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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ARRASTA-ME PARA O INFERNO


Depois de dirigir a trilogia de O Homem-Aranha, parece que o diretor Sam Raimi precisava se distanciar um pouco dessa nova posição que conquistou como diretor, ou seja, agora Sam Raimi é conhecido como o diretor dos filmes do Homem-Aranha, e isso lhe trouxe além de prestígio no meio cinematográfico, responsabilidades e de certo, uma dose de necessidade de agradar muita gente. Bom, sendo assim, qual a melhor maneira de relaxar um pouco, qual a melhor maneira de tentar amenizar um pouco as coisas? Simples, é só retornarmos onde Raimi começou toda a sua jornada, tanto como cineasta, como identificador e praticamente criador de um estilo bem peculiar de cinema, o qual, Arrasta-me para o inferno se mostra um ótimo representante.

Para quem não teve a oportunidade de assistir, nos anos 80 Sam Raimi, em companhia do canastrão ator Bruce Campbell, se tornou um ícone do cinema de terror B, com aquele apelo trash, e cheio de piadas e tiradas interessantes, aliados a sustos sem fim. O gênero que ganhou o sugestivo nome de "Terrir", por ser uma mistura de terror com comédia, tem como seus principais clássicos a trilogia realizada pelos dois senhores supracitados, que são: A Morte do Demônio, Uma Noite Alucinante e Army Of Darkness. Concomitante a estes filmes e posteriores a eles, surgiram vários exemplares do gênero, porém nenhum deles conseguiu suplantar a genialidade do criador do negócio. Eis então que após 16 anos (Army Of Darkness é de 1993 e Arrasta-me Para o Inferno é de 2009), Sam Raimi retorna ao gênero que nunca deveria ter abandonado, pois é aqui que ele é diferenciado e supera as mesmices hollywoodianas.

Arrasta-me para o inferno é um clássico exemplar do "Terrir", pois todos os clichês do gênero estão ali, como há muito tampo não víamos. Espíritos deformados, sustos manjados, elementos escatológicos, sangue, vômito e fluídos corporais que vazam o tempo todo dos lugares mais inusitados, barulhos e sombras bem arrumadas, situações bizarras que nos levam tanto ao nosso melhor espírito cômico, quanto ao nosso espírito medroso.

Sam Raimi consegue encaixar e projetar todos estes elementos sem prejudicar o andamento da fita, que se baseia no sobrenatural, para criar elementos que podem soar de forma absurda para quem não consegue o estilo da época oitentista do diretor. A câmera se movimenta e se contorce para conseguir colaborar o máximo possível para a união destes elementos, e por incrível que pareça, Sam Raimi, ainda talvez seja o único diretor que consiga, fazer um negócio que é em conceito exagerado, não se transformar em uma alegoria de circo, e isso se deve ao time preciso tanto da câmera quanto do roteiro do próprio Raimi. Em outras palavras, este talvez seja um gênero que até nos presenteou com uma ou outra coisinha legal, mas seu mestre nunca foi superado por nenhum aprendiz.

O elenco, por natureza deve ser clichê. A intenção aqui não é inovar, mas fazer bem o que já está dado, e nesse sentido a interpretação de Alison Lohman é precisa, no papel daquela mocinha clássica de filmes de terror, que demonstra aquele ar de super sensível e que em momentos de extrema gravidade se transforma em um ser extremamente corajoso e forte. O restante do elenco carrega o piano legal, mas o grande trunfo de Arrasta-me para o inferno, é o clima de piada que perpassa todo o filme. Ninguém parece se importar muito com a perfeição da obra, como se tudo aquilo não passasse de um entretenimento de férias, tanto para os atores quanto para o diretor, e por incrível que pareça, isso ajuda e muito o desenrolar da fita.

Entretanto, algumas ressalvas devem ser feitas. Sam Raimi não leva o negócio tão ao máximo do bizarro como fez nos anos 80 com os filmes já citados neste texto, e o motivo me parece claro, agora o cara tem um nome a zelar e patrões grandes a prestar contas, ou seja, o negócio trava em alguns momentos, o que nos leva a firmar que se Arrasta-me para o inferno tivesse sido feito nos anos 80 o negócio teria sido bem mais interessante, já que o caráter trash e B do negócio seria bem mais visível, cru e visceral, além dos efeitos serem mais "convincentes" por assim dizer.

Arrasta-me para o inferno é uma obra de público limitado, não é todo mundo que gosta e tem bastante gente que acha que o negócio beira o ridículo. Eu particularmente gosto do estilo, gosto de Raimi, e acho que ele deveria "brincar" mais nessa área que ele não só ajudou a criar, como ainda é seu maior representante e realizador. Um filme divertido e que se transforma em um bom negócio, ainda mais considerando o que o seu gênero anda produzindo por estes tempos.



NOTA: 8,0

3 comentários:

  1. Um ótimo trabalho B. A cena da luta no estacionamento foi um dos grandes momentos de 2009.

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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  2. Valeu pelo apoio lá no meu blog! Eu, pelo menos, já sou leitor fiel ao seu! ;)

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  3. Muito obrigado cara!

    Continuarei acompanhando o de vocês tbm, pois é muito interessante!

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