A nova tentativa de Adam Sandler de voltar a ser engraçado, aliada à nova tentativa de Jennifer Aniston de fazer algo diferente é a prova crua e viva de como um filme pode se perder e cair em um marasmo e em uma chatice fora do comum. Não que Esposa de Mentirinha possua grandes momentos, longe disso, contudo nada justifica uma queda de ritmo tão grande e um desenrolar tão patético e fácil que culminará na conclusão de mais uma comédia romântica sem sal e muito menos açúcar como tantas outras lançadas nos últimos tempos.
A fita de ampara na relação entre um cirurgião plástico (Sandler) que começa a namorar uma moça mais jovem e que por um acidente, ou melhor, pela descoberta de um ritual do personagem de Sandler que anda sempre com uma aliança e simula ser casado, pois segundo ele “ajuda com as mulheres”. O cirurgião então diz à jovem nova namorada que está se divorciando, e o problema acontece quando esta deseja conhecer a ex-mulher do personagem de Sandler, tal que este então pede ajuda a sua assistente (Aniston) para se tornar sua “fake wife”. Agora responda com sinceridade, você tem alguma dúvida ainda do que acontecerá no final do filme? Lógico que não. O pior é que a fita nem tenta ser diferente, se firmando nas bases mais que cansativas e chatas que povoam as locadoras e cinemas no gênero de Julia Roberts e Hugh Grant.
Contudo, deve se frisar que no início o filme até que caminha, de forma mediana, sem muitas emoções, porém também sem chatear o espectador, mas a coisa muda quando o cenário muda. Quando a trama se muda para o Havaí (devido a uma artimanha dos filhos de Aniston, que é mãe solteira, e Sandler também vira um falso pai) a fita desanda, e se torna refém de uma previsibilidade fora do comum, de inserções de situações bizarras e de um andamento que beira o insuportável. A cena em que o irmão do personagem de Sandler (que já é chato por si só), tenta salvar uma ovelha de um engasgamento é ridícula, em uma clara imitação barata da clássica cena da vaca de Eu, eu mesmo e Irene, isso sem contar o duelo de hula entre as personagens de Aniston e Nicole Kidman (que interpreta [se é que aquilo pode ser chamado de interpretação] uma antiga amiga/rival de escola de Aniston) que não ajuda em nada o andamento e é muito mal filmada.
Extensa demais, e em sua grande maioria chata demais, Esposa de Mentirinha é uma daquelas fitas que decepciona até mesmo para um domingo da tarde relaxante após o almoço, onde sua abertura a filmes ruins está mais presente. Às vezes eu me pergunto, por exemplo, se Aniston não se cansa de fazer sempre a mesma personagem, ao mesmo tempo em que me pergunto se Sandler não consegue enxergar que é um comediante em decadência, e que para fazer algo bom novamente, é preciso renovar seu estilo.
Outra coisa que já se esgotou foi a parceria de Adam Sandler com o outrora promissor Dennis Dugan. O diretor que já nos presenteou com O Pestinha e até se saiu bem no interessante O Paizão (ao lado de Sandler), não possui mais aquela paixão, aquela gana de fazer o espectador rir. Tudo é muito morno e muito mecânico, falta espontaneidade a Dugan, e isso é um claro reflexo de um diretor que faz sempre o mesmo filme, gerando o efeito Charles Chaplin em Tempos Modernos, ou seja, mesmo quando não se quer o negócio já é tão de praxe, que a forma é sempre a mesma. Se parcerias entre grandes atores e diretores se desgastam, imaginem só o que não acontece quando falamos de profissionais no máximo medianos e que tiveram alguns bons momentos.
Esposa de Mentirinha só prova que o gênero da comédia precisa se reinventar, que Sandler precisa se reinventar, que Aniston precisa se reinventar, que Dugan precisa se reinventar e que Kidman precisa voltar a atuar, uma vez que, a cada novo filme deste tipo e de tais características, o insuportável bate à porta desse mais do mesmo sem emoção e sem qualquer tipo de inventividade.
(Just Go With It de Dennis Dugan, EUA - 2011)
NOTA: 3,0
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