Uma das mais aclamadas obras do mestre Scorsese é uma descida aos abismos do mundo pobre e desregrado não só da famosa Las Vegas, mas de todo o circuito envolvido em um mundo muito mais profundo que meras jogatinas e promiscuidades.
Cassino acompanha o desenrolar, o enrolar, o desenrolar e o enrolar de novo e assim sucessivamente de personagens envolvidos em tal meio, explorando suas idiossincrasias e exemplificando com formulações diferentes de cada um dos personagens, quais são os tipos de seres aos quais se transformam àqueles totalmente embrenhados deste âmbito e tudo aquilo que o mesmo pode proporcionar. Assim sendo, encontramos chefões de jogos e máfias, prostitutas, cafetões, simples apostadores, corruptos e por aí vai, todos eles analisados e apresentados com as características estéticas scorsesistas da potencial capacidade bestial do homem.
Scorsese consegue como ninguém, buscar e expor a capacidade que o homem tem de se tornar simplesmente uma besta, e explora tais elementos com uma inteligência única, se apoiando em elementos de temática violenta, porém que nunca se afastam de um forte realismo, por mais que em alguns momentos este realismo seja um pouco exagero. A câmera de Scorsese é sempre muito bem centrada e o desenvolvimento do roteiro é brilhante, por mais que demore alguns minutos acima do recomendável para funcionar. Além disso, estão presentes aqui o exótico gosto de Scorsese por figurinos exagerados e aquela perturbadora fotografia em tons avermelhados que parece nos impulsionar para dentro do ambiente do Cassino mesmo quando lutamos contra tal força.
Mesmo com seu habitual talento para dirigir e contar histórias de tal envergadura, nada funcionaria tão bem quanto funciona se não fosse o ótimo elenco. Robert DeNiro deve toda sua carreira a Scorsese, e aqui está novamente ótimo nas mãos do diretor. Sharon Stone nos mostra a melhor atuação de sua carreira em um papel difícil, porém feito com muita vontade, todavia o destaque maior vai para Joe Pesci, outro que cresce nas mãos de Scorsese, que nos brinda com uma atuação fenomenal e cheia de entusiasmo.
Cassino não é o melhor filme de Scorsese, mas desde sempre circulou entre os grandes, algo mais que merecido. Como filme propriamente dito já é um gigante, agora, como estudo do comportamento e da formalização humana, Cassino é mais uma obra-prima deste gênio do cinema chamado Martin Scorsese. Imperdível.
(Casino de Martin Scorsese, EUA/França - 1995)
NOTA: 8,5
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