O cinema brasileiro começou a consolidar um tipo de linguagem que tem potencial para conquistar espaço e público frente às obras hollywoodianas. A fórmula encontrada: personagens carismáticos, uma montagem dinâmica, diálogos marcantes e uma história baseada em fatos verídicos. Os cineastas têm mostrado criatividade em romantizar enredos que respiram em casos da vida real, vide os recentes Tropa de Elite, Bruna Surfistinha, Jean Charles e Chico Xavier. Assalto ao Banco Central é mais um exemplo dessa leva. O filme conta a história do maior assalto a banco da história do Brasil, mas bebe muito na fonte de um formato já consagrado nos EUA. Lembra alguns filmes muito divertidos como Onze Homens e Um Segredo e Os Vigaristas, por exemplo.
Assalto ao Banco Central ganha o espectador por dois principais motivos: o carisma dos personagens e o desenvolvimento interessante da história. Foi feita uma opção de quebrar a linearidade. O diretor optou por intercalar em sua narrativa o desenrolar do plano para realizar o assalto e os desdobramentos do crime, que resultou na prisão de quase todos os envolvidos. É verdade que algumas atuações são irregulares e que a montagem comete muitos erros no desfragmento da história. Algumas vezes o filme insiste em uma informação desnecessária porque já sabemos o que aconteceu adiante. Outras vezes, faltam parâmetros ao se referir a algo que ainda estava para ser mostrado.
Mas o roteiro consegue criar situações inusitadas. Os personagens entram em situações impagáveis que levam a boas risadas. E o filme tem um ritmo constante, nunca deixando o nível de interesse do espectador cair ao longo da projeção.
Há, é claro, muitos problemas técnicos. Mas que podem ser perdoados. Percebe-se uma influência televisiva que é sempre muito nociva para o cinema brasileiro. E não é só no elenco. É na fotografia, nos enquadramentos e na trilha sonora. Isso dá aquela sensação de estar vendo novela das nove em versão ampliada.
Mas quem conseguir relevar e estiver procurando por uma hora e meia de entretenimento, em um filme que de fato consegue se aproximar muito da realidade do próprio espectador, pode ter em Assalto ao Banco Central uma boa experiência cinematográfica, sem ter que recorrer aos figurões americanos.
(Assalto ao Banco Central, de Marcos Paulo. 2011)
NOTA: 7,0
Nem como entretenimento funciona. Novelão e amador demais.
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