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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

FELIZ 2011 E FÉRIAS!!!

Bom pessoal, O Escritor Fantasma que atendeu aos pedidos de minha namorada srta. Tamara Alves foi minha última postagem do ano de 2010. O blog cresceu e alcançou quase 3000 visitas este ano. Pode parecer pouco para alguns, mas para mim já está de bom tamanho para algo de pouca divulgação e que está sempre em segundo plano nas minhas prioridades. Gostaria de agradecer a todos que visitaram o ICENEMA neste ano de 2010 e pedir para que continuem em 2011, naquele que será o terceiro ano de nossa empreitada. Viajarei agora dia 29/12 e regressarei apenas no dia 10/01, afinal eu também preciso de folga, auhauhuhauhauhah! Espero encontrá-los em 2011. Até lá então!


OBRIGADO!

O ESCRITOR FANTASMA


Polanski não dava as caras como diretor único de um longa, desde o pouco inspirado Oliver Twist em 2005; ou seja, o diretor teve cinco anos para recarregar as baterias e engatar um novo projeto que desse conta de sossegar seus fãs assíduos e que fizesse valer o nome de um diretor que já nos presenteou com clássicos como O Bebê de Rosemary, Chinatown entre outros tantos. A pergunta então é: Esses cinco anos fizeram Polanski recuperar o seu ritmo e nos mostrar um grande filme? E a resposta para a alegria de todos os amantes do bom cinema é SIM. 

O Escritor Fantasma é um thriller excelente, que mistura suspense, perseguições e elementos de vários gêneros, além de flertar com embates políticos, algo que tanto agrada os fãs de cinema atual e que se encontra extremamente presente no cotidiano das pessoas. Polanski acerta a mão na construção e na exploração precisa de um roteiro que é extremamente gostoso, porém igualmente difícil e com vários pormenores.A situação é basicamente esta: Ex - Primeiro Ministro britânico contrata novo escritor fantasma para escrever suas memórias, já que o anterior apareceu misteriosamente morto. Entretanto, o que o novo escritor não esperava é que este ex-ministro estaria envolvido em várias acusações de crimes de guerra e que envolvem um grande esquema de ação da CIA envolvendo tortura de presos acusados de terrorismo.

A direção é precisa, e Polanski mostra que domina a câmera como poucos, nos proporcionando tanto cenas diretas, como cenas emblemáticas e cheias de força e simbolismo ( a cena final é puro talento). O roteiro é um achado, e mistura elementos políticos e policiais, além de demonstrar grande capacidade argumentativa, inteligência e um humor negro brilhante e eficaz, algo que venhamos e convenhamos, já é de praxe nos filmes de Polanski. Alie isso, a uma paisagem simplesmente fascinante, uma fotografia magistral e uma trilha sonora bem identificada e correta, e já teremos motivos de sobra para elogiar um filme, que consegue se prender a um roteiro difícil, mas sem nunca enjoar ou causar torpor no espectador.

Como se não bastasse, Polanski ainda não perdeu a força e o talento também para conduzir atores, sejam eles bons ou ruins. Ewan McGregor é o protagonista da fita (e não tem seu nome citado em nenhum momento, sendo conhecido ao longo do filme apenas como escritor fantasma) e atua com grande sinceridade e precisão. McGregor sempre foi um bom ator, apenas erra na escolha de alguns projetos, e aqui mostra isso de forma bem convincente. Brosnan nos propicia uma excelente atuação como o Ex- Pimeiro Ministro Adam Lang, mostrando que Polanski também é bom em tirar leite de pedra, afinal qualquer um sabe as limitações que Brosnan tem como ator; o que aqui realmente não aparece. O ponto negativo do filme, talvez seja o pouco aproveitamento de Tom Wilkinson e uma explicação melhor da função de seu personagem, já que o roteiro dá uma atrpelada aquie realmente fica um pouco mal explicado.

O Escritor Fantasma é um grande filme de um grande diretor, que vai superando seus problemas pessoais e suas neuras para nos brindar sempre mais com seu cinema que encontra poucos rivais na atualidade. Que Polanski faça mais filmes e continue nos brindando com fitas como este O Escritor Fantasma. Suspense policial misturado com thriller político agregado a lapsos de filme de ação e  e um contingente final brilhante, finalizando o filme de forma estupenda, transformam a obra de Polanski em um dos melhores momentos do cinema em 2010. Forte candidato a aparecer na minha lista dos melhores do ano.


