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segunda-feira, 31 de maio de 2010

O SOLISTA


Ficha Técnica

Título Original:The Soloist
Gênero:Drama
Duração:117 min
Ano De Lançamento:2009
Site Oficial:http://www.soloistmovie.com/
Estúdio:DreamWorks SKG / Universal Pictures / Studio Canal / Participant Media / Krasnoff Foster Productions / Working Title Films
Distribuidora:DreamWorks SKG / Universal Pictures / Paramount Pictures / UIP
Direção: Joe Wright
Roteiro:Susannah Grant, baseado em livro de Steve Lopez
Produção:Gary Foster e Russ Krasnoff
Música:Dario Marianelli
Fotografia:Seamus McGarvey
Direção De Arte:Greg Berry e Suzan Wexler
Figurino:Jacqueline Durran
Edição:Paul Tothill
Efeitos Especiais:Double Negative


Elenco

Jamie Foxx (Nathaniel Ayers)
Robert Downey Jr. (Steve Lopez)
Michael Bunin (Adam Crane)
Marcos de Silvas (Prefeito Antonio Villaraigosa)
S. Zev Esquenazi (Sargento Hendrickson)
Artel Great (Leon)
Justin Rodgers Hall (Sargento Harris)
Lisa Gay Hamilton (Jennifer)
Rachel Harris (Leslie)
Tom Hollander (Graham Claydon)
Catherine Keener (Mary Weston)
Edward Kiniry-Ostro (Craig)
Susana Lee (Marisa)
Wayne Lopez (Oficial Hank)
Justin Martin (Nathaniel Ayers - 13 aos 16 anos)
David Jean Thomas (Jim Trotter)
Lorraine Toussaint (Flo Ayers)
Ilia Volok (Sr. Barnoff)
Maggie Wagner (Sra. Villaraigosa)
Jena Malone


Sinopse

Steve Lopez (Robert Downey Jr.) é um colunista famoso do Los Angeles Times e vive em busca de uma história incomum. Em um dia como outro qualquer, não exatamente em sua busca por uma matéria, ele ouve na rua uma música e descobre Nathaniel, tocando muito bem num violino de apenas duas cordas. Seu nome é Nathaniel Ayers (Jamie Foxx), um dos milhares de sem teto das ruas de Los Angeles, ex músico que sofre de esquizofrenia, sonha em tocar num grande concerto e é um eterno apaixonado por Beethoven. Lopez prepara uma coluna sobre sua descoberta e recebe de um leitor, como doação, um instrumento para o músico. É o começo de uma amizade que poderá mudar para sempre suas vidas. Baseado em fatos reais.



CRÍTICA


Uma história real de talento e tristeza, aliada a componentes meio dramáticos, meio complexos e de certo modo pouco empolgantes. Não há dúvida, sobre a capacidade técnica daqueles que estão por trás de O Solista, agora, o filme tem a faca e o queijo na mão, mas por algum motivo deixou escapar alguma coisa, pois o filme é tecnicamente perfeito, mas perde na questão da assimilação por parte do público, ou seja, o filme é um pouco monótono e por que não dizer um pouco chato.

A fita é uma alternância de bons e maus momentos, de bons e maus aspectos, que vão desfilando a nossa frente e mostrando o principal defeito da fita, seu lento andamento. São quase duas horas, que parecem ser muito mais, e que apresentam uma falta de dinâmica que prejudica muito a fita, fazendo com que possa haver alguns roncos ou bocejos ao longo de sua exibição.

Tecnicamente o filme é até interessante. Uma boa atuação de Downey Jr. E um Jamie Foxx simplesmente sensacional. O filme tem uma bela trilha sonora (afinal o violoncelo é um instrumento de grande beleza), e eu particularmente achei muito bem focada a direção de Joe Wright. O diretor mantém o espectador sempre distante, como um simples espectador de uma história mesmo, abrindo os planos de imagem para gerar essa sensação de distância, além de recuar bastante sua posição. Entretanto, isso se dá apenas, enquanto os dois personagens conversam ou discutem, quando a música do personagem de Foxx entra em cena, assim como as impressões do personagem de Downey Jr, Wright fecha os planos e aproxima a câmera, para aí sim tentar nos levar para dentro de tudo aquilo, e que apesar de a já citada monotonia do filme, produz resultados bem válidos.

