Robocop é ainda hoje um dos mais famosos personagens da
história do cinema, um dos filmes mais adorados pelos fãs ortodoxos dos anos 80
e um fenômeno cinematográfico dos mais intrigantes. A história do policial Alex
Murphy que após ser fuzilado por um grupo de bandidos encontra-se em estado de
morte certa e é transformado em um cyborg
para trabalhar ao lado da polícia de Detroit encontra-se no hall absoluto dos cults eternos.
Dirigido pelo instável diretor holandês Paul Verhoeven, a
saga de Robocop é um misto de drama, ação e ficção, que mistura desde
perseguições em grandes velocidades e armas de fogo pesadíssimas a dramas
existenciais rasteiros e a psicologismos furados e muitas vezes irritantes.
Enquanto se concentra no primeiro ponto, Robocop é realmente um filme bom e
interessante, contudo quando resolve se aventurar no segundo aspecto se torna
simplesmente sofrível.
Os problemas do filme vão desde efeitos especiais na linha
de Jaspion e de outros tokusatsus e sentais japoneses (que funcionavam nos
anos 80, mas envelheceram e necessitam de uma enorme boa vontade do espectador
para impressionar) até atuações sofríveis como a de Nancy Allen no papel do
policial Lewis que é parceira de Murphy (e
lembra muito a Maggie Gyllenhaal). A trilha sonora é quase uma cópia de outras
ficções de elementos futuristas e cheias de sintetizadores e o roteiro possui
lacunas simplesmente incompreensíveis, incluindo um de seus nortes centrais,
que é a permanência da memória de Murphy após ser transformado em cyborg ou a própria sobrevivência do
mesmo. O filme não deixa claro em nenhum momento se Murphy morreu ou não, ou
seja, Robocop é uma transformação ou uma ressurreição, mesmo que em forma
diferente? Todas as respostas que eu ouvi até agora me parecem insatisfatórias,
e após muitos anos, assistindo ao filme novamente não encontrei a resposta.
Como pontos positivos temos a mixagem de som perfeita,
aliada ao figurino bem construído e muito característico do personagem que,
para o bem ou para o mal, criou um ícone do cinema e a direção bem dosada e
firme de Verhoeven. As cenas de ação são extremamente bem feitas, e mesmo nos
momentos “drama” do filme, Verhoeven consegue não prejudicar ainda mais, em
outras palavras, o diretor holandês conseguiu perceber os pontos fortes do
roteiro e os potencializou, tentando ao máximo diminuir o constrangimento de
cenas desnecessárias e muitas vezes fora de contexto.
Eu gostava mais do filme nos anos 90, quando ainda era mais
jovem e não tinha tanta bagagem em minha vida cinematográfica. Robocop
envelheceu em vários aspectos, porém continua firme e forte na mente dos
nostálgicos fãs dos anos 80. Efeitos especiais toscos por efeitos especiais
toscos eu ainda prefiro Jaspion e afins, mas não posso negar que o Policial do
Futuro ainda possui seu lugar em minha mente. No final das contas, a nostalgia
e as lembranças de criança superam a chatice de uma crítica adulta.
(Robocop de Paul Verhoeven, EUA - 1987)
NOTA: 7,0
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