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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

THOR


Um filme igual para um herói diferente; esta talvez seja a melhor forma de definir o petardo do clássico diretor Kenneth Branagh e sua iniciativa em filmes que são diretamente comerciais. Se levarmos em consideração que Branagh, é considerado por muitos (inclusive por mim), como a versão moderna de Sir Laurence Olivier, pela capacidade de transpor Shakespeare para o cinema; Thor é, além de totalmente incomum para o diretor, é algo que poderia ter sido evitado.

Branagh está nitidamente desconfortável. Seus movimentos de câmera são lentos para um filme de ação, e falta time ao diretor para este tipo de produção, o que faz com que o filme fique um pouco dramático em excesso. Os efeitos especiais são legaizinhos e o filme é bem colorido, às vezes um pouco demais, às vezes contrastando bem com a fotografia, o que nos leva a crer que, devido ao não domínio de Branagh no gênero, estas partes tenham sido inseridas quase que sem sua supervisão, transformando Thor em um filme cortado, repartido e que não consegue criar universos muito conectados.

Se Thor perde para outros filmes baseados em heróis de quadrinhos em sua parte normalmente mais forte (cenas de ação e efeitos especiais), ele ganha em plásticas e condução de atores. O filme tem uma fluência mais calma e se utiliza da mão forte, porém mais clássica de Branagh, para formar um clima menos explosivo e mais receptivo a uma parte menos específica para o gênero, porém mais altiva para espectadores em geral.

Falando deste jeito, parece que entro em contradição, pois até agora descrevi Thor como sendo diferente dos outros filmes do gênero, o que geraria um paradoxo com minha primeira frase deste texto. A questão é que, acidentes a parte, a essência do negócio é a mesma. Como quase todos os filmes baseados em quadrinhos, Thor funciona bem como entretenimento de domingo à tarde, mas deixa bastante a desejar quando o assunto é cinema de qualidade propriamente dito. O que faz Thor mais interessante que grande parte dos outros heróis, é a questão mitológica que o envolve. Tenho certeza que se Branagh fosse mais adequado e envolvido com o clima em geral, este aspecto teria sido mais bem desenvolvido, o que faria com que Thor tivesse, não apenas um atrativo a mais, mas um grande atrativo. 

Eu até gostei do filme, mas confesso também que, por gostar do herói envolvido e por possuir uma grande admiração pelo trabalho de Branagh estava inclinado a isto; contudo, admito que o filme seja mediano e que não possui muitas pretensões além de “ser mais um”. No final das contas, o Thor de Branagh me passou a mesma sensação que o Harry Potter de Alfonso Cuáron: é muito talento para pouco filme. Thor seria um filme melhor sem Branagh, assim como Branagh poderia ter se livrado dessa. Um filme meão, de puro entretenimento e sem muitas pretensões, e é apenas deste modo que o mesmo funciona, contudo àqueles que esperam dele mais que isso, melhor procurarem outra coisa.


(Thor de Kenneth Branagh, EUA - 2011)


NOTA: 5,5

Um comentário:

  1. Conseguiu ser mais divertido do que eu esperava. Muito bom.

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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