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terça-feira, 4 de maio de 2010

HAMLET - VINGANÇA E TRAGÉDIA

Ficha Técnica

Título Original: Hamlet
Gênero:Drama
Duração:113 min
Ano De Lançamento:2000
Estúdio:double A films
Distribuidora:Miramax Films
Direção: Michael Almereyda
Roteiro:Michael Almereyda, baseado em peça de William Shakespeare
Produção:Andrew Fierberg e Amy Hobby
Música:Carter Burwell
Fotografia:John de Borman
Direção De Arte:Jeanne Develle
Figurino:Marco Cattoretti e Luca Mosca
edição:Kristina Boden


Elenco

Ethan Hawke (Hamlet)
Kyle MacLachlan (Claudius)
Sam Shepard (Fantasma)
Diane Venora (Gertrude)
Bill Murray (Polonius)
Liev Schreiber (Laertes)
Julia Stiles (Ophelia)
Karl Geary (Horatio)
Paula Malcomson (Marcella)
Steve Zahn (Rosencrantz)
Dechen Thurman (Guilderstern)
Rome Neal (Barnardo)
Casey Affleck (Fortinbrás)
Jeffrey Wright


Sinopse

Em plena Nova York do ano 2000,uma nova geração de jovens cineastas está despontando para a fama. Hamlet (Ethan Hawke) um deles, possuído por uma alienação e ânsia pouco comuns para os jovens espectadores de seus filmes. A Dinamarca não um reino, mas sim uma corporação gigantesca e o fantasma de seu pai desta vez aparece para Hamlet no terraço do hotel em que ele está hospedado. O clássico "ser ou não ser, eis a questão" desta vez declamado sob as luzes fluorescentes de uma grande locadora de vídeo. Entretanto, assim como na versão original, a saga de Hamlet mantém seu verdadeiro significado: o idealismo de um jovem destruído pela corrupção existente no mundo.



CRÍTICA


Shakespeare: o que seria do mundo sem a genialidade deste homem. Suas obras proporcionam todos os tipos de experiências, e esta fita que agora pretendo analisar, nos coloca diante de uma destas experiências, e venhamos e convenhamos, uma bem particular e nova. Levando em consideração as experiências anteriores de trazer para o mundo contemporâneo histórias cronologicamente antigas, tivemos dois resultados que soaram no mínimo interessantes com o Segundas Intenções de Roger Krumble e com o Romeu + Julieta de Baz Luhrmann (não me lembro de mais nenhuma no momento), e o trabalho de Almereyda segue quase que na mesma linha.

Como minha intenção aqui não é fazer comparação, vamos então analisar a fita de acordo com ela mesma e apenas isso, deixando os outros dois citados acima para outra oportunidade. Adaptar Shakespeare é algo realmente complexo, e trazê-lo para o mundo contemporâneo é um desafio e tanto, sendo assim, o projeto de Almereyda, se sai na pior das hipóteses como algo bem válido, agora isso não o faz ser a oitava maravilha do mundo, já que alguns defeitos dele são bem claros, assim como suas qualidades também estão bem estampadas.

O grande problema deste Hamlet está em praticamente criar um mundo paralelo à história quando a relacionamos ao mundo contemporâneo. Mortes acontecem, assassinatos, suicídios e nada de polícia ou qualquer repercussão, ou seja, tudo acontece ali e fica por ali, o que pode até acontecer, mas não da forma como o filme coloca, ainda mais por se tratar de uma corporação do tamanho que o filme a propõe, com certeza alguma coisa vazaria. Além disso, o filme peca em algumas caracterizações de personagem, que estão muito vulgares ou até mesmo fúteis demais, como é o caso de Horácio, que apesar de bem atuado por Karl Geary é muito simples, ou até mesmo a caracterização de Fortimbras na aparição de Casey Affleck. Destaque negativo também para uma trilha sonora pouco inspirada e que com raras exceções não empolga e em vários momentos nem se encaixa no contexto proposto.

Para citar mais alguns probleminhas, temos o fato de o filme possuir certa falta de ritmo, já que o filme é um intercalado de bons achados e coisas meio sem sentido. Todos os jargões de Hamlet estão presentes, incluindo o clássico “Ser Ou Não Ser”, mas talvez um roteiro menos intrincado e que tentasse ser menos “clássico”, desse um pouco mais de vida quando analisamos o todo desta obra.

Por outro lado, temos um elenco bem afiado, com destaque para o veterano Sam Shepard e para a ótima atuação de Stiles, passando uma interessante e contundente Ofélia. Vale lembrança também o esforço de Ethan Hawke na construção de seu Hamlet, que pode até não ser perfeito, já que em alguns momentos fica muito choroso e melodramático, mas consegue se sair bem na maioria dos momentos.

A direção é bem incisiva e te leva para dentro da história a todos os momentos e por todos os lados, e apesar de uns exagerados momentos igualmente melodramáticos aos de Hawke, Almereyda se mostra até bem seguro em um projeto difícil. A fotografia em tons azuis escuros com toques de cinza dá um efeito um pouco futurista para a fita, o que cria um interessante visual, e mostra a intenção do diretor, que é mesmo mostrar que pouca coisa mudou da podridão do reino da Dinamarca do século XVI para a podridão do mundo atual.

Este Hamlet pode não ter a astúcia e a inteligência do Hamlet de Olivier e nem a grandeza e precisão do Hamlet de Brannagh, mas de certo modo cumpre seu papel e faz uma viagem no tempo que pode soar anacrônica em alguns momentos, mas que sabe o que quer e nos proporciona um bom entretenimento, que agrada a muitos, assim como também desagrada a muitos por sua visão contemporânea de algo quase sagrado, como é a obra de Shakespeare. De um jeito ou de outro, por se tratar de um Hamlet, as discussões estão lançadas e isso não tem como negar.


NOTA: 7,0

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