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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

OS MELHORES DE 2011

Apesar de anunciar-se como um ano promissor para o cinema, principalmente após seu eufórico primeiro bimestre, 2011 foi marcado por uma abissal queda de rendimento nos meses conseguintes. A trêsderização da cinematografia contribuiu para que as produções fossem mais cada vez mais raras e escassas devido seus altos custos de produção (e babaquice, obviamente). A crise econômica também contribuiu para a aniquilação dos lançamentos do cinema Europeu tornando a lista mais antiga e saudosista que noutros anos.




1- O Mágico

Definitivamente meu filme predileto do ano; de uma simplicidade calada, quase muda. Uma das grandes animações de todos os tempos. Existe algo de chapliniano neste enredo que é o anti-climax dos contos de fada. O filme conta a história de um velho mágico itinerante que não consegue mais fazer crer seus truques - o feitiço & a mágica já haviam perdido seu significado no cabaré da vida contemporânea. Depois de um convite para apresentar-se num vilarejo isolado da Irlanda o mágico redescobre uma platéia inocente o suficiente para acreditar-lhe. Lá uma moça vê nele sua fada-madrinha de tantos contos e, para não frustrá-la em seus desejos de vestidos caros e sapatinhos de cristal, o mágico enfrenta a dura realidade do subtrabalho, dos turnos dobrados, fazendo de tudo para preservá-la do mundo real.



2- Cisne Negro

Filme impecável, de atuações marcantes e direção espetacular. Cisne Negro é uma das grandes obras do cinema arte, é até uma surpresa que tenha caído nas graças do público. Natalie Portman interpreta uma dançarina de Balé enrustida, sob eterna vigilância rigorosa da mãe, que enlouquece aos poucos quando se vê obrigada a liberar sua selvageria para interpretar a dualidade dos Cisnes Branco e Negro.




3- O Vencedor

Mais uma das transformações corporais resolutas do Christian Bale que renderam um ótimo filme. Narra a decadência de um boxeador de fama curta e meteórica e sua relação com o irmão que treina para tornar-se também um boxeador profissional. Foi uma das boas surpresas do inicio do ano.


4- Drive

Com padrões estéticos que lembram muito a obra de David Lynch e uma pitada do bom e velho cinema violento Coreano (Mr. Vengence e afins) Drive arrancou suspiros da crítica num ano de poucos lançamentos interessantes. Ryan Gosling interpreta um dublê de carros hollywoodiano que têm uma vida dupla como piloto de fuga de roubos. Apesar de extremamente metódico & reservado o personagem se apaixona pela vizinha e, a partir desta entrega, entra numa maré de azar. Apesar de não ser um enredo novíssimo – alias, possui um roteiro lugar-comum quando colocado no papel – o filme se destaca pela linguagem pouco ortodoxa. São méritos inquestionáveis do diretor Nicolas Winding Refn, que fez do limão uma limonada.





5- 13 Assassins


Takashi Miike fez uma incrível homenagem (ou releitura, como queiram) dos “7 Samurais” sem cair em desgraça. Adicionadas suas eventuais bizarrices sanguinolentas Miike mostra como a obra de 1954 continua atual apesar da passagem do tempo. Por mais que Western macarrônico de Sergio Leone e, mais recentemente, Quentin Tarantino já tivessem resgatado algumas características do antigo filme de Akira Kurosawa Miike conseguiu manter-se fiel até mesmo à construção dos personagens.




6- Tio Boonmee - Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas

Uma surpresa inesperada do ano de 2011 foi este belíssimo filme vietnamita do iniciante Apichatpong Weerasethakul. A história dum homem visitado por espíritos da floresta, familiares mortos e criaturas estranhas que lhe afligem e revelam sua inevitável morte possui uma sensibilidade inusitada. De construção poética, desconexa, intimista e exótica o filme lembra muito a construção metafísica de Tarkovski, Bergman e Kim-Ki Duk (o último especialmente). Coloco Uncle Boonmee nesta eletiva não só porque é brilhante, mas porque devemos acompanhar Apichatpong muy de perto nos próximos anos. 



7- Melancolia

Lars Von Trier – sempre unanimidade exceto quando se declara nazista em frente de platéia judia – nos trouxe um belíssimo filme que traça paralelos entre o aprazer da vida, do suicídio prenunciado e melancolia & um mundo que se finda num meteoro em direção a terra. Nelson Rodrigues dizia que mineiro só é solidário no câncer, mas não há nada mais corrosivo para as relações humanas que problemas que causam dependência imediata e prolongada. A depressão inominável de Kirsten Dunst é tão destrutiva na família devido sua exigência de cuidados quanto um meteoro arremessado no planeta: a mesquinharia, egoísmo e maldades que costumam florescer nas pessoas em calamidades públicas também acontecem ali, recônditas a uma casa de campo. 



8- 127 Horas


São raros os filmes que me parecem ser melhores toda vez que assisto: 127 Hours é um deles. Apesar de não gostar dos trabalhos do badalado Danny Boyle e julgar “Quero ser um Milionário” de uma chatice infindável encontrei em 127 Horas, não sei por qual razão, uma história digna dos filmes de aventura selvagem dos anos 80. A cena brilhantemente construída em torno da sede, revelando a música de Bill Whiters num traveling sem cortes até o Jeep com um Gatorade é espetacular. 




9- Bravura Indômita

Finalmente um resgate dos bons Westerns depois do débil “3:10 to Yuma”. Os irmãos Cohen acertaram nesta releitura do clássico de Jhon Wayne e na escolha do “The Dude” Jeff Bridges para o papel do U.S Marshall mais inescrupuloso do condado. Com um pitoresco humor o filme possui qualidades memoráveis para torná-lo uma das boas indicações do ano. 

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