O roteiro esbarra em vários momentos. Em alguns momentos os diálogos são de uma velocidade muito grande, o que gera até certa dificuldade de acompanhamento por parte do espectador. Já em outras partes, demora para acontecer, e quando acontece não produz boas respostas deixando alguns buracos e situações mal explicadas. A idéia e o escopo geral são bem contundentes, mas o desenvolvimento encontra várias dificuldades, e derruba o nível do filme lá embaixo.

Resumindo, estamos diante de uma obra que poderia ter sido muito melhor. A história é boa, os atores são bons e o diretor mostrou que tem talento, mas a falta de dinâmica e um roteiro mal elaborado, no quesito detalhes e desenvolvimento fizeram com que O Solista caísse muito de nível, ficando como um filme de médio para ruim, sendo que no primeiro ponto, sua consideração exige até certa bondade do espectador. Infelizmente os defeitos acabam se sobressaindo.


NOTA: 4,5

terça-feira, 25 de maio de 2010

A SÉTIMA VÍTIMA


Ficha Técnica

Título Original:Darkness
Gênero:Terror
Duração:102 min
Ano De Lançamento:2002
Estúdio:Dimension Films / Vía Digital / Fantastic Factory / Castelao Producciones S.A.
Distribuidora:Dimension Films / 20th Century Fox Film Corporation / Europa Filmes
Direção: Jaume Balagueró
Roteiro:Jaume Balagueró, Fernando de Felipe e Miguel Tejada-Flores
Produção:Julio Fernández e Brian Yuzna
Música:Carles Cases
Fotografia:Xavi Giménez
Figurino:Eva Arretxe
Edição:Luis de la Madrid
Efeitos Especiais:Filmtel S.A.


Elenco

Anna Paquin (Regina)
Lena Olin (Maria)
Iain Glen (Mark)
Giancarlo Giannini (Albert Rua)
Fele Martínez (Carlos)
Stephan Enquist (Paul)
Fermín Reixach (Villalobos)
Francesc Pagés (Motorista)
Craig Stevenson (Eletricista)


Sinopse

Quarenta anos atrás, um ser que vive nas trevas foi invocado em uma casa, que foi abandonada em seguida. Este ser permaneceu vivendo de forma oculta, fazendo planos e aguardando que novos moradores se mudassem para lá. Décadas se passaram, até que uma família se muda para o local.



CRÍTICA


A receita de A Sétima Vítima é até certo ponto bem simples: Junte um clima obscuro, fincado em bases clássicas de filmes de horror, um amontoado de clichês de filmes que envolvem casas assombradas e com passado tenebroso, um fenômeno natural para finalizar a ação e uma reviravolta gritante no final. Depois disso, você leitor deve estar com a seguinte pergunta na cabeça: Estamos então diante de mais um filme de terror comum, entre os vários fabricados nos anos 2000? E a resposta é simples: Sim, estamos.

O diretor Jaume Balagueró não se preocupou em nenhum momento em desviar dos clichês do gênero. Tudo está ali, os sustos comuns em vidros, fotografias, passagens de sombra, embaixo da cama, nas paredes; nem mesmo na questão dos cômodos escondidos ele pensou em escapar. A direção e a fotografia, assim como a direção de arte, seguem a risca a deixa dada pelos filmes de terror ao longo dos anos. Closes para mostrar algo, com o movimento do ator ou mesmo da câmera, aparições relâmpagos nas sombras, realizadas por um trabalho veloz de edição e de efeitos especiais; maquiagem escura e revelando ferimentos clichês nos fantasmas, ou seja, nada eu você já não tenha visto anteriormente.

O roteiro, assim como todo o resto, segue a linha comum, não destoa em nenhum momento, e vai batendo os clichês no rosto do espectador, e em alguns momentos tentam até enganá-lo, o que me parece difícil de acontecer. Temos rituais, pessoas da família envolvidas nas mortes, uma história trágica, e uma tentativa estranha de explicar o objetivo do ritual: “Voltarmos a como éramos antigamente, caos e destruição”; simples assim, já que o roteiro não adentra neste ponto e ficamos com uma baita interrogação na cabeça, não se sabe quem eram os outros envolvidos, nem nada do tipo, o que deixa o roteiro com buracos enormes e com uma pergunta clara na cabeça: Seriam esses médicos, insanos hobbesianos que elevaram a teoria antropológica do mesmo ao extremo? Isso é algo que acredito que jamais saberemos.

