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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

MULHERES À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS


Mulheres... é considerado por muitos o primeiro grande filme do amado diretor Pedro Almodóvar, contudo, é complicado para este ser entender o motivo pelo qual Almodóvar adquiriu o status que adquiriu tão quão é difícil aceitar o rótulo de grande filme para este trabalho ao qual dedicarei algumas linhas a partir de agora.

Almodóvar pode até ter algumas boas sacadas para a construção de argutos roteiros, porém isto o limita ao posto de bom roteirista, pois é nítida a dificuldade que o diretor possui para transpor boas ideais do papel para a telona, transformando-as assim em grandes cenas. O filme é morno, possui um ritmo cambaleante e em alguns momentos muito chato. Sua visão da sociedade espanhola e das mulheres em específico é degradante e seus exageros artísticos são no mínimo exagerados e irritantes a olhos de caráter mais sombreados.

Mulheres... opta por trilhar caminhos que podem ser considerados circenses em alguns momentos. Com seu elemento espalhafatoso no auge, Almodóvar transforma alguns personagens em verdadeiros palhaços com sua hiper-exagerada maquiagem. O táxi que aparece várias vezes no filme é de um mau gosto descomunal, e o tão falado experimentalismo artístico do diretor só aparece no figurino ora interessante, ora igualmente estabanado.

O elenco é o que se mostra mais interessante. Carmem Maura carrega bem o piano no papel de protagonista e constrói uma boa personagem, com audácia e com uma boa dose de equilíbrio quando necessário. Julieta Serrano também se sobressai como Lúcia, apesar de ter seu personagem caricaturado demais na parte final da fita pelos já citados exageros do diretor espanhol. Por outro lado, Maria Barranco sofre com sua Candela, muito mais pela fraca consistência argumentativa do personagem em si, do que propriamente por uma atuação ruim.

Como já resumidamente adiantado, o roteiro do próprio Almodóvar, é, em linhas gerais, até interessante. Possui uma boa ideia central e alguns bons desdobramentos, contudo, é suplantado pelos maneirismos do diretor e da pouca técnica que o mesmo possui na construção de um filme propriamente dito. De tal modo, Mulheres... torna-se uma boa ideia que quase deu certo, mas acabou se tornando mais frívolo do que deveria ser e menos sério do que deveria ser. Nenhuma boa ideia e nenhuma boa nuance consegue se salvar de uma execução sem punho e de uma imposição barata de psicologismos puramente parnasianos e sem qualquer fundamentação técnica ou até mesmo objetiva. Exagero por exagero, o circo se sai um pouco melhor, mas Almodóvar encontrou um público que aprecia isso e que o transformou naquilo que ele nunca foi e nunca será, ou seja, um bom diretor e fazedor de filmes em geral.

Ao contrário de Woody Allen, por exemplo, que eu respeito e entendo sua importância para a história do cinema, mas que por motivos de gosto pessoal não o dedico tanta admiração, Almodóvar é um fenômeno que eu simplesmente não entendo, e olha que este aqui é, dos filmes do diretor que eu vi aquele que menos me desagrada. Eu juro que tentei, mas pra mim, Almodóvar não dá.


(Mujeres Al Borde De Un Ataque De Nervios de Pedro Almodóvar, Espanha - 1988)



NOTA: 5,0

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