NOTA: 9,0

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O RETRATO DE DORIAN GRAY


Existem alguns livros que povoam a mente dos amantes da literatura de uma forma tão poderosa e por que não dizer cruel, que gera incansáveis estudos e discussões sobre seu real sentido ou o real intento do autor. Estes livros recebem o nome de clássicos e superam o tempo e o espaço, chegando ainda a nossos dias com a mesma força que sempre tiveram. Transformar estes livros em filmes é sempre complexo, principalmente por dois motivos: primeiro pelos vários temas que o livro aborda, sendo que muitos deles possui um caráter de subjetividade muito grande; segundo por que em caso de ato falho, as críticas são exorbitantemente maiores.

Este filme é a décima adaptação do clássico de Oscar Wilde para o cinema. Destas 10 eu vi 3 (incluindo esta) e nenhuma chega sequer perto da grandiosidade do livro, mas este exagerou na dose. Com exceção de um esforçado Colin Firth e da excelente fotografia em tons azuis que ajuda a criar todo o clima gótico que permeia o filme, nada se salva.

O roteiro não fica tão fiel ao livro, altera várias passagens relevantes, exclui ótimos momentos, cria personagens desnecessários e sem sentido e não consegue prender o espectador, de tão chato que fica a construção argumentativa como um todo; isto por que estamos diante da adaptação de um livro que te prende de uma tal forma que é difícil parar de lê-lo. O filme é lento e o final é simplesmente ridículo, ainda mais para quem leu o livro (que aliás, é uma leitura obrigatória). A originalidade do argumento de Wilde, ainda está bem disfarçada ali, porém o diretor Oliver Parker não consegue dar fluidez a história, que passa de uma história emocionante e vibrante, para um conto brusco, pernicioso e muitas vezes apelativo e exagerado.

O elenco não colabora muito com a produção, principalmente o protagonista. Ben Barnes (o príncipe Caspian de As Crônicas de Nárnia) transforma Dorian Gray em um idiota. O personagem central do livro de Wilde, é um jovem carismático e que se altera ao longo do livro tanto emocionalmente quanto intelectualmente, enquanto que Barnes, cria um Dorian Gray que passa de um bebê chorão bobinho no início para um bebê chorão com lapsos de safadeza no final. Falta postura, carisma e competência para Barnes na interpretação de um personagem que eu admito ser difícil, mas que não justifica a atuação sofrível do jovem ator.

Uma triste experiência cinematográfica, que poderia dar certo, pois tinha, pelo menos já pronto, um dos maiores textos da história da humanidade como pano de fundo para a construção de seu roteiro e de seu andamento. Não funcionou e ainda conseguiu estragar grande parte do que poderia ter se salvado; o que o torna praticamente uma afronta ao clássico de Wilde, que ainda merece e precisa de uma grande adaptação cinematográfica. Talvez seja pelo fracasso do filme já em terras gringas ( isso é apenas um chute, já que não li nada a respeito), que a fita é de 2009 e até agora não foi lançada no Brasil em DVD e nem sequer passou pelas nossas salas de cinema.


NOTAS: 3,5

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

GLOBO DE OURO 2011: INDICADOS!

Façam suas apostas; os indicados ao globo de ouro 2011 foram revelados, e como todo mundo sabe, o globo de ouro é considerado uma prévia do Oscar apesar de serem duas premiações bem diferentes, já que o prêmio em questão neste momento também premia séries de TV. Porém, nosso blog é apenas sobre cinema, publicarei apenas os indicados da sétima arte em suas principais categorias. Os indicados são:



 

Melhor Filme Drama

A Rede Social
A Origem
O Vencedor
O Discurso do Rei
Cisne Negro

 

Melhor Atriz em Filme Drama

Natalie Portman, Cisne Negro
Michelle Williams, Blue Valentine
Nicole Kidman, Rabbit Hole
Halle Berry, Frankie & Alice
Jennifer Lawrence, Inverno da Alma

 

Melhor Ator em Filme Drama

Jesse Eisenberg, A Rede Social
Colin Firth, O Discurso do Rei
James Franco, 127 Horas
Ryan Gosling, Blue Valentine
Mark Wahlberg, O Vencedor

 

Melhor Filme Comédia/Musical

Burlesque
Red
Alice no País das Maravilhas
Minhas Mães e Meu Pai
O Turista

 

Melhor Atriz em Filme Comédia/Musical

Annette Bening, Minhas Mães e Meu Pai
Angelina Jolie, O Turista
Julianne Moore, Minhas Mães e Meu Pai
Emma Stone, Easy A
Anne Hathaway, Amor e Outras Drogas

 

