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terça-feira, 21 de junho de 2011

X - MEN:PRIMEIRA CLASSE


Os filmes de super heróis tem dominado, ou pelo menos marcado forte presença, todo ano da parte mais comercial do cinema, ou seja, vários dos blockbusters que enchem as salas de cinema de nosso país e do mundo todo possuem suas origens nos quadrinhos que outrora divertiram gerações não tão cinematográficas. Em sua grande maioria, os filmes de super heróis esbarram na falta de contundência para adaptar o quadrinho como um todo, ou por tentar uma adaptação mais ipsis literis do quadrinho, acaba se tornando um filme de público muito limitado e dependente da assimilação do quadrinho em si pelo público.

Como raras exceções, temos os ótimos dois primeiros filmes do Homem-Aranha, Os Batmans de Tim Burton e Christopher Nolan (isso para ficar apenas da produção mais “moderna” do cinema de super heróis) e os dois primeiros filmes de Bryan Singer na primeira trilogia da própria trupe de mutantes comandados pelo enigmático professor Xavier. Contudo, após dois filmes interessantes, a franquia X-Men desandou e produziu um terceiro filme que não acompanhava o mesmo ritmo dos dois primeiros (Bryan Singer deixa a franquia e dá lugar a Brett Ratner e a diferença é gritante entre a filmagem dos dois) e um X-Men Origens: Wolverine simplesmente patético. De tal maneira, a maioria das pessoas ao saber da produção de X-Men: Primeira Classe conviveu com um embate de esperança (com a retomada de bons filmes sobre os mutantes) e de medo (afinal, a coisa poderia ficar ainda pior). Pois bem, sai do cinema com a certeza de que existe uma luz no fim do túnel para os mutantes de Charles Xavier, já que X-Men: Primeira Classe provavelmente é o melhor filme que envolve estes personagens tão famosos e idolatrados por alguns.

O filme é dirigido por Matthew Vaughn, o mesmo diretor de Kick Ass, e isso interfere muito. Vaughn dá uma roupagem ao filme totalmente nova se considerarmos os filmes de super heróis, já que ele transfere o eixo principalmente do contexto para um elemento mais dramático. Muito mais que o desenvolvimento do caráter heróico ou maléfico dos personagens, e a construção de sua identidade como mutantes, Vaughn trabalha as necessidades e vicissitudes dos seres humanos que se vêem perante uma situação nova. O enquadramento e os ângulos de Vaughn, que privilegiam as expressões dos atores e suas facetas, ao invés de voos e elementos parafernálicos, mostra claramente que a intenção do diretor é mostrar que por trás de tudo aquilo, existe algo interessante, existe algo a ser trabalhado e que aposta na cognição do filme em si. O resultado é que X-Men: Primeira Classe muito mais que um filme de super herói, e acima de tudo um filme, já que Vaughn consegue superar em vários momentos as limitações e clichês do gênero, mas sem perder a identidade.

A proposta de Vaughn necessita então de suporte interpretativo, em outras palavras, de bons atores, afinal, aqui ao contrário de grande parte dos filmes do gênero tem que se saber atuar. O tripé então se fecha com as atuações e caracterizações inspiradas de James McAvoy como Charles Xavier e Michael Fassbender como Magneto. Este último é de longe, a melhor atuação de um ator na franquia dos mutantes. Ao mesmo tempo em que encontra nos protagonistas atuações primordiais, o elenco de coadjuvantes é comum, e não se mostra tão forte assim. Não que as atuações sejam ruins, mas não possuem o brilho da dos protagonistas, e às vezes não seguram a bronca que exige o trabalho de Vaughn. Em outros filmes de super heróis as atuações dos coadjuvantes seriam boas, mas para este aqui são normais.

O trio básico de construção de um bom filme, no caso direção, atuação e roteiro atua aqui de forma espantosa, e cria um efeito até engraçado, já X-Men: Primeira Classe se sobressai onde os filmes deste gênero normalmente falham e falha onde estes mesmos normalmente se sobressaem. Os efeitos especiais e a edição de som da fita possuem momentos problemáticos, além de um problema de caracterização de época e de figurino bem forte. Alguns personagens não estão bem caracterizados como a Mística de Jennifer Lawrence, que está muito chorosa e aquém de suas peripécias do gibi, e o Fera, que em alguns momentos parece mais um filhote de gato do que qualquer outra coisa, ponto negativo para a maquiagem também.

 
X-Men: Primeira Classe não é um filme perfeito, mas busca superar as barreiras de um gênero que angaria fãs normalmente ortodoxos, realizando esta superação de forma muito coerente e precisa. Confesso que fiquei feliz com o resultado do filme de Vaughn, já que realmente prefiro um filme que falhe na parte técnica e artística, mas que se mostre excelente no clássico trio acima neste texto citado, do que o contrário. Se isso já é bom, em filmes que buscam este aspecto, imagine em um gênero que não preza muito por este lado, digamos assim, mais “clássico” do cinema. Uma grata surpresa e um bom filme.


(X-Men: First Class de Matthew Vaughn, 2011 - EUA)


NOTA: 7,5

Um comentário:

  1. Realmente, uma ótima surpresa. Boa história, ótimo roteiro, cenas de ação empolgantes, efeitos especiais bem empregados, direção habilidosa e um elenco nada menos que fabuloso, com destaque para o Magneto de Michael Fassbender.

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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