jokinen, EUA/Reino Unido - 2011)



NOTA: 1,5

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