ENCONTRE AQUI

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O VENTO SERÁ TUA HERANÇA


Ficha Técnica

Título Original: Inherit the Wind
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1960
Origem: Estados Unidos
Duração: 128 minutos
Tipo: Longa-metragem
Direção: Stanley Kramer
Roteiro: Nedrick Young, Harold Jaocb Smith




Elenco

Spender Tracy (Henry Drummond)
Fredric March (Matthew Harrison Brady)
Gene Kelly ( E. K. Hornbeck)
Dick York (Bertram T. Cates)
Donna Anderson (Rachel Brown)


Sinopse

O filme é inspirado em um caso real, o "Processo do Macaco de Scopes", como foi chamado o caso do Estado do Tennessee contra o professor de biologia John Thomas Scopes, ocorrido em Dayton, 1925. O professor foi julgado por ensinar a teoria da Evolução em uma escola pública.



CRÍTICA


Já tem algum tempo, que não escrevo sobre um filme mais antigo, um filme mais clássico, ou o nome que quiserem dar. Sendo assim, resolvi retomar isto, e escrever um pequeno texto sobre este, que é facilmente um dos filmes mais fascinantes e brilhantes que já vi, porém ao mesmo tempo, um dos mais duros e complexos. Vale ressalva, que a Ficha Técnica que postei acima, assim como o elenco, está um pouco diferente que o normal, tudo isso se dá, por uma pequena dificuldade em encontrar os dados do filme. Dito isto, vamos ao que importa, ou seja, a crítica.

Stanley Kramer roda esse filme de tribunal, um ano antes daquele que talvez seja o seu maior sucesso, ou seja, o super-clássico O Julgamento de Nuremberg, e já mostra que leva jeito para esse tipo de modelo de filmagem. A história é simples: um professor que resolve ensinar o darwinismo em uma pequena cidade estadunidense, é preso e julgado por este ato, já que a cidade é extremamente religiosa e não aceita esse tipo de ensinamento. Como se não bastasse, o caso desperta o interesse do país todo, se transformando em um grande espetáculo.

O embate criacionismo contra evolucionismo, é retratado de uma forma extremamente competente, com enfâse para os valores que se envolvem nesse tipo de discussão, ou seja, a liberdade de pensamento e de expressão. Todo mundo sabe, que os Estados Unidos é um país extremamente racista e fundamentalista, e Kramer é muito feliz ao longo de toda a fita, deixando esse aspecto bem claro ao espectador, ou melhor, àquele espectador, que não se identifica com a população da radical cidadezinha.

Kramer consegue ângulos incríveis, e recria um tribunal de forma violenta, contagiante e por que não dizer única, graças aos constantes movimentos de closes e aproximações que o diretor encaixa, se aproveitando de todas as formas possíveis de uma fotografia inspirada e em um elenco vibrante, cativante e certeiro.Outro destaque, vai para a melancólica e formal trilha sonora, que mistura arranjos clássicos com melodias religiosas cantadas pelo próprio povo da cidadezinha.

Para nos dedicarmos um pouco mais ao elenco, temos um Spencer Tracy brilhante no papel do advogado de defesa do professor, um Fredric March igualmente ótimo, porém com alguns pequenos exageros não comprometedores, e um Gene Kelly simplesmente impagável no papel do irônico e hilário jornalista que contrata o advoigado de defesa para o professor. Aliás, a grande frase do filme é do personagem de Kelly ( e olha que o filme tem vários momentos sensacionais), quando este afirma que Darwin estava errado, pois o homem ainda é um macaco, se referindo ao ostracismo e ao radicalismo dos religiosos.

O filme pode ser um pouco duro e difícil para pessoas pouco familiarizadas com o tema, ou para pessoas que não gostem muito de discussões acaloradas e troca de argumentos. O roteiro é certeiro, porém é rápido e complexo, se utilizando em alguns momentos de termos mais técnicos e exigindo um nível de inteligência do espectador que pode não agradar aos fãs mais "crepusculares" do cinema, se é que vocês me entendem...

Um filmaço. Kramer acerta a mão e cria uma obra espetacular, que agradará em cheio cinéfilos que apreciam bons argumentos e alta qualidade cognitiva em um filme, aqueles que não conseguem ver ou assimilar, fica meu sentimento de pena, mas como diria o personagem de Ramón Valdés, o eterno Seu Madruga em um episódio do igualmente eterno Chapolin Colorado: " existem coisas que apenas os inteligentes podem ver."


NOTA: 9,5



* Fontes: www.cineplayers.com; www.melhoresfilmes.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário