Footloose – Ritmo Louco de 1984 é juntamente com vários
outros filmes, incluindo outros do gênero