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segunda-feira, 23 de julho de 2012

A LULA E A BALEIA



Representante firme e claro do cinema independente que possui sua base em um roteiro curto, polido e forte para retratar e destrinchar a organização e as relações familiares envolvendo seus protagonistas em uma teia de dramas, descobertas e revelações, sejam em caráter pessoal ou no âmbito geral do cenário.

Dirigido e roteirizado por Noah Baumbach, A Lula e a Baleia retrata os dias pré e pós separação de um casal formado por um escritor em crise e uma nova escritora que começa a fazer sucesso. Envolvidos neste meio estão os dois filhos do casal, onde um começa a descobrir namoros e problemas e o outro começa a descobrir seu próprio corpo e sua sexualização.

 Após a separação dos pais é que o filme começa a ganhar o corpo e seus contornos mais claros. A dúvida, o sucesso, o fracasso e principalmente sensações de ter podido fazer algo mais, ajudado mais ou menos e coisas assim começam a atormentar a vida destes quatro membros da família, ao mesmo tempo em que tentam seguir suas vidas. O roteiro de Baumbach acerta a mão, ao conseguir dosar muito bem os momentos dramáticos, com alguns momentos de humor ácido sem perder em nenhum momento o respeito pelo material ou pelo espectador. Cenas mais duras ou até mesmo mais incisivas conseguem sem manter sem qualquer elemento apelativo e não se mostra distante do escopo geral ou mesmo uma manobra de resolução fácil. Além disso, o roteiro faz várias alusões a clássicos da literatura, inclusive utilizando-os como exemplo e colocando-os como norte para as decisões dos personagens em alguns momentos, sejam elas diretas ou apenas indiretas, em uma mensagem muito mais do roteiro em si do que de algum personagem. Entre os vários dramas que assolam os personagens, destaque para as enganações que o personagem Walt (o filho mais velho interpretado por Jesse Eisenberg) se impõe, seja com um infeliz namoro, um pseudo intelectualismo ou usurpar composições (no caso Hey You do Pink Floyd).

Este tipo de filme exige um elenco afiado e que compre além da ideia central, a ideia individual de seus personagens, com suas idiossincrasias e moralismos, e nesse ponto a coisa consegue funcionar novamente com algumas ressalvas. Jeff Daniels e Laura Linney como o casal central mostram a falta de química necessária para o espectador aceitar a separação, porém se tornam muito chatos quando resolvem atuar sozinhos, se é algo proposital de Baumbach deu certo, caso contrário... Jesse Eisenberg firma muito bem seu personagem, porém a cada dia que passa me parece que ele só consegue interpretar este tipo de personagem. Owen Kline se situa muito bem como o filho mais novo, e mesmo tendo cenas complicadas a fazer, se mostra desinibido e bem coerente em sua atuação. Anna Paquin está ótima como a aluna do personagem de Daniels que se torna sua namorada, contudo não supera o ótimo William Baldwin no auge da caricatura para construir o professor de tênis que se torna namorado da personagem de Linney.



É um filme interessante, bem construído e que apenas esbarra em alguns momentos na sua própria falta de ambição. É inevitável a sensação de que Baumbach poderia ter explorado melhor os simbolismos do filme, assim como suas relações, mas não vamos prejudicar tudo por causa de um detalhe como este também.





(The Squid and The Whale de Noah Baumbach, EUA- 2005)



NOTA: 7,5

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