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segunda-feira, 9 de maio de 2011

PACTO DE SANGUE



Billy Wilder dispensa apresentações. É um dos diretores mais renomados e mais competentes que já se apossou de uma câmera. Não obstante, Wilder também é culpado por uma versatilidade fora do comum, pois possui um tempo de filmagem que consegue se destacar e se encaixar em vários estilos de filmes; visto o fato de que dirigiu ao longo de sua carreira grandes filmes de vários gêneros como  comédias (Quanto Mais Quente Melhor, Sabrina), dramas no real sentido da palavra (Farrapo Humano, Crepúsculo dos Deuses), filmes com uma temática mais política e crítica ( A Montanha dos Sete Abutres) entre várias outras pérolas dos mais variados gêneros cinematográficos. Este texto então, analisará uma das mais complexas e ao mesmo tempo umas das mais cativantes obras de Wilder que atende pelo nome de Pacto de Sangue; um noir típico do seu início até o ponto final.

Para muitos, Pacto de Sangue é o melhor filme deste tão peculiar estilo, fato que eu discordo, já que considero filmes como Relíquia Macabra e até mesmo Chinatown, obras mais completas. Todavia, isto não quer dizer que não possuo apreço ou admiração por esta obra de Wilder, a única coisa, é que talvez existam alguns entre pontos que me fazem retirar um pouco esta aura de perfeição que alguns atribuem a esta fita. Antes de minha opinião, como de praxe, uma breve sinopse. Corretor de seguros (Fred MacMurray) arma plano para assassinar um de seus clientes: seu cúmplice? A esposa deste homem (Barbara Stanwyck), que começa um romance com o corretor e que juntos pretendem roubar o dinheiro do seguro e fugirem para viverem juntos. Não preciso nem dizer, que as coisas não saem como planejado e o filme vai perpassando todo este movimento.

Wilder conduz a fita com muita perspicácia e por que não dizer com muito cuidado. Tudo é bem entrelaçado e montado, mostrando o quanto Wilder se preocupou em não deixar passar em seu filme, um defeito até certo ponto comum em filmes deste tipo, ou seja, incongruências e contradições de roteiro, e o cuidado deu resultado, já que o roteiro conduz o espectador a uma trama cativante, plausível e que consegue criar no espectador flutuações que variam deste o suspense, até momentos mais românticos e melodramáticos. As reviravoltas do roteiro, são realmente surpreendentes e não soam nem um pouco forçadas, gerando surpresa no espectador naturalmente, não tentando enfiar algo com toda a força possível. Ponto para Wilder, que consegue esconder bem o jogo, sem perder a linha e sem levar o espectador a desistir de uma trama que caminhava para um clichê, mas que acaba valendo a pena com seu final monumental.

No que depende de Wilder, o filme realmente impressiona, entretanto Pacto de Sangue tem alguns problemas. Não gosto do trabalho de fotografia, o acho muito escuro e em alguns aspectos pesado demais para o clima que o filme quer criar,  a trilha sonora, por sua vez acaba soando um pouco falsa em algumas cenas, além de um Fred MacMurray muito caricato e trejeitoso. Seu personagem tem sempre os mesmos movimentos e sua expressão não muda, mesmo quando este altera seu estado físico para uma situação de pré-morte, além do clássico "baby" finalizando qualquer frase dita à personagem de Barbara Stanwyck, que a mim particularmente irritou. Ao contrário de MacMurray, o restante do elenco conduz muito bem a fita, com destaque para a própria Stanwyck que está muito estável e firme em um papel de personalidade dúbia e alternante e para o impagável Edward G. Robinson como o chefe do personagem de MacMurray.

Pacto de Sangue carrega o status de clássico absoluto, posto que aliás eu não questionei em nenhum momento, até por que, reconheço a importância e a qualidade de tal obra, e por mais que eu não a considere perfeita, indico-a sem pestanejar, pois se trata de um ótimo filme dirigido por um grande diretor, e por mais que possua alguns defeitos, isso já basta para qualquer leitor retirá-lo das prateleiras da locadora mais próxima.


(Double Indemnity de Billy Wilder, EUA - 1944)


NOTA: 8,5

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