O elenco em primeiro momento pode até criar alguma expectativa, pois temos a vencedora mirim do Oscar Anna Paquin e a competente e esforçada Lena Olin, porém elas não ajudam muito também não. Paquin continua com a cara de menina sofrida que adquiriu em basicamente todas as interpretações pós O Piano, além do fato de o roteiro ter transformado sua personagem em uma mulher madura demais, que definitivamente não competia nem com sua personagem normal de filha do casal e nem com sua atuação. Olin representava a mãe com vida corrida, de certo modo ausente e meio neurótica, e em vários momentos ela até consegue convencer, mas não passa de uma atuação burocrática. Vale só o comentário da semelhança de Iain Glen com o falecido Christopher Reeve, o eterno Super-Homem (semelhança física).

Nem mesmo a tentativa de criar um final intrigante e imprevisível salva este terror/suspense. Eu até gostei da reviravolta no fim, mas admito que é pura interpretação, e que depende da particularidade de cada um. Em suma, temos um final interessante para um filme clichê e que escorrega em quase todas as partes, sendo assim, não dá pra salvar muita coisa não, o que fez com que esta fita se tornasse até certa decepção.


NOTA: 4,0

quinta-feira, 20 de maio de 2010

ENCURRALADO


Ficha Técnica

Título Original:Duel
Gênero:Ficção
Duração:90 min
Ano De Lançamento:1971
Estúdio:Universal TV
Direção: Steven Spielberg
Roteiro:Richard Matheson
Produção:George Eckstein
Música:Billy Goldenberg
Fotografia:Jack A. Marta
Direção De Arte:Robert S. Smith
Edição:Frank Morriss


Elenco

Dennis Weaver (David Mann)
Jacqueline Scott (Sra. Mann)
Eddie Firestone (Dono do café)
Lou Frizzell (Motorista de ônibus)
Gene Dynarski (Homem no café)
Tim Herbert (Atendente no posto de gasolina)
Shirley O'Hara (Garçonete)
Charles Seel
Lucille Benson


Sinopse

Homem de negócios dirigindo sozinho em uma estrada secundária de repente se vê perseguido por motorista de caminhão. Depois de algum tempo, ele chega a conclusão de que aquele motorista pretende matá-lo.



CRÍTICA


Encurralado é o primeiro filme daquele que posteriormente viria a se tornar o diretor de cinema mais popular de todos os tempos: Steven Spielberg. Dito isto, vamos elencando as coisas: sem fama, Spielberg contava com uma situação um pouco inusitada se levarmos em consideração o que aconteceria depois com ele, que é possuir pouco dinheiro para realizar a fita. Assim sendo, temos um Spielberg que precisava muito mais do seu talento como diretor em si, do que como criador de efeitos especiais e produtor. Os fãs do diretor que me perdoem, mas Spielberg é o que é muito mais por seu talento em se utilizar dos efeitos especiais, do que propriamente do seu talento dirigindo uma câmera.

Dito isto, temos um Spielberg ainda muito imaturo na direção, e que perde em alguns momentos o direcionamento de sua câmera. Utiliza-se de planos extremamente fechados na maioria do tempo, o que em minha opinião é uma tentativa de sufocar o espectador, que não funciona muito, só faz com que vejamos as coisas de forma macro, perdendo na grande maioria o todo do que está acontecendo.

Não podemos esquecer que o filme tem um roteiro bem pobre, já que se resume em colocar um motorista de um caminhão (que em nenhum momento é mostrado pela fita), criando situações “imprevisíveis” e de certo modo tentando assassinar outro motorista a bordo de seu carro (bem interpretado por Dennis Weaver), que divide com o primeiro a mesma estrada. O que acontece, é que o roteiro não se preocupa em nenhum momento com motivos ou explicações. O filme se inicia com uma transmissão de rádio, que é uma tentativa de Spielberg de mostrar “Olha, estamos em um dia comum na estrada”, e de repente tudo muda, do nada simplesmente. Não existe, assim como em A Morte Pede Carona, um motivo implícito que pode ser enxergado pelo espectador, fazendo com que tenhamos algo um pouco parnasiano, o que agrada muita gente, mas a mim, é uma falha grandiosa.

