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terça-feira, 5 de julho de 2011

EM NOME DO REI


Quando comecei a assistir Em Nome do Rei já tinha em minha mente que se tratava de um filme que havia concorrido ao Framboesa de Ouro de pior filme, além de ter recebido críticas pesadíssimas dos críticos e ter gerado uma ira nos fãs ortodoxos do game no qual o filme foi baseado, que atende pelo nome de Dungeon Siege e que eu não sei nem se tem nome em português e também não tenho a menor idéia como é este jogo.

Fica claro então que eu não faço parte dos fãs cruéis que massacraram Em Nome do Rei por não representar bem o jogo, porém eu faço parte daqueles que entendem as críticas pesadas e também a indicação ao Framboesa de Ouro. É lógico que eu já vi coisa pior, inclusive outro filme do diretor Uwe Boll, no caso o terrível Alone In The Dark, agora o filme foi cercado de expectativa, e um dos grandes pontos a favor de um filme para este concorrer ao Framboesa de Ouro é a decepção que causa, muito mais até que a baixa qualidade.

Em Nome do Rei tem tantos problemas, que se eu resolvesse detalhar todos, tenho certeza que me alongaria excessivamente para um texto que fará parte de um blog, assim sendo, me aterei àquelas que considero mais fortes e mais imperdoáveis. Começo pela análise da direção do alemão Uwe Boll, que, de diretor não tem nada. É impressionante como Boll não consegue criar profundidade em nenhuma cena. Tudo é muito corrido, a câmera parece pendurada em algum lugar enquanto os atores pulam na sua frente. Ele erra nos enquadramentos e não consegue sequer criar o clima necessário para o decorrer do que se propõe. Para resumir em poucas palavras, ou melhor, em uma, lastimável, já que nem quando ele tem a chance de se utilizar dos planos abertos que encaixariam melhor as batalhas e esconderiam um pouco à falta de criatividade do diretor o resultado é diferente, o que me leva a perguntar como um cara desses consegue emprego no cinema?

O elenco, recheado de nomes conhecidos, porém poucos confiáveis demonstram o porquê de tal condição. Jason Statham até briga bem, mas querer que ele demonstre emoção é querer demais, simplesmente não dá. Leelee Sobieski parece uma pedra andando e não consegue desenvolver uma personagem que no final das contas não possui função nenhuma. Burt Reynolds não se livra em nenhum momento de sua cara de canastrão o que faz com que seu “rei justo e bondoso” pareça até uma piada. Agora, nada se compara as atuações irritantes e cruéis dos vilões do filme. Ray Liotta e Matthew Lillard nos proporcionam interpretações que beiram o amadorismo. Para não jogar tudo no lixo quanto às atuações, John Rhys-Davies, Will Sanderson e Claire Forlani até se esforçam, mas esbarram em personagens mal utilizados e mal construídos pelo roteiro, se é que se pode chamar uma história tão bobinha, tão clichê e tão sem imaginação de roteiro. Previsível, cheio de buracos e de saídas fáceis, o argumento do filme se transforma em uma união de tentativas de cenas de ação mal feitas, com dramas e aventuras medievais misturadas a elementos de fantasia, com direito a monstros e magia agregados ao mesmo.

Como se não bastasse, os efeitos especiais do filme são péssimos e a edição de som usa e abusa de tilintes e de “sons da natureza”, insistindo nestes, mesmo quando uma música se faria mais precisa. Aliás, se podemos salvar algo desta baderna cinematográfica, este algo é a trilha sonora, e com um ou outro deslize, o figurino também não faz feito, mas venhamos e convenhamos que é muito pouco, para um filme que possuía pretensões não muito modestas, ainda mais por estar incluído na turma das adaptações de um dos elementos mais fortes e de fãs mais radicais que existem, no caso, os fãs de vídeo games.

Tenho certeza que para os fãs do jogo citado em nosso primeiro parágrafo a decepção foi grande, e também tenho certeza que estes fãs torcem para Boll não resolver “adaptar” outro jogo para o cinema, eu pelo menos torceria, pois, se Alone In The Dark já era um filme de qualidade muitíssimo questionável (sendo bonzinho), Em Nome do Rei segue uma linha bem parecida, por mais que seja “menos pior” que o citado antecessor. Nem mesmo a boa Skalds and Shadows da banda alemã Blind Guardian tocando no menu e nos créditos salva isto aqui.



(In The Name Of The King: A Dungeon Siege Tale de Uwe Boll, Alemanha/Canadá/EUA - 2007) 



NOTA: 3,0

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