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sexta-feira, 10 de julho de 2009

DOGVILLE

Ficha Técnica

Título Original: Dogville
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 177 minutos
Ano de Lançamento (França): 2003
Site Oficial: www.dogville.dk
Estúdio: Canal+ / 4 1/2 / Alan Young Pictures / Det Danske Filminstitut / Edith Film Oy / Film i Väst / Hachette Première / Isabella Films B.V. / J&M Entertainment / KC Medien AG / Kushner-Locke Company / Kuzui Enterprises / Liberator Productions / MDP Worldwide / Memfis Film & Television / Pain Unlimited GmbH Filmproduktion / Q&Q Medien GmbH / Sigma Films Ltd. / Slot Machine / Something Else B.V. / Summit Entertainment / Sveriges Television / Trust Film Svenska / Zoma Ltd. / Zentropa Entertainment / What Else? B.V.
Distribuição: Lions Gate Entertainment / California Filmes
Direção: Lars Von Trier
Roteiro: Lars Von Trier
Produção: Vibeke Windelov
Fotografia: Anthony Dod Mantle
Desenho de Produção: Peter Grant
Figurino: Manon Rasmussen
Edição: Molly Marlene Stensgard


Elenco

Nicole Kidman (Grace)
Harriet Andersson (Gloria)
Lauren Bacall (Ma Ginger)
Jean-Marc Barr (Homem com grande chapéu)
Paul Bettany (Tom Edison)
Blair Brown (Sra. Henson)
James Caan (Homem grande)
Patricia Clarkson (Vera)
Jeremy Davies (Bill Henson)
Ben Gazzara (Jack McKay)
Philip Baker Hall (Tom Edison Sr.)
Siobhan Fallon (Martha)
John Hurt (Narrador - voz)
Udo Kier (Homem de casaco)
Chloë Sevigny (Liz Henson)
Stellan Skarsgard (Chuck)
Miles Purinton (Jason)


Sinopse

Anos 30, Dogville, um lugarejo nas Montanhas Rochosas. Grace (Nicole Kidman), uma bela desconhecida, aparece no lugar ao tentar fugir de gângsters. Com o apoio de Tom Edison (Paul Bettany), o auto-designado porta-voz da pequena comunidade, Grace é escondida pela pequena cidade e, em troca, trabalhará para eles. Fica acertado que após duas semanas ocorrerá uma votação para decidir se ela fica. Após este "período de testes" Grace é aprovada por unanimidade, mas quando a procura por ela se intensifica os moradores exigem algo mais em troca do risco de escondê-la. É quando ela descobre de modo duro que nesta cidade a bondade é algo bem relativo, pois Dogville começa a mostrar seus dentes. No entanto Grace carrega um segredo, que pode ser muito perigoso para a cidade.



CRÍTICA


Um tapa na cara. Uma viagem sem fim a todo lixo e podridão presentes em uma sociedade hipócrita e falseadora e que se passa pela perfeição de um modo de vida. Uma tentativa e consequência de se ir a fundo na consciência de homens e mulheres que se encontram com o inesperado e se aproveitam do mesmo de uma forma nojenta e medíocre. É isso que encontramos nesta fita, que é facilmente uma das melhores produções que pode passar pelo seu DVD nos últimos tempos.

O contexto é simples, o desenrolar e a maneira como este contexto é filmado mostra-se antagonicamente complexo. Uma mulher que foge de gângsters (que depois veremos, se trata de uma gang de seu próprio pai), acaba se refugiando em uma pequena cidade, que em troca da proteção que lhe oferecem, cobram dela favores e trabalhos, ora plausíveis, ora de uma magnitude explorativa vergonhosa e cruel. Imagine esta história aliada à toda a paranóia e efervescência que aflige o famoso e polêmico diretor dinamarquês Lars Von Trier, e sua maneira bem particular de conduzir a câmera e explicitar as situações, e temos o resultado absurdo que é Dogville.

Von Trier vai ao osso na crítica que faz a sociedade americana e seu modo de organização; vale lembrar que devido ao medo absurdo que possui de voar, o diretor nunca sequer pisou nos EUA, todavia, isso não o impediu de construir um dos maiores relatos e produzir uma das mais contundentes e promissoras críticas a esta mesma sociedade. Filmado basicamente com a câmera na mão, ( como quase todos os filmes de Von Trier), e com uma temática e modelo todo teatral, temos uma fita de quase três horas em que todos os movimentos se passam em um barracão, as casas não possuem paredes e o cachorro são fitas adesivas coladas no chão, como se Von Trier quisesse nos mostrar, que apenas as pessoas existem, e são elas que criam e "descriam" todos os aparatos de uma sociedade.

A personagem central representa em primeiro momento o diferente, e em segundo a ameaça que deve ser eliminada. A cidade sem paredes é uma alusão direta ao modo de vida bisbilhoteiro e intrometido das pessoas, onde o mais importante é o que acontece com o outro e não com si mesmo. Von Trier se utiliza disso para apontar o quanto uma sociedade conhecida pela benevolência, liberdade e pureza, pode se converter. apenas pelo simples interesse de conseguir algo mais de determinadas situações em um poço de asco e mediocridade.

Dogville, como todos os filmes de Von Trier não é nem um pouco fácil, seu modo de conduzir a câmera, ainda mais por três horas, pode gerar dificuldades a espectadores que não estão acostumados com essa forma peculiar de filmagem, além do risco que o diretor correu de se tornar enjoativo e até certo ponto repetitivo, isso tudo no âmbito da direção e não do filme em si.Todavia, sua direção é espetacular, e mostra de forma bem direta e crua toda esta sujeira já citada e discutida nos parágrafos acima. Seu roteiro é majestoso, descreve e analisa a organização social, coloca o homem em seu centro e discute como este mesmo homem nasce, cresce, se desenvolve e finaliza toda essa organização, e como cada um tenta fazer isso a sua maneira, quase com um caráter negativado de uma possível pacífica consciência social e humana.

O elenco está ótimo como um todo, mas Kidman encontra em Grace, uma personagem digna de seu talento, e nos mostra isso ao longo da fita. Precisa, crua e direta, não desliza em nenhum momento e segura com força todo o "poder" que Von Trier concentra em sua personagem e consequentemente em seu talento. Um papel muito difícil e que encontra em Kidman o modo perfeito, ou pelo menos, o modo mais correto de ser interpretado.

Dogville é a primeira parte de uma trilogia de Von Trier sobre os EUA e é seguido pelo menos inspirado porém bom Manderlay e por Washington que ainda não saiu. Dogville acaba entrando no cenário dos filmes mais alternativos, por ser um filme complexo, longo, em muitos momentos lentos e de difícil assimilação e degustação por praticamente todo o tipo de cinéfilo ou fã de cinema. Contudo, esse aspecto não tira seu caráter de obra-prima, afinal, como pode um filme que se propõe a fazer o que este se propôs e fez muito bem não ser complexo? Analisar o homem e seus modos de organização é provavelmente algo dos mais laboriosos e seu caráter sinuoso, faz com que bons filmes sobre este tema sejam igualmente laboriosos e sinuosos, porém excelentes e obrigatórios como no caso deste aqui. Uma aula de cinema.

NOTA: 9,5

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