Não nego que o filme tenha qualidades: Spielberg já se utiliza aqui, do posicionamento de câmera que o deixaria famoso com Tubarão, que é colocar a câmera como se fosse à visão do agressor ou do agredido, apenas com algo a sua frente, ou seja, fundindo a câmera com o personagem, o que é realmente algo muito perspicaz. A paisagem das estradas estadunidenses, quando captadas por uma boa fotografia, sempre gera bons cenários para este tipo de filme, e o elenco é interessante, apesar de reduzido devido ao roteiro do filme.

Encurralado nos mostra um Spielberg diferente, jovem e sem a pompa toda. Logicamente, que hoje, Encurralado é um filme bem cultuado, muito mais por ser o primeiro filme de Spielberg do que por ser bom mesmo. Os efeitos, limitados pela época são bem utilizados, já mostrando o real talento do diretor em questão.

Um road movie comum, que se não fosse de Spielberg teria caído no esquecimento. Trabalha muito bem com algumas partes, mas peca demais, principalmente quando o assunto é a capacidade argumentativa da fita. Eliminando um pouco os erros para a falta de experiência de Spielberg, mesmo assim não é em Encurralado que estaremos diante do gênio em que Spielberg se tornou, isso acontecerá apenas com Tubarão alguns anos depois. Fã é fã, e por isso muita gente não concorda com a minha opinião, mas prefiro muito mais A Morte Pede Carona, afinal este último é muito mais truncado, inteligente e responsável.


NOTA: 5,5

domingo, 16 de maio de 2010

AGRADECIMENTOS E LUTO!

Pois é, mais uma vez venho aqui para agradecer a todos, que de vez em quando dão um pulinho aqui pelo blog e que dessa forma, na última semana, fez com que o ICENEMA chegasse à marca de 3.000 visitas ao longo desse pouco mais de 1 (um) ano de vida. Pode parecer pouco para alguns, mas para mim já é algo bem legal, e quero agradecer por isso. Tentarei corresponder sempre às visitas da melhor maneira possível, além de atualizar o blog sempre, mesmo com a minha atual falta de tempo.
MUITO OBRIGADO A TODOS!



Após o agradecimento, uma notícia triste. Eu sei muito bem, que o blog é direcionado ao público e ao cinema em si, entretanto o cinema não é a única arte presente em nossa vida, e não é a única que nos afeta; assim sendo, lamento neste momento a morte de uma das maiores lendas de uma outra paixão da minha vida: o Heavy Metal.
Ronnie James Dio não era apenas um vocalista, mas era a pura expressão da verdadeira paixão e do verdadeiro brilho presentes no Heavy Metal. Dio representava em suas músicas cada um de nós, headbangers, e nos fazia sentir tudo aquilo que sempre procuramos sentir quando ligamos o rádio com o volume no máximo. Dio era um demônio, um mestre, um gênio e que infelizmente agora não está mais conosco. Nos resta apenas a imortalidade de sua música e de seu legado, e os agradecimentos daqueles que nunca lhe esquecerão.


MUITO OBRIGADO DIO E LONG LIVE ROCK N´ ROLL!!!

terça-feira, 11 de maio de 2010

ONDE VIVEM OS MONSTROS


Ficha Técnica

Título Original:Where the Wild Things Are
Gênero:Aventura
Duração:101 min
Ano De Lançamento:2009
Site Oficial:http://wwws.br.warnerbros.com/wherethewildthingsare/
Estúdio:Warner Bros. Pictures / Legendary Pictures / Playtone / Village Roadshow Pictures / Wild Things Productions
Distribuidora:Warner Bros. Pictures
Direção: Spike Jonze
Roteiro:Spike Jonze e Dave Eggers, baseado em livro de Maurice Sendak
Produção:John B. Carls, Gary Goetzman, Tom Hanks, Vincent Landay e Maurice Sendak
Música:Carter Burwell e Karen Orzolek
Fotografia:Lance Acord
Direção De Arte:Sonny Gerasimowicz, William Hawkins, Christopher Tandon, Lucinda Thomson e Jeffrey Thorp
Figurino:Casey Storm
Edição:James Haygood e Eric Zumbrunnen


