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domingo, 1 de julho de 2012

SOMBRAS DA NOITE



Dizer que a parceria Tim Burton e Johnny Depp é uma das mais famosas da história do cinema é chover no molhado. Mais ainda é afirmar que a parceria produziu grandes filmes como Ed Wood, Edward Mãos de Tesoura e A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, mas também produziu um desastre como A Fantástica Fábrica de Chocolate e o chato Alice no País das Maravilhas. De tal forma, analisar Sombras da Noite é realizar um exercido tanto de esforço como de gosto, seja qual for o ângulo sob o qual você programar sua visão sobre a obra.

Johnny Depp encarna Barnabas Collins, um homem de uma família inglesa que vem para o Maine nos EUA fazer fortuna no ramo da pesca. Ao se envolver com uma bruxa que ele depois renega, é transformado por esta em um vampiro e enterrado em um caixão por duzentos anos, despertando apenas no ano de 1972.

A ideia central em si já possui uma deixa sensacional para um grande filme, que é o choque de culturas. Um personagem do século XVIII que de repente aparece no século XX é um prato cheio para piadas, boas histórias, dramas e aventuras. Tim Burton consegue perceber este elemento e constrói as melhores e mais engraçadas cenas de sua obra exatamente em cima deste elemento (basta ver a cena em que Barnabas conversa com os hippies ou a cena em que ele pede conselhos amorosos à adolescente interpretada por Chloë Moretz), contudo, é inevitável notar que no momento em que o mesmo abandona tal temática o filme perde um pouco de seu ritmo, e se torna meio maçante.

O clima dark/gótico característico das obras de Burton está novamente presente aqui e com força total, algo que funciona bem, mas que neste filme, devido à temática, funciona até melhor que o normal. O roteiro possui algumas falhas de construção e de andamento, fazendo com que Sombras da Noite tenha grandes momentos intercalados com partes bem fastidiosas. No quesito direção, Burton novamente segue seu estilo, ou seja, atores muito bem focados e guiados, andando por situações muitas vezes vacilantes. Burton é um grande visionário e um grande linguista de cinema e não um grande diretor.

Refletindo na totalidade a alternância de seu ritmo, de seu roteiro e de sua direção, Sombras da Noite intercala uma direção de arte e uma fotografia vibrantes, um figurino excelente, porém uma maquiagem de gosto duvidoso. A trilha sonora possui poucos bons momentos, mas no geral é fraca e barulhenta.

O elenco é recheado de nomes conhecidos e inclui pequenas participações de lendas como Christopher Lee e Alice Cooper. Johnny Depp está ótimo no personagem, e, para minha satisfação, não recuperou as “macaquices” e trejeitos de seu Jack Sparrow. Eva Green, que já é por si só uma grande atriz, constrói uma personagem excelente, que domina boa parte do filme para cair em um desfecho lamentável. Bella Heathcothe também se destaca com sua misteriosa interpretação do terno amor de Barnabas; enquanto que Michelle Pfeiffer e Jackie Earle Haley também estão ótimos. Como destaque negativo, não tanto pela atuação, mas pela personagem, temos Chloë Moretz que sofre para se adaptar a uma personagem caricata, mal construída e que só está ali para funções de estereótipos familiares e para cumprir o papel de ser o lobisomem da vez em uma história de vampiro (nova necessidade deste tipo de filme, e que se mostra cada vez mais ridícula).

Sombras da Noite é um filme leve, muitas vezes despretensioso e que nos mostra um Tim Burton menos ambicioso. Se em vários momentos ele nos diverte, em outro ele nos leva a sensações menos interessantes, contudo não é um filme ruim, apesar de seu final preguiçoso e totalmente sem explosão. 


(Dark Shadows de Tim Burton, EUA - 2012)



NOTA: 6,5

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