Melhor Atriz Coadjuvante em Filme Drama

Amy Adams, O Vencedor
Helena Bonham Carter, O Discurso do Rei
Melissa Leo, O Vencedor
Mila Kunis, Cisne Negro
Jacki Weaver, Animal Kingdom

 

Melhor Ator Coadjuvante em Filme Drama

Jeremy Renner, Atração Perigosa
Andrew Garfield, A Rede Social
Geoffrey Rush, O Discurso do Rei
Michael Douglas, Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme
Christian Bale, O Vencedor

 

Melhor Animação

Meu Malvado Favorito
Como Treinar o seu Dragão
O Mágico
Enrolados
Toy Story 3

 

Melhor Roteiro

127 Horas, por Danny Boyle e Simon Beaufoy
Minhas Mães e Meu Pai, por Lisa Cholodenko e Stuart Bloomberg
A Origem, por Christopher Nolan
O Discurso do Rei, por David Seidler
A Rede Social, por Aaron Sorkin

 

Melhor Filme Estrangeiro

Biutiful (México)
The Concert (França)
The Edge (Rússia)
I am Love (Itália)
In a Better World (Dinamarca)

 

Trilha Sonora Original

Alexandre Desplat, O Discurso do Rei
Danny Elfman, Alice no País das Maravilhas
A.R. Rahmann, 127 Horas
Trent Reznor and Atticus Ross, A Rede Social
Hans Zimmer, A Origem

 

Música original

Bound to You, de Burlesque
Coming Home, de Country Strong
I See the Light, de Enrolados
There’s a Place for Us, de As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada
You Haven’t Seen the Last of Me, de Burlesque


Ao longo da semana, farei meus comentários e minhas apostas, sendo que o problema é que alguns filmes eu ainda não assisti.


MAMMA MIA! - O FILME


Musical baseado em uma peça da Broadway e que tem como músicas para o pano do desenvolvimento de seu roteiro os sucessos do grupo mundialmente conhecido ABBA. A sinopse é o seguinte:  jovem garota que está prestes a se casar convida três homens para a cerimônia e o motivo é básico; já que qualquer um deles pode ser o seu pai. É a partir da busca de Sophie (Amanda Seyfried), que a ação do filme acontece.

Entretanto pode haver alguma confusão, já que o centro do filme não é só Sophie, e sim sua mãe Donna (Meryl Streep), e as armadilhas que a presença dos três homens com quem se envolveu em um longínquo verão criam. Dito isto, temos que as músicas do grupo ABBA (muitas delas clássicos de uma geração), se encaixam muito bem, em um roteiro que tem qualidades interessantes, porém defeitos bem chatos de se aguentar.

Musicais são filmes difíceis de se fazer, pois beiram o exagero o tempo todo e Mamma Mia cai nesses exageros em vários momentos. Acredito que uma boa parte da responsabilidade por estes exageros é da estreante diretora Phyllida Lloyd, que apesar de não ter feito um trabalho ruim como um todo, peca em alguns momentos, basta ver como é mal filmado o número de The Winner Takes It All, que tinha tudo para ser um dos grandes momentos do filme, mas não ficou tão interessante assim.

A parte técnica e artística leva tranquilo. Os figurinos são bem escolhidos, assim como os trabalhos simples de maquiagem e direção de arte. Destaque também para o ótimo trabalho de edição e de fotografia, proporcionando belas imagens e ótimo momentos ao longo da fita.

O elenco é ao mesmo tempo um triunfo e um problema. Enquanto Meryl Streep mostra o por que tem o nome que tem, esbanjando talento e cantando com emoção e qualidade (percebendo isso, Lloyd foi esperta e atribuiu a Streep o maior número de partes musicais do filme), o restante do elenco se torna problemático, pelo menos em sua maioria. Dos três possíveis pais de Sophie o único que se salva é Colin Firth, que de certo está acostumado a este tipo de personagem, e mesmo aparecendo pouco, faz seu trabalho direitinho. Stellan Skarsgard é um bom ator, porém não se encaixou em um personagem canastrão como o que lhe atribuíram; porém, mesmo desconfortável Skarsgard ainda está bem melhor que Pierce Brosnan, que é de longe o pior do elenco. Brosnan está preso, sem motivação, duro e o pior: não sabe cantar, o que torna seus momentos ao longo do filme um negócio sofrível.

