ENCONTRE AQUI

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O REI LEÃO



Dezesseis anos separaram a primeira desta que se deu ontem. Ao longo destes dezesseis anos muitas coisas aconteceram inclusive outras trinta e uma vezes este mesmo momento, esta mesma situação. Ontem completei trinta e três vezes, e precisei de todas estas para realizar aquilo que pode sim ser chamado de um “pequeno sonho”. Ainda me lembro do longínquo ano de 1995 e da primeira vez que tive em minhas mãos, ainda pequenas por pertencerem a um pequeno e magro garoto de nove anos, uma hoje velha fita VHS de cor verde com um brilhante adesivo em uma das partes que dizia “Ao terminar o filme, favor rebobinar a fita”, com ameaça de multa caso tal ato não fosse realizado pelo sujeito alugador. Aguardava tal momento com muita ansiedade, pois o filme em questão já estava consagrado por sua grandiosa passagem pelas salas de grande tela.

O fato de ser ainda um garoto, e principalmente de residir na “grande megalópole” de Taiaçu, interior de São Paulo, município que não inclui em suas raras opções de lazer, uma sala de cinema, impediram este ser que vos declama agora de acompanhar as aventuras de Simba e sua turma no cinema, fato que já naquele momento me deixou chateado. Contudo, devido à minha jovialidade, não havia ainda percebido o quanto aquilo significava para mim, fato que com as várias investidas do VHS ou DVD em posteridade fui percebendo e clareando-o em minha mente, até que cheguei à devida conclusão. Não ter tido a oportunidade de acompanhar o clássico O Rei Leão no cinema era uma das grandes frustrações de minha vida cinematográfica ou até mesmo comum.

Nunca deixe de declarar minha admiração por tal obra, fato, que ainda hoje sempre a postulo como um de meus filmes favoritos, adentrando de forma simples e rápida às minhas listas de “10 filmes favoritos”; todavia, jamais imaginei que teria outra chance; jamais imaginei que teria a chance de superar uma frustração fixada em mim por minha, na época jovialidade e má localização geográfica, mas eis que eu vi a luz, ou melhor, eu vi a oportunidade.

Graças ao advento da tecnologia 3D que eu tanto critiquei (e ainda critico), tive a oportunidade de acompanhar o relançamento de O Rei Leão no cinema; isto mesmo; de um dia para o outro, este “pequeno sonho” se transformou em uma grande realidade. Dirigi-me até o cinema com um sorriso no rosto, algo que me acompanhou o dia todo antes da sessão, e que se mostrava sempre acompanhado de uma grande ansiedade. Ao meu lado, minha aspirante a esposa e atual namorada, acompanhante certeira e precisa em minhas cinematográficas, e que estava muito mais feliz por participar da realização de um sonho pessoal de seu namorado do que pelo próprio filme em si. Imaginei que demoraria um pouco para me emocionar, mas estava enganado; pois com apenas cinco minutos de filme e soar alto dos acordes de Circle Of Life em versão dublada, desabei e me entreguei às nostalgias de uma época ultrapassada e ao mesmo tempo infinitamente presente em mim.

O 3D nada mais foi que um detalhe, e não interferiu em nada na superação de uma frustração. Tudo estava ali, grande, forte, alto, como eu sempre quis e imaginei. A cada passo do pequeno Simba, a cada soar da voz poderosa de Mufasa, a cada ironia do malévolo Scar, a cada gargalhada espantosa do trio de hienas formado por Shenzi, Ed e Banzai, a cada resmungo do calau Zazu, a cada brilho dos olhos azulados da leoa Nala e dos olhos amarelados da matrona Sarabi, a cada ensinamento do babuíno ancião Rafiki e a cada peripécia da famosa dupla formada por um suricate e um javali e que atendem pelos nomes de Timão e Pumba respectivamente, a emoção retumbava e se fazia estourar dentro de uma criança que ainda sobrevive em um corpo de vinte e cinco anos de idade, algo que, aliás, eu nunca fiz questão de esconder.

Poucos filmes produzem isso, poucas coisas te elevam a sensações que ultrapassam fronteiras temporais e espaciais e conectam intervalos que até poucos momentos pareciam simplesmente incongruentes e impossibilitados de qualquer convivência; à baila disso, surge um elo, uma conexão, que age como um movimento de destreza, indo e voltando de acordo com seu bel-prazer pelo minúsculo espaço mimético de nossa mente. O Rei Leão sempre foi muito mais que um filme, sempre foi um marco, e ajudou a moldar o ser humano que hoje julgo ser, e devido a isso, não poderia deixar passar mais uma oportunidade de homenagear e agradecer tudo o que esta obra fez e ainda faz por mim, pois tenho absoluta certeza, com o perdão da possível redundância, que terei ainda meu momento trinta e quatro, trinta e cinco e assim por diante. Sendo assim, por tudo aquilo que me ensinastes, por todos os grandiosos momentos que passei contigo, por todas as visões e emoções maravilhosas que me provocastes, e principalmente; por dezesseis anos de presença, onde sempre pude contar contigo, sempre que quis, ofereço meus singelos agradecimentos a você O Rei Leão, e que se siga assim o eterno ciclo da vida. Muito Obrigado.


(The Lion King de Roger Allers e Rob Minkoff, EUA - 1994)


NOTA: 10,0

Nenhum comentário:

Postar um comentário