Elenco

Max Records (Max)
Catherine Keener (Connie)
Alice Parkinson (KW)
Lauren Ambrose (KW - voz)
Nick Farnell (Judith)
Catherine O'Hara (Judith - voz)
John Leary (Douglas)
Tom Noonan (Douglas - voz)
Sam Longley (Ira)
Forest Whitaker (Ira - voz)
James Gandolfini (Carol - voz)
Paul Dano (Alexander - voz)
Steve Mouzakis (Sr. Elliott)
Steve Mouzakis (Professor)
Chris Cooper (Douglas - voz)
Michael Berry Jr. (Daniel - voz)
Pepita Emmerichs (Claire)
Mark Ruffalo (Namorado)
Robby D. Bruce (Bully)


Sinopse

Max (Max Records) é um garoto que está fantasiado de lobo, provocando malcriações com sua mãe (Catherine Keener) por ciúme devido à presença de um amigo dela (Mark Ruffalo). Como castigo, ele é mandado para o quarto sem janta. Desta forma, Max resolve fugir da casa e usa a imaginação para criar uma misteriosa ilha, para onde vai de barco. Lá ele encontra vários monstros, que vivem em bando. Max diz que possui superpoderes, o que faz com que seja nomeado rei do grupo. Responsável por evitar que a tristeza tome conta do lugar, ele passa a criar uma série de jogos para mantê-los em constante diversão. Nesta tarefa, Max se aproxima de Carol (James Gandolfini), que tem um gênio imprevisível.


Premiações

GLOBO DE OURO

Indicado
Melhor Trilha Sonora



CRÍTICA


Quais os limites que um filme pode atingir na sensibilização de um espectador? Até onde vai a capacidade de encontrar o mais profundo da alma de alguém que está apenas sentado a frente de uma TV e nada mais? Como encontrar respostas para sensações que estão cada vez mais raras? Quando peguei em minha mão esta fita de Spike Jonze por algum motivo senti que estaria diante de uma magia e beleza que ultrapassariam o que eu tenho visto ultimamente, e felizmente eu estava certo.

Onde Vivem Os Monstros é uma fábula única, de um brilhantismo e de uma beleza fora do comum, e que toca o espectador no mais fundo de sua alma, ou seja, onde ainda existe um pouco daquela simplicidade e daquela inocência que a vida vai tirando ao longo dos anos. A verdade é que há muito tempo eu não me sentia tão bem e tão calmo diante de uma obra cinematográfica, pois além de todo o seu valor técnico e poético, a fita de Jonze é um teste para o ser humano; pois, afinal do que adianta o filme emanar alma e sentimento se o espectador não o tiver?

O filme puxa tanto o espectador para dentro de si, que aquele que não consegue se familiarizar com a tentativa de buscar o que existe de melhor nas pessoas, não compreende o filme e o acaba julgando de forma incorreta e imprecisa como mais um Crônicas de Nárnia da vida, o que em minha singela opinião é um erro de proporções gigantescas. A intenção da mente insana de Jonze não é um simples e comum filme de monstrinhos e bichinhos bonitinhos, mas é uma investigação e uma análise da mente de uma criança perturbada e sua busca por um lugar melhor, afinal, na terra dos monstros ele é o rei.

A imaginação do garoto Max o transporta para um mundo onde os monstros são claramente materializações dos sentimentos e das vontades do protagonista. Cada um deles representa uma parte de Max, e vão lhe mostrando a dificuldade de uni-las e de conviver com todas elas. Jonze se aprofunda em relações muito sensíveis e se utiliza de uma malícia e de uma câmera leve, simples e até certo ponto modesta, mas precisa para nos arrastar para os movimentos e pretensões primeiramente do menino e depois do grupo ao qual ele se insere.

Tecnicamente a fita é perfeita. Uma fotografia brilhante, contrastando vários tipos de cenário, uma maquiagem absurdamente interessante e uma construção de efeitos na criação dos monstros que é no mínimo curiosa e original, já que os monstros possuem tamanho normal, e foram interpretados por atores vestidos nas roupas, o que colabora e muito para o quesito realismo na fita. Destaque também para a ótima trilha sonora, vibrante e bem interessante, saindo um pouco dos moldes mais épicos que trilhas deste tipo de filme costumam receber.

Onde Vivem Os Monstros não tem nada de infantil e também não é um filme para a família, pelo contrário é um filme de adultos e que gera uma autocrítica e um incomodo saudável no espectador como poucos. Um filme extremamente belo, tocante e que deve fazer parte de um dos seus momentos cinematográficos dos próximos dias. Um filme gigante, e que deve ser analisado pela ótica certa, senão provavelmente não se encontrará aqui graça alguma.