Entre as mulheres coadjuvantes, Julie Walters e Christine Baranski acompanham Streep nos melhores momentos do filme, cantando muito bem e com bastante desenvoltura (basta ver o show que as três proporcionam do número de Dancing Queen, o melhor momento do filme), enquanto que Seyfried parece estar com pilha Duracell e não para de pular e sorrir um minuto, gerando até uma certa irritação no espectador, já que soa um pouco forçado.

Mamma Mia é um dos raros musicais da atualidade, e por mais que possui vários defeitos, pode ser recomendado para fãs do gênero, mas somente para estes, ou para fãs de ABBA, por que do resto acho difícil qualquer afinidade com a fita. É bem escrito, tem bons momentos, e um certo caráter de nostalgia que cria um ambiente interessante, porém é só isso. Um filme mediano, que alterna momentos bons e ruins e que dependerá da abertura do espectador ao gênero para conseguir exercer seu potencial, e mesmo assim ainda corre algum risco de não conseguir, basta ver que eu sou um fã do gênero, e ainda coloquei várias ressalvas no filme.


NOTA: 6,0

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

JORNADA PELA JUSTIÇA


Bom, o final do ano vem chegando. Antes de postar minha lista dos melhores do ano (afinal tem alguns filmes que pretendo assistir ainda), pretendo atualizar isso aqui com mais algumas opiniões sobre os filmes que pretendo começar a assistir com mais frequência agora que um ano extremamente cheio se foi. Sendo assim, começarei com este drama de presídio (será que pode ser chamado assim), desconhecido e completamente ignorado pelas pessoas (pelo menos até onde eu sei).

A chamada do filme é simples: " Você dedicaria 20 anos da sua vida para provar a inocência de um estranho?" Responder a esta pergunta pode passar a ter um novo sentido após passarmos pelos quase 90 minutos desta fita. Dirigido por Collen McLoughlin e contando apenas com Julia Ormond em seu elenco, no quesito nomes conhecidos, o filme é nitidamente uma história que queria ser contada porém de forma rápida, apenas para "o mundo tem que ter um filme sobre esta história."

Para entendermos o negócio, a sinopse é basicamente esta: Julia Ormond é uma assessora jurídica, que acaba se envolvendo com o caso de um afro-americano preso, acusado injustamente de estupro infantil. O processo se alonga por 22 anos, até que chagamos ao desfecho do negócio. O que torna o filme um pouco mais interessante é o fato de ter sido baseado em fatos reais, algo que é provado no final do filme, com imagens reais tanto da assessora quanto do preso em questão, que atende pelo nome de Calvin Willis.

A pergunta é: o filme é ruim? Não chega a ser ruim, mas deixa tantos buracos, existem tantas coisas que poderiam ser aproveitadas e explicadas de forma mais correta e contundente, que tiraria um pouco essa sensação de que tudo flutua, e diminuiria a super velocidade do filme, que só é quebrada em alguns momentos pelas cenas mais dramáticas. Do resto o filme é um comum drama que envolve superação e que tenta convencer o espectador pela sensibilidade (fato que acontece em alguns momentos).

No final das contas, o esquecimento e o desprezo de crítica e de público por este filme se justifica pelo fato de que o próprio filme não é ambicioso. Tudo soa muito simples, e em alguns momentos até um pouco mal feito, como se o diretor e a produção estivesse com uma pressa descomunal para terminar o filme. Jornada Pela Justiça poderia ser um filme bem interessante se fosse mais bem trabalhado, ou se pelo menos tivesse sido feito com um pouquinho mais de ambição e desejo de ser grande; como falta isto, a nota é condizente com as características e as propostas do próprio filme. Leve e simples, um filme fácil e dependendo do momento totalmente "assistível", porém deixa uma sensação de "relaxo" que poderia ter sido evitada.


NOTA: 5,5

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A HORA DO PESADELO (2010)


Refilmagem de um dos maiores clássicos do cinema de horror e que cravou no imaginário dos fãs a figura do jardineiro assassino, sádico e desfigurado Freddy Krueger, além de revelar o hoje superstar Johnny Depp. O filme de 1984 contava com todo o charme da melhor década para o horror de todas, e um diretor e roteirista com a criatividade lá em cima, no caso Wes Craven, o que já não acontece com este novo. Primeiramente a criatividade larga do zero, já que o argumento é o mesmo, não importa o fato de existir algumas alterações nos personagens e no andamento da fita ( que aliás só contribuíram para piorar o negócio) e o gênero do terror já não anda tão bem assim das pernas, e como se já não bastasse, esse negócio de 3D veio para ajudar a afundar um pouco mais a coisa.

Samuel Bayer, o diretor dessa refilmagem, não tem o mesmo feeling e nem o mesmo time de câmera de Wes Craven, e os poucos sustos que esse novo A Hora do Pesadelo nos causa, não é por mérito seu, mas sim por mérito da inteligente trama que Craven criou a 26 anos atrás e que mostra o por que é um clássico indiscutível, já que mesmo em outra roupagem e sem seu criador, o roteiro consegue se manter e salva essa nova investida.

Em termos mais simples, a história é boa, porém no de 84 haviam outras coisa boas, como a direção, a forma como o terror era feito com aquele elemento B sempre interessante, e um elenco que se não era genial, pelo menos se mostrou acima da média no quesito filmes de horror. O de 2010 ao contrário, mantém a boa história com algumas diferenças que a diminuem um pouco, não conta com uma boa direção, tropeça nessa necessidade de sangue batendo na tela para justificar o 3D e o elenco é sofrível. Os jovens protagonistas são ruins e não conseguem cativar o espectador, já no papel de Krueger temos um efeito interessante. Jackie Earle Haley, que ficou famoso por sua atuação em Pecados  Íntimos (valendo-lhe até uma indicação ao Oscar de ator coadjuvante) e que interpreta Krueger na versão atual é um ator muito mais interessante que Englund, o Krueger clássico; todavia, não dá para comparar o Krueger de Englund com o de Haley. Freddy Krueger não é como Jason que poderia ser interpretado por qualquer ator já que utiliza uma máscara; ele tem trejeitos e maneiras de agir, além de expressões clássicas e uma voz condizente com uma maneira psicopata e assustadora de agir, coisas que Englund nos proporcionou, e que por mais que Haley tenha se esforçado, não consegue substituir.Em resumo, mesmo Haley sendo um ator melhor, Krueger é Englund e acabou.

Mais uma tentativa cruel e desnecessária, de expor clássicos a novas experiências para a obtenção do nosso velho e querido dinheiro. A única intenção de refilmar terrores é susbstituir aquela coisa suja e bruta que a falta de dinheiro obrigava os filmes do gênero a ter por elementos tecnológicos mais "condizentes com o bom cinema". O que as pessoas esquecem, é que filmes como A Hora do Pesadelo, Halloween, Sexta-Feira 13 e muitos outros se tornaram clássicos exatamente por este "quê a mais" que eles insistem em substituir por efeitos exagerados e essa porcaria de 3D. Todavia, estes produtores atuais não perceberam outra coisa também: os antigos continuam clássicos e estes novos não passam de meras cópias do que sempre será bom, e em sua maioria cópias mal feitas.

NOTA: 4,0

MAIS UM GRANDE QUE SE VAI: BLAKE EDWARDS


Complicações causadas por um pneumonia levaram o diretor Blake Edwards à morte no dia de ontem 16/12/2010 aos 88 anos. Conhecido como um dos maiores gênios da comédia de todos os tempos, é famoso por filmes como Bonequinha de Luxo, Um Convidado Bem Trapalhão e a série de filmes da Pantera Cor-de-Rosa. Destaco ainda o esquecido e hilário A Corrida do Século.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

MAR ADENTRO



 O texto que se segue abaixo não é necessariamente uma das críticas comuns que eu coloco neste blog, mas sim um trabalho mais detalhado, pois se trata de uma avaliação que eu escrevi para uma disciplina optativa de Bioética que frequentei neste ano de 2010 como parte de minha graduação em filosofia. Espero que vocês apreciem e tenham paciência para lê-lo, pois levando-se em consideração os textos que publico aqui, este é bem mais longo.



A questão da eutanásia na obra cinematográfica Mar Adentro de Alejandro Amenábar

O presente texto tem por intenção, mesmo que de forma simples e resumida, realizar uma análise de uma das questões mais importantes e debatidas das pautas atuais de Bioética e do Biodireito: a eutanásia. Entretanto, não partiremos nossa análise de um texto ou de um livro que retrate o assunto, utilizando-se destes apenas como pano de fundo teórico; nossa análise então, parte da obra cinematográfica Mar Adentro do diretor espanhol Alejandro Amenábar, que possui no cerne de seu roteiro, todo um aparato de desenvolvimento sobre a questão da eutanásia. Todavia, julgo necessário antes de adentrar as questões que embatem nossos dois pontos, realizar uma pequena e comum definição da eutanásia e de informar uma pequena sinopse do filme que será debatido.
A eutanásia, como definição etimológica, provém do grego, e significa algo como “boa morte”. De tal modo, a eutanásia é uma prática pela qual um doente em estado irreversível (incurável) tem sua vida encurtada através de maneiras regulares, por assistência e autorização de um especialista. Como nossa intenção é apenas realizar menções à eutanásia ao longo de nosso texto, ignoraremos ideias como a de distanásia[1] e ortotanásia[2], conceitos que são importantes para o debate bioético em geral, mas não para nosso intuito.
A eutanásia desperta vários questionamentos, sendo estes de ordem social, religioso, médica e filosófica como: Pode um ser humano atentar contra a própria vida, mesmo em condições extremas de dor e sofrimento? O que é uma morte digna? Vale à pena manter vivo, alguém que já não possui consciência disso? O que é uma vida digna? Qual o valor da vida? Entre muitas outras, que serão evocadas de forma simples, porém precisa ao longo de nosso texto.
Porém, como já informado anteriormente, o pano de fundo de nosso texto é o filme Mar Adentro, assim sendo as respostas a estas e outras perguntas, serão dadas com base nas discussões e no caso apresentado pela obra cinematográfica espanhola em questão. Acredito então ser válida uma pequena sinopse do filme, que se encontrará no parágrafo a seguir.
O ator Javier Bardem interpreta Ramón Sampedro, um homem que em sua juventude sofreu um acidente e ficou condenado a tetraplegia. Sampedro então inicia uma longa batalha pelo direito de tirar a própria vida condenada a uma cama em um dos quartos da casa de seu irmão; batalha que duraria 28 anos e que seria vencida de uma forma burlada pela lei e contestada pela religião, sociedade e alguns amigos e familiares. Vale ressaltar, e este aspecto se demonstrará totalmente relevante em nosso posterior discussão, que o personagem protagonista do filme, no caso Sampedro é um homem totalmente lúcido e com pleno funcionamento de suas faculdades mentais, mesmo após tantos anos preso a uma cama; fazendo com que sua intenção de eutanásia seja pelo princípio de uma morte digna, assim como havia sido a sua vida até o fatídico dia do acidente.
Apresentados nossos aparatos teóricos e dissertativos para a construção de nosso texto, iniciaremos então nossa relação e discussão dos princípios da eutanásia recorrentes e presentes na obra cinematográfica de Amenábar e todas as suas implicações éticas, sociais, familiares, legais e religiosas.
O caso de Sampedro ficcionado no filme é um tipo de eutanásia que Ronald Dworkin, por exemplo, chamaria de consciente competente (DWORKIN, 2003 p.257), ou seja, em que a morte é um desejo de um paciente que não se encontra em estado vegetativo e que goza de plena lucidez de suas capacidades, em outras palavras, de um paciente que sabe o que está fazendo, ainda mais como no caso do filme, após 28 anos de vida à tal maneira.
O grande problema, é que Sampedro não consegue se desfazer de sua vida sem a ajuda de um externo, como diz Dworkin (2003, p.258): “ Contudo, muitas pessoas gravemente doentes ou incapazes, apesar de plenamente conscientes, são incapazes de suicidar-se sem ajuda.” Assim sendo, o protagonista do filme necessita de uma ajuda especializada para por fim à sua vida. Com a ajuda de uma associação pró-eutanásia, iniciam os tramites legais para o consentimento da eutanásia através da legislatura do estado (no caso do filme, a Espanha), o que desperta a atenção de vários meios, como mídia, religião e sociedade, fazendo com que o filme então transite entre os embates do personagem central e seu desejo de morte, com os aparatos componentes do todo social. Presenciamos então diálogos entre o personagem Sampedro e a religião, a família, amigos, mídia, autoridades do estado, cada qual à sua maneira, gerando cada qual uma posição e uma concepção da questão.
A necessidade de uma ajuda externa causa toda a repercussão, afinal como diz Dworkin (2003, pg. 258):

(...) Daí se segue, porém, que, uma vez ligadas a aparelhos que ajudam a mantê-las vivas, tais pessoas tenham o direito legal de pedir que esses aparelhos sejam desligados, pois tal procedimento implica a assistência de outras à sua morte, e o direito da maioria dos países ocidentais proíbe o suicídio assistido.

