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sábado, 18 de abril de 2009

A MOSCA


Ficha Técnica

Título Original: The Fly
Gênero: Ficção Científica
Tempo de Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1986
Estúdio: Brooksfilms
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation
Direção: David Cronenberg
Roteiro: David Cronenberg e Charles Edward Pogue, baseado em estória de George Langelaan
Produção: Stuart Cornfeld
Música: Howard Shore
Direção de Fotografia: Mark Irwin
Desenho de Produção: Carol Spier
Direção de Arte: Rolf Harvey
Figurino: Denise Cronenberg
Edição: Ronald Sanders
Efeitos Especiais: Chris Walas, Inc.


Elenco

Jeff Goldblum (Seth Brundle)
Geena Davis (Veronica "Ronnie" Quaife)
John Getz (Stathis Borans)
Joy Boushel (Tawny)
Leslie Carlson (Dr. Cheevers)
George Chuvalo (Marky)
David Cronenberg (Ginecologista)
Carol Lazare (Enfermeira)
Shawn Hewitt (Balconista)
Michael Copeman


Sinopse

Cientista (Jeff Goldblum) testa maquina de teletransporte de matéria e inadvertidamente permite que uma mosca entre na câmara junto com ele. Quando se dá a reintegração, os resultados são terríveis.


Premiações

- Ganhou o Oscar de Melhor Maquiagem.
- Recebeu 2 indicações ao BAFTA, nas categorias de Melhor Maquiagem e Melhores Efeitos Especiais.



CRÍTICA


Considerado por muitos um dos diretores mais controversos de Hollywood, o canadense David Cronenberg traz aqui mais uma de suas pérolas do horror considerado B e de toda a visceralidade e brutalidade que acompanhou sua obra principalmente em seus primeiros filmes. Cronenberg vai no "osso" e mostra como os avanços científicos e tecnológicos podem alterar o comportamento e a mente humana, chegando ao extremo da loucura e deformidade.

Seth Brundle é um cientista que cria uma máquina de teletransporte e desintegração de matéria. Levado ao extremo das tentativas de sucesso, o cientista resolve testar em si próprio seu experimento. Desse momento, uma mosca se une acidentalmente a ele na máquina, o que gera uma catástrofe no momento da reintegração das partículas. Assim sendo, uma experiência que a curto prazo foi um espetáculo, se torna uma tragédia. O modo como o filme vai mostrando a transformação do cientista é bizarro e asqueroso, elementos perfeitamente criados por Cronenberg e sua equipe de maquiagem e efeitos especiais, para mostrar a metamorfose de um humano em um ser anamórfico, ou de certo monstruoso.

Vemos a deformação do corpo, líquidos vazando por todos os oríficios possíveis e um terror psicológico sem fim, interpretado e vivido de forma brilhante por um Jeff Goldblum muito consistente, mesmo sendo um ator de qualidades limitadíssimas. Além disso, a presença cativante de Geena Davis como a repórter-namorada, representa o contraponto entre a racionalidade sensata e consciente quanto aos limites do avanço genético e a influência deste mesmo no comportamento do homem.

Mesmo sendo considerado por muitos uma ficção científica (o que afinal ele também é), A Mosca é muito mais um filme de horror do que qualquer outra coisa; Cronenberg consegue encaixar de forma brilhante elementos dramáticos, que não deixam de labutar da cabeça do homem, mesmo que este esteja fisicamente deformado. Dessa forma, vemos a luta constante entre a monstruosidade e a sensatez humana no personagem de Goldblum, que mesmo dominado por uma ambição científica, possui laços que o fazem reconsiderar em alguns momentos, lembrando muito a idéia de dualidade bem e mal presentes no homem, quase como um Jekyll e Hyde na construção de Stevenson em seu O Médico e o Monstro.

Um filme espetacular e asqueroso, brutal e brilhante, de fácil e difícil assimilação ao mesmo tempo. Nada supera a genialidade de Cronenberg, em criar ambientes e criaturas esquisitas, quando o assunto é mostrar o homem em sua perversidade física e psicológica, quando coloca-se em jogo suas implicações criativas e ambições crescentes. Um cult por excelência e por que não dizer um clássico, afinal um brilhantismo como o presente nesta fita não deve ser deixado de lado, ou pegando poeira nas locadores pelo mundo afora.

Esqueça a ridícula sequência de 1.989 e aprecie uma das poucas refilmagens superiores ao seu antecessor, e olha que A Mosca Da Cabeça Branca de 1.958 é ótimo e tem no elenco nada mais nada menos que Vincent Price, fato que demonstra ainda mais a força desta película. A verdade é ninguém mais poderia ter feito este filme de forma tão precisa, assustadora e fiel do que Cronenberg, já que o filme em si é quase uma síntese de todas as características do cineasta. Afinal, Cronenberg mostra um terror explícito, porém é nítido que o verdadeiro horror é aquilo que não é mostrado, que não está na transformação do homem em mosca em si, mas sim na própria existência de uma idéia que possa gerar algo tão absurdo.

Um legítimo Cronenberg, que deve ser visto e revisto, afinal, em um mundo onde os avanços genéticos e as tentativas de criação e maquinação humanas estão cada vez mais presentes, A Mosca acaba ficando muito mais atual do que estava a seu tempo, o que já era de se esperar, pois os grandes filmes são, assim como em qualquer segmento, aqueles que estão um passo a frente de seu tempo. Indispensável para fãs de horror e para fãs de filmes que possuam certo caráter escatológico, e obrigatório para qualquer cinéfilo, afinal Cronenberg é único, e vê-lo em seu auge é sempre uma experiência gratificante.


NOTA: 9,5

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