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terça-feira, 6 de março de 2012

NAPOLEON DYNAMITE


Tentar rotular ou simplesmente encaixar Napoleon Dynamite em padrões comuns do cinema é uma tarefa no mínimo dura e criteriosa. A originalmente comédia de Jared Hess acompanha a vida de Napoleon, um estudante do meio-oeste americano preso em um mundo de certo modo geek e que não consegue se relacionar em nada, mais absolutamente nada fora disso, melhor dizendo, sua dificuldade de relacionamento de transpõe até mesmo a membros daquilo que seria o seu meio, porém com algumas diferenças; em resumo, um jovem extremamente excêntrico e preso em si mesmo e em seu mundo particular. As coisas mudam um pouco, quando ele conhece Pedro, um clássico adolescente mexicano que migrou para os EUA. Clássico tanto na maneira, quanto no perfil que o filme dá ao personagem.

Em primeiro momento, Napoleon Dynamite parece uma comédia de adolescente de jargões comuns e pouco inventividade; contudo ao longo da fita o negócio descamba para um estilo muito diferente, que pode causar estranheza em muita gente, porém inegavelmente original. Com toques de drama, e poucas cenas realmente engraçadas (a melhor delas é com certeza quando Napoleon se apresenta para a campanha de seu amigo Pedro para presidente dos estudantes), Napoleon Dynamite apóia-se muita mais na ideia de ser diferente do que necessariamente ser engraçado, e o resultado final depende da inserção do espectador neste movimento do filme. Em outras palavras, muito mais que gostar de comédia, para gostar de Napoleon Dynamite você deve gostar de comédias excêntricas, que misture humor negro, muitas vezes sutil, toques de escatologia e abra mão, em sua grande parte, daquele humor explícito e vulgar da maioria das comédias atuais deste gênero.

A direção de Hess também é diferente para este tipo de filme. Ele usa muita mais elementos de road movie do que de comédia. A fita é repleta de planos vazios, e a câmera de Hess normalmente fica estática esperando as ações dos personagens passarem por ela. Se no roteiro a inovação de Hess ajuda a fita, na direção nem tanto. O filme perde agilidade, o que para uma comédia é algo ruim, e temos uma fita muitas vezes lenta e de pouca explosão, algo que faz com que seus curtos 82 minutos pareçam bem mais tempo.

As atuações são ótimas e constroem os estereótipos (claramente proposital) de forma impressionantemente precisa, além de um intrigante trabalho de direção de arte, maquiagem e figurino de incrível mau gosto (também proposital). A trilha sonora em alguns momentos muito dura, faz seu papel, mas também colabora para o elemento road movie do filme.Além disso, tenho outra colocação: eu entendo que o fato de o filme se passar em Idaho merece tal aspecto, mas minha pergunta é se a fita precisava potencializar tanto o aspecto caipira da região, por assim dizer, algo que às vezes me soa um pouco exagerado demais (pois exagerado o filme já é por si só).

No final das contas, Napoleon Dynamite é um filme interessante, original e com boas sacadas, todavia, confesso que, devido a algumas opiniões que já ouvi sobre o mesmo eu esperava um pouco mais. É bom, porém nada fora de série como muitos dizem por aí.


(Napoleon Dynamite de Jared Hess, EUA - 2004)


NOTA: 6,5

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