O suicídio assistido é a prática pela qual uma pessoa “ajuda” outra a morrer, pelo desejo desta segunda. Como o desejante da morte não consegue tirar a própria vida por si só, ele necessita da ajuda de outras pessoas, esta segunda pessoa é a que caracteriza o ato do suicídio assistido. Na película de Amenábar, entretanto, o personagem de Sampedro não está ligado a aparelhos, mas apenas deseja a morte por não considerar mais uma vida como aquela digna, entretanto, o suicídio assistido não se caracteriza apenas pelo “desligar de aparelhos”, como afirma o próprio Dworkin (2003, p. 259): ”Contudo, as leis de todos os países ocidentais (com exceção, na prática, da Holanda) ainda proíbem que médicos, ou outros, matem diretamente pessoas que lhes peçam para fazê-lo, injetando-lhes um veneno letal, por exemplo.” Dessa forma, percebemos que o suicídio assistido no quesito de provocar a morte do paciente não apenas pelo desligar de aparelhos, também é proibido por lei, e como Sampedro não está na Holanda, seu problema com a lei perpassa toda a sua luta, já que o caso de Sampedro se encaixa na citação de Dworkin que se encontra imediatamente acima em nossos textos.
A vontade de morrer do personagem central de Mar Adentro, se pauta em uma premissa evidenciada de forma muito forte ao longo do filme: a que a vida de tetraplégico não é digna. A questão então se prende ao fato de que, associa-se normalmente a dignidade a certa proposição de autonomia e liberdade, sendo esta segunda no sentido mais senso comum, ou seja, a ideia de ir e vir a qualquer momento, consolidando-se como uma liberdade dependente da vontade, sendo que esta segunda no que diz respeito a do querer, em outras palavras, a incapacidade do personagem Ramón Sampedro o tira a liberdade, como afirma em suas próprias palavras, ao discutir com um padre que tenta fazer com que ele desista da ideia.
A liberdade então aqui se confunde com dignidade, e faz com que Sampedro, muito mais que uma mera morte, deseje esta de forma ideológica, como uma libertação, em outras palavras, a morte simboliza o retorno a liberdade perdida com o acidente que o deixou tetraplégico, e consequentemente a recuperação de sua dignidade. Essa liberdade e da mesma forma esta dignidade, é para Sampedro a única coisa que lhe resta, encontrando confortos exatamente onde muitos à sua volta enxergam um problema sério, afinal não é qualquer pessoa que consegue conviver com alguém que deseje a morte.
Os diálogos do filme acontecem de forma bem precisa, explicitando as ideias prós e contras a eutanásia, porém o que julgo mais interessante é a ideia exposta pelo personagem de Sampedro. Ele é um homem que deseja ter controle do seu corpo, e que vê esse controle negado de todas as formas, e que quando não negado, o vê com ressalvas e colocações, colaborando ainda mais para a ideia de uma total falta de privacidade e liberdade. Desse modo, temos que o caso de Sampedro explicitado no filme cai em uma situação estranha para a qual Dworkin chama a atenção:

Assim, o direito produz o resultado aparentemente irracional: por um lado, as pessoas podem optar por morrer lentamente, recusando- se a comer, recusando-se a receber um tratamento capaz de mantê-las vivas ou pedindo para ser desligadas de aparelhos de respiração artificial; por outro lado, não podem optar pela morte rápida e indolor que seus médicos poderiam facilmente conseguir-lhes. (DWORKIN, 2003, p. 259)

Logicamente, devido ao fato de o filme conseguir ser bem abrangente, e discutir várias questões relacionadas à eutanásia, a questão da liberdade tolhida, se mostrou a mim mais interessante. Ramón Sampedro se utiliza de várias argumentações para convencer amigos, familiares e outros de que uma vida dependente de outro ser humano para tudo é uma vida sem liberdade, por tanto não é uma vida. Desse modo, Sampedro quebra com o ideal principalmente religioso de que a vida é a coisa mais importante que possuímos alterando essa ideia, no momento em que se submete a vida à liberdade, deixando claro que para ele, Sampedro, a vida só vale a pena se for livre, o que não se dá no caso analisado aqui, concretizando e justificando seu desejo de morte.
A questão que o diretor Amenábar nos deixa através do personagem Ramón Sampedro é simples: existe algo maior que a vida? Concordar ou discordar disso não é o intuito deste texto, porém, as autoridades possuem uma posição forte, sejam elas legais e principalmente religiosas (no âmbito do filme) sobre o assunto. A vida é um problema tão difícil de resolver como a morte, e por isso a passagem de uma para a outra se torna tão complexa, cabendo a cada um analisar a situação e opinar de acordo com suas crenças e convicções, agora; o que me vem à mente quando recordo o personagem Sampedro é uma ideia bem comum, porém difícil de responder sem a prática: e se fosse comigo, o que eu faria? Escolher entre a morte e a vida é algo complexo e que envolve questões mais complexas ainda. Realizar julgamentos pode ser então uma prática cruel e maldosa, devido a isso é que, neste texto, mantivemos sempre o tom de análise e nunca de opinião, mostrando a questão da eutanásia sem qualquer posicionamento pessoal, mantendo assim uma estrutura válida e interessante das questões tratadas na obra cinematográfica de Amenábar no que diz respeito a este tão polêmico tema que é a eutanásia.


