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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

UM VIOLINISTA NO TELHADO


Norman Jewison foi um diretor ignorado por mim ao longo de muitos anos, por puro descaso e falta de conhecimento deste que vos escreve. Mesmo quando tive a oportunidade de assistir a Jesus Cristo Superstar não procurei saber quem havia feito filme tão interessante e inovador, por mais que não fosse perfeito. Passado alguns anos, cai em minhas mãos este Um Violinista no Telhado, mais um musical dirigido por Norman Jewison. O filme tem três horas de duração e ao final deste tempo a única coisa em que eu conseguia pensar era: " Quanto tempo eu perdi."

É difícil definir e reduzir em alguns parágrafos a grandeza e majestade de Um Violinista no Telhado. O filme é simplesmente brilhante, em todos os aspectos. Uma direção precisa e competente de Jewison, uma fotografia espetacular aliada a uma cenografia que reconstrói a Rússia czarista do início do século XX de forma perfeita, músicas sensacionais e marcantes entrando em nossos ouvidos uma após a outra, totalmente encaixadas tanto ao contexto do filme, quanto ao andamento do mesmo, e um roteiro simplesmente fenomenal que nos dá com toques de comédia misturados a tons dramáticos um retrato felicíssimo da situação em que a Rússia se encontrava, misturando elementos críticos e aspectos históricos, fazendo com que o espectador presencie um filme inteligente e ao mesmo leve, gostoso de assistir e que não cansa em nenhum momento, mesmo com suas já citadas três horas de duração, tudo graças ao incrível trabalho de Jewison, que soube dosar de forma competente e correta todos esses elementos que envolvem a construção desta obra brilhante.

Como se não bastasse, Jewison ainda enche o filme de simbolismos, movimentos certeiros de câmera, e números incríveis acompanhando as também já citadas canções. Poucas vezes tive a oportunidade de ver números musicais tão bem filmados e tão bem desenvolvidos dentro de um roteiro, colaborando e dando sequência ao mesmo, o que elimina aquela sensação que muitos criticam em alguns musicais de que o filme tem que parar enquanto o número musical acontece, em outras palavras, como se os números musicais fossem deslocados de tudo e não colaborassem em nada com o desenvolvimento da fita.

O elenco também colabora demais para o resultado final do trabalho de Jewison. Não há aqui nenhum astro super conhecido ou coisa assim, mas apenas atores extremamente competentes, que cantam muito bem e que se envolvem com a trama e dedicam a ela muita emoção e força. Tudo parece muito natural e os atores conseguem envolver os espectadores e os levar para dentro daquele mundo duro e truculento ao qual eles se encontram. Todo o elenco é ótimo, agora não fazer uma menção especial ao protagonista Topol, seria uma das grandes injustiças deste blog. No papel de Tevye, um leiteiro de uma pobre família, Topol canta, dança e nos brinda com uma atuação absurdamente espetacular, conseguindo equilibrar de forma ímpar momentos cômicos com dramáticos, acessos de raiva com momentos de emoção, o que torna Tevye um personagem sensacional. Jewison o procura com sua câmera e o espectador torce para ele nunca sumir de cena, de tão grande que é o carisma e de tão grande que é atuação de Topol.

Fazer um musical sobra a Rússia czarista do início do século XX já é por si só um desafio tremendo; e Jewison não só superou este desafio como praticamente o humilhou. Recomendado para fãs do que o cinema pode ter de melhor, seja você admirador de musicais ou não, já que os grandes filmes rompem as barreiras de seu gêneros e atravessam o tempo e o espaço para emocionar seus velhos fãs ao revê-lo e arrebatar novos fãs ao primeiro contato. Um Violinista no Telhado é um filme de 1971, mas que não perdeu seu impacto, pelo contrário, é um musical que tende a sempre manter sua força, isso se não expandi-la. Um experiência incrível, e pode atirar sem medo, pois são três horas muito bem gastas.


NOTA: 10,0

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