Jonze criou um filme como poucos nos últimos tempos, que consegue se utilizar de alegorias e bichinhos fofos para realizar um profundo relato do ser humano e de sua capacidade de fantasiar para fugir da realidade, sua capacidade de criar mundos e alternativas. Original, sensível e belo como nenhum dos filmes do seu gênero ultimamente, uma viagem sensacional e uma experiência emocionante e marcante como apenas Spike Jonze consegue fazer e como nenhum Crônicas de Nárnia ou Alice No País Das Maravilhas conseguiu fazer nos últimos tempos; contestado ou não, para mim está bem claro, que estamos aqui diante de um filme pouco compreendido, mas que quando compreendido se torna perfeito.


NOTA: 10,0

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS


Ficha Técnica

Título Original:Alice in Wonderland
Gênero:Aventura
Duração:108 min
Ano De Lançamento:2010
Site Oficial: http://disney.go.com/disneypictures/aliceinwonderland/
Estúdio:Walt Disney Pictures / Tim Burton Productions / Roth Films / Team Todd / The Zanuck Company
Distribuidora:Buena Vista International
Direção: Tim Burton
Roteiro:Linda Woolverton, baseado em romance de Lewis Carroll
Produção:Tim Burton, Joe Roth, Jennifer Todd, Suzanne Todd e Richard D. Zanuck
Música:Danny Elfman
Fotografia:Dariusz Wolski
Direção De Arte:Tim Browning, Todd Cherniawsky, Andrew L. Jones, Mike Stassi e Christina Ann Wilson
Figurino:Colleen Atwood
Edição:Chris Lebenzon
Efeitos Especiais:Sony Pictures Imageworks / Svengali Visual Effects / Plowman Craven & Associates / CafeFX / Matte World Digital


Elenco

Mia Wasikowska (Alice Kingsley)
Johnny Depp (Chapeleiro Maluco)
Helena Bonham Carter (Rainha Vermelha)
Crispin Glover (Valete de Copas)
Anne Hathaway (Rainha Branca)
Christopher Lee (Jabberwock)
Michael Sheen (Coelho Branco)
Alan Rickman (Lagarta)
Matt Lucas (Tweedledee / Tweedledum)
Stephen Fry (Gato Risonho)
Barbara Windsor (Rato)
Marton Csokas (Charles Kingsley)
Lindsay Duncan (Helen Kingsley)
Eleanor Tomlinson (Fiona Chataway)
Frances de la Tour (Tio Imogene)
Tim Pigott-Smith (Lorde Ascot)
John Hopkins (Lowell Manchester)
Geraldine James (Lady Ascot)
Amy Bailey (Hatteress)
Jemma Powell (Margaret Manchester)
Leo Bill (Hamish Ascot)
Eleanor Gecks (Faith Chataway)
Lucy Davenport (Lady Long Ears)
Arick Salmea (Nobre da Rainha Vermelha)
Paul Whitehouse (Coelho March Hare)


Sinopse

Alice (Mia Wasikowska) é uma jovem de 17 anos que passa a seguir um coelho branco apressado, que sempre olha no relógio. Ela entra em um buraco que a leva ao País das Maravilhas, um local onde esteve há dez anos apesar de nada se lembrar dele. Lá ela é recepcionada pelo Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) e passa a lidar com seres fantásticos e mágicos, além da ira da poderosa Rainha de Copas (Helena Bonham Carter).



CRÍTICA


Eis que então resolvi me dirigir até o cinema para acompanhar na telona o novo petardo de Burton e companhia limitada. A capa do filme chama a atenção e muito, já que além do fato de falarmos de um dos maiores clássicos da literatura mundial, temos também nomes consagrados do cinema como o próprio Burton, seus colaboradores habituais Depp e Bonham Carter, além de Hathaway e Rickman com sua voz inconfundível.

A questão que fica então é simples, o conteúdo do filme, supera a capa? E a resposta também é bem simples: Não! Vamos deixar claro primeiramente, que isto não faz de Alice... um filme ruim, agora que o “auê” que fizeram em torno da fita, leva o espectador a certa frustração ao final dela, isso com certeza acontece, já que a aventura “burtoniana” não empolga e nos gera o êxtase que uma história como a de Alice. poderia gerar.