BIBLIOGRAFIA

DWORKIN, Ronald. Domínio da vida – aborto, eutanásia e liberdades individuais; São Paulo: Martins Fontes, 2003.

FILMOGRAFIA

AMENÁBAR, Alejandro. Mar Adentro (Mar Adentro); Espanha, 2004.


[1] Termo oposto a eutanásia, é a prática pela qual se mantém um doente em estado irreversível (incurável), vivo através de meios artificiais, ou seja, através de aparelhos.
[2]  A ortotanásia, não seria necessariamente uma prática, mas sim uma nomenclatura à atitude dos especialistas em deixar o curso de uma doença correr de forma normal, sem intervenções absurdas ou de grande porte. Desse modo, a ortotanásia é uma morte natural, onde o paciente incurável não é “induzido” a morrer, porém também não existe uma “luta” para salvá-lo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

COMO TREINAR O SEU DRAGÃO


A Dreamworks que surgiu como a grande concorrente da Pixar no mundo das animações cinematográficas, vinha mal das pernas, e não emplacava um grande filme a bastante tempo. O  grande responsável por esta estagnação era o "efeito Shrek" que fazia (fez) com que o estúdio se utilizasse da sua "mina de ouro" até esgotá-la, o que fez com que a franquia Shrek, após o segundo que até legalzinho caísse em um ostracismo e uma falta de criatividade sem fim. Aliado a isso, vieram fracassos como a chatíssima continuação de Madagascar e a decepção Bee Movie. Nem mesmo Kung Fu Panda e Os Sem -Floresta que são até filmes interessantes conseguiram igualar a Pixar. Como se não bastasse a concorrente aliada a Disney ainda apelou e lançou Wall-E nesse meio. Assim sendo, desde Madagascar em 2005 que a Dreamworks não lançava algo realmente impressionante e cativante, mas como diriam os caras do Casseta & Planeta, "seus problemas acabaram", já que Como Treinar o Seu Dragão é um achado, além de ser o melhor filme Dreamworks desde Shrek (mesmo parecendo exagero para alguns). E olha que eu nem curto muito o Shrek, mas admito a sua importância e qualidade.

Como Treinar o Seu Dragão não é nem um pouco inovador, nem no roteiro e muito menos nas condições de animação, porém se utiliza tão bem das fórmulas comuns de animação e as eleva a um grau tão interessante, que ultrapassa isso, e transforma essa "mesmice" em qualidade. A animação é muito bem dosada, é engraçada quando necessário, bonita quando necessário, elétrica quando preciso, ou seja, é tudo muito bem feitinho e encaixado, nada soa exagerado e nem faltoso.

Os efeitos de animação são fantásticos e o uso das cores para a criação do ambiente é sensacional, fazendo com que tenhamos emoções impagáveis, principalmente nas cenas do dragão Banguela e seu companheiro Soluço unidos em voos rasantes e que nos levam a uma sensação de liberdade poucas vezes produzidas pelo cinema, principalmente nos filmes de animação, que corre um risco muito maior de soar "fake"

Os heróis, os vilões, as lições de moral, as mensagens para as crianças ( e para adultos também), tudo está ali, e o melhor, soa bem e combina com o filme. Soluço é um anti-herói clássico, cativante, abobalhado, mas que consegue exatamente devido a sua inocência perceber o que nenhum "brucutu" forte e respeitado na aldeia dos vikings onde se o roteiro se passa percebeu, que os dragões também podem ser bonzinhos, que depende de como você os trata. As analogias à vida real são claras, e podemos encontrar ainda várias outras mensagens de moral, que afetam tanto adultos quanto crianças, fazendo de Como Treinar o Seu Dragão um filme para toda a família.

Em suma, um ótimo filme, e que mostra ao mundo e à própria Dreamworks que "existe vida fora de Shrek" e que ousar um pouco as vezes é interessante e dá certo. Cheio de belas imagens, surpreendente e muito cativante tanto no geral como no quesito de seus personagens (o dragão Banquela é simplesmente um personagem incrível), Como Treinar o Seu Dragão é uma grata surpresa e que deve ser visto tanto por adultos quanto por crianças. Um achado!


NOTA: 9,0