Média metragem feito para a conclusão de sua faculdade de
cinema aos vinte e oito anos de idade, O Rolo Compressor e o Violinista é um excelente
embrião da nobreza que, futuramente se transformaria o cinema deste gênio da
sétima arte que atende pelo nome de Andrei Tarkovsky. Centralizando na
inusitada amizade entre um garoto violinista e um motorista de um rolo
compressor que realiza um trabalho perto da residência do já citado garoto,
Tarkovsky já dá mostras de um talento acima da média. Logicamente que esta
pequena e primeira obra ainda é crua e mostra um Tarkovsky mais vacilante,
contudo a beleza poética e a simplicidade com que o assunto é tratado só
poderiam vir de uma mente que entende a verdadeira síntese e propriedade do cinema,
e sabe consequentemente organizá-la e projetá-la sem retirar sua parte mais
nobre.
Tarkovsky varia de planos amplos para fechados, e utiliza-se
da expressão dos atores e dos cenários para criar um clima fino, que consiga
sintomatizar a relação de amizade que se constrói. O roteiro, muitas vezes
baseado apenas nas imagens, é uma de beleza ímpar, e perpassa o espectador
levando-o a uma análise de mais profunda de tudo o que se desenrola em cena.
Utilizando-se das características marcantes de cada personagem, Tarkovsky
realiza um movimento de assimilação entre público e filme, além de unir os dois
personagens principais por estes elementos. Muito mais que uma simples amizade,
os grandes momentos destes novos amigos, mostram-se exatamente no
compartilhamento daquilo que cada um possui para oferecer, sendo no caso de
Sergei (O Rolo Compressor) uma divertida “volta” na máquina de trabalho do
mesmo e no caso de Sacha (O Violinista) uma suave música tocada em seu violino.
A profundidade da amizade ultrapassa a vontade que cada um possui de conviver
com a outra parte e se mostra totalmente desinteressada, desembocando em um
triste, porém singelo final.
As interpretações merecem destaque, principalmente a do
menino Igor Fomchenko que constrói um personagem simplesmente magnífico e que se
enquadra exatamente naquilo que aparentemente era a intenção de Tarkovsky. As
alterações de humor e as demonstrações de amizade partem das feições deste
menino de forma intensa e simplesmente fenomenal.
Muito mais destacado pela beleza do que pela inovação
técnica e estética que marcaria a obra posterior de Tarkovsky; O Rolo
Compressor e o Violinista é uma obra obrigatória para os fãs de um cinema
simples, belo e ao mesmo tempo marcante e pouco convencional. Uma história de
amizade incrível, emocionante e que nos coloca frente a frente com os primeiros
passos de uma dos maiores gênios da história do cinema.
(Katok I Skripka de Andrei Tarkovsky, Rússia - 1960)
NOTA: 9,0