Todo filme baseado em livros, deve partir de uma premissa máxima invariável, que ultrapassa popularidade da obra, aceitação pelo público e coisas desse tipo, formando o norte da obra; esta premissa é simples: "A maioria de seus espectadores não fizeram a leitura do livro, ou seja, o filme não pode depender do livro para a compreensão do público. Tudo bem, agora qual o motivo que levaria este ser a começar uma resenha sobre o mais novo filme de Harry Potter dessa forma? Igualmente simples a resposta: o novo Harry Potter não respeita essa máxima.
Mais uma vez o dinheiro venceu o bom cinema. Dividir o último livro em dois filmes com a desculpa esfarrapada de aproveitar melhor o livro, fez com que As Relíquias da Morte Pt. 1 se transformasse no pior filme da série até o momento. É claro que o livro foi bem mais presente na obra, afinal o negócio tem que ter força para dois filmes, não havia outra alternativa. Entretanto, essa divisão gerou vários problemas, e começamos a elencá-los agora. O primeiro deles é exatamente o excesso de livro. Tudo foi colocado ali, fazendo com o filme caía em uma monotonia após os 20 primeiros minutos, capaz de despertar sono até em quem sofre de insônia, voltando a despertar apenas no final, ou seja, As Relíquias da Morte possui um seríssimo problema de andamento. David Yates não consegue dosar as coisas aqui como conseguiu em O Enigma do Princípe e volta a ter lapsos de A Ordem da Fênix. Com exceção do começo e do final que são super velozes, o filme é um amontoado de briguinhas e perseguições sem sal, envolvendo os já costumeiros Harry, Rony e Hermione, e pra dizer bem a verdade, quase nada acontece de relevante para o restante do andamento do contexto principal, além do fato de aparecerem enxurradas de novos personagens inúteis e que só complicam o andamento do filme e a compreensão do espectador, tudo em nome de "ser mais fiel ao livro", ou como também é conhecido, tudo em nome do velho e querido "dinheiro", afinal por que produzir apenas sete filmes se podemos produzir oito e ganharmos muito mais dinheiro não? E o cinema que se lasque.
Outro problema é o pouco aproveitamento dos outros personagens que não sejam o "trio mocinho". Personagens importantes como Snape e Voldemort quase não aparecem, assim como personagens interessantes como Umbridge e Hagrid. Por outro lado, a maioria das ações ficam a cargo do trio principal, que não conseguem segurar muito a barra, e falham em várias cenas.
Os efeitos especiais, fotografia, maquiagem e estas coisas mais artísticas e técnicas continuam impecáveis, e seguindo a tendência iniciada com o obscuro trabalho de Cuáron em O Prisioneiro de Azkaban, tudo é mais adulto e fica cada vez mais amadurecido, porém, depois de ter ido ao cinema, não sei se isso é muito bom, pois pelas atitudes presenciadas por mim na sala, percebi que a maioria do público do bruxinho ainda é bem infantil, mesmo que for apenas na capacidade mental e intelectual.
Acredito que a questão que envolve este Harry Potter é tranquila de se definir e se mostra da seguinte maneira: De um lado aqueles que adoraram o filme, ou seja, os fãs da saga que acompanham com afinco, que leram os livros e gostaram da fidelidade do filme, mesmo este tornando-se lento e chato. Todavia, do outro estão aqueles que não são fãs da saga, não leram os livros, e acompanham Harry Potter como a qualquer outro filme lançado no mercado. Se você faz parte da primeira turma, provavelmente Harry Potter e As Relíquias da Morte Pt. 1, lhe agradará e muito, agora se você for da segunda, já sabe o que vai encontrar. Assim sendo, após ler esta resenha, fica fácil perceber a qual turma eu em particular pertenço, caso você possua alguma dúvida ainda é só dar uma verificada na nota logo abaixo. E que venha o oitavo filme, mesmo existindo apenas sete livros para serem adaptados.
NOTA: 5,0