A questão aqui não é nem qualidade, já que todo o aparato clássico de Tim Burton, quando o assunto é a parte técnica de seus filmes, é reconhecidamente muito belo e preciso, e não é diferente em Alice. Tudo é muito bem encaixado, muito bonito, o clima clássico de fantasia e um modo de filmar bem leve e que proporciona interpretações muito particulares dos personagens. Todavia, Burton teve dificuldades em escapar de alguns clichês do gênero, como o modo de moldar os efeitos especiais e até mesmo a questão de cenografia, se em Sweeney Todd, por exemplo, tínhamos um show de criatividade e originalidade, em Alice isso não acontece, o que faz com que o universo criado por Burton seja bonito, preciso e convincente, mas um pouco chato e comum.

Isso faz com que cheguemos ao maior problema da fita, que é certa falta de paixão que perpassa o filme todo. Alice tem certa forma mecânica, e a construção dos personagens, principalmente no caso de Hathaway, que está totalmente limitada a gestos e trejeitos previsíveis e robóticos, corrobora minha hipótese. O filme passa o tempo todo no mesmo ritmo, começa se desenvolve e termina da mesma maneira, sem ter aquele grande momento para ficar na memória do espectador, falta aquele “ÓÓ”, ou aquele “boom” que os bons filmes colocam e que ficam por dias, meses, anos e por aí vai à mente dos espectadores.A verdade é que Alice acabou se saindo um filme totalmente pragmático, o que contradiz a incrível dinâmica da obra original de Lewis Carroll.

A conclusão é bem clara então; já que os problemas de Alice não são técnicos, mas sim de sentimentos, ou para usar uma expressão mais comum, um problema de “feeling”, já que a fita é tecnicamente perfeita, mas não possui sentimento nenhum, é pura técnica apenas, e um grande filme precisa dos dois em alta, quando temos um só cria-se algo penso e que deixará de agradar alguns assim como agradará a outros.

Talvez seja chegado o momento de Burton descer um pouco do salto e verificar que a realidade não é só criar bonequinhos e colocar nomes famosos no elenco. Cinema exige paixão, sentimento e perspicácia, coisa que Burton não teve e passou isso de forma bem clara para o seu filme. Alice só não é um fracasso devido ao nome que construiu aos fãs fiéis que Burton e principalmente Depp possuem e ao aparato técnico que é realmente brilhante; agora que o longa de desenho animado da Disney é melhor, não tenho a menor dúvida, e esta certeza apareceu em minha mente desde o instante que o Alice de Burton saiu da telona; se um filme é metade técnica e metade paixão, metade razão e metade paixão, minha nota se justifica por um aspecto técnico impecável, e por lampejos de força e de emoções principalmente no ótimo trabalho de Bonham Carter como a Rainha de Copas, que pelo menos tira um sorriso de sua boca. Muito pouco para o talento de Burton e para a grandeza da obra de Carroll.


NOTA: 6,5

terça-feira, 4 de maio de 2010

HAMLET - VINGANÇA E TRAGÉDIA

Ficha Técnica

Título Original: Hamlet
Gênero:Drama
Duração:113 min
Ano De Lançamento:2000
Estúdio:double A films
Distribuidora:Miramax Films
Direção: Michael Almereyda
Roteiro:Michael Almereyda, baseado em peça de William Shakespeare
Produção:Andrew Fierberg e Amy Hobby
Música:Carter Burwell
Fotografia:John de Borman
Direção De Arte:Jeanne Develle
Figurino:Marco Cattoretti e Luca Mosca
edição:Kristina Boden


Elenco

Ethan Hawke (Hamlet)
Kyle MacLachlan (Claudius)
Sam Shepard (Fantasma)
Diane Venora (Gertrude)
Bill Murray (Polonius)
Liev Schreiber (Laertes)
Julia Stiles (Ophelia)
Karl Geary (Horatio)
Paula Malcomson (Marcella)
Steve Zahn (Rosencrantz)
Dechen Thurman (Guilderstern)
Rome Neal (Barnardo)
Casey Affleck (Fortinbrás)
Jeffrey Wright


Sinopse

Em plena Nova York do ano 2000,uma nova geração de jovens cineastas está despontando para a fama. Hamlet (Ethan Hawke) um deles, possuído por uma alienação e ânsia pouco comuns para os jovens espectadores de seus filmes. A Dinamarca não um reino, mas sim uma corporação gigantesca e o fantasma de seu pai desta vez aparece para Hamlet no terraço do hotel em que ele está hospedado. O clássico "ser ou não ser, eis a questão" desta vez declamado sob as luzes fluorescentes de uma grande locadora de vídeo. Entretanto, assim como na versão original, a saga de Hamlet mantém seu verdadeiro significado: o idealismo de um jovem destruído pela corrupção existente no mundo.



CRÍTICA


Shakespeare: o que seria do mundo sem a genialidade deste homem. Suas obras proporcionam todos os tipos de experiências, e esta fita que agora pretendo analisar, nos coloca diante de uma destas experiências, e venhamos e convenhamos, uma bem particular e nova. Levando em consideração as experiências anteriores de trazer para o mundo contemporâneo histórias cronologicamente antigas, tivemos dois resultados que soaram no mínimo interessantes com o Segundas Intenções de Roger Krumble e com o Romeu + Julieta de Baz Luhrmann (não me lembro de mais nenhuma no momento), e o trabalho de Almereyda segue quase que na mesma linha.

Como minha intenção aqui não é fazer comparação, vamos então analisar a fita de acordo com ela mesma e apenas isso, deixando os outros dois citados acima para outra oportunidade. Adaptar Shakespeare é algo realmente complexo, e trazê-lo para o mundo contemporâneo é um desafio e tanto, sendo assim, o projeto de Almereyda, se sai na pior das hipóteses como algo bem válido, agora isso não o faz ser a oitava maravilha do mundo, já que alguns defeitos dele são bem claros, assim como suas qualidades também estão bem estampadas.

O grande problema deste Hamlet está em praticamente criar um mundo paralelo à história quando a relacionamos ao mundo contemporâneo. Mortes acontecem, assassinatos, suicídios e nada de polícia ou qualquer repercussão, ou seja, tudo acontece ali e fica por ali, o que pode até acontecer, mas não da forma como o filme coloca, ainda mais por se tratar de uma corporação do tamanho que o filme a propõe, com certeza alguma coisa vazaria. Além disso, o filme peca em algumas caracterizações de personagem, que estão muito vulgares ou até mesmo fúteis demais, como é o caso de Horácio, que apesar de bem atuado por Karl Geary é muito simples, ou até mesmo a caracterização de Fortimbras na aparição de Casey Affleck. Destaque negativo também para uma trilha sonora pouco inspirada e que com raras exceções não empolga e em vários momentos nem se encaixa no contexto proposto.

Para citar mais alguns probleminhas, temos o fato de o filme possuir certa falta de ritmo, já que o filme é um intercalado de bons achados e coisas meio sem sentido. Todos os jargões de Hamlet estão presentes, incluindo o clássico “Ser Ou Não Ser”, mas talvez um roteiro menos intrincado e que tentasse ser menos “clássico”, desse um pouco mais de vida quando analisamos o todo desta obra.

Por outro lado, temos um elenco bem afiado, com destaque para o veterano Sam Shepard e para a ótima atuação de Stiles, passando uma interessante e contundente Ofélia. Vale lembrança também o esforço de Ethan Hawke na construção de seu Hamlet, que pode até não ser perfeito, já que em alguns momentos fica muito choroso e melodramático, mas consegue se sair bem na maioria dos momentos.

A direção é bem incisiva e te leva para dentro da história a todos os momentos e por todos os lados, e apesar de uns exagerados momentos igualmente melodramáticos aos de Hawke, Almereyda se mostra até bem seguro em um projeto difícil. A fotografia em tons azuis escuros com toques de cinza dá um efeito um pouco futurista para a fita, o que cria um interessante visual, e mostra a intenção do diretor, que é mesmo mostrar que pouca coisa mudou da podridão do reino da Dinamarca do século XVI para a podridão do mundo atual.

Este Hamlet pode não ter a astúcia e a inteligência do Hamlet de Olivier e nem a grandeza e precisão do Hamlet de Brannagh, mas de certo modo cumpre seu papel e faz uma viagem no tempo que pode soar anacrônica em alguns momentos, mas que sabe o que quer e nos proporciona um bom entretenimento, que agrada a muitos, assim como também desagrada a muitos por sua visão contemporânea de algo quase sagrado, como é a obra de Shakespeare. De um jeito ou de outro, por se tratar de um Hamlet, as discussões estão lançadas e isso não tem como negar.


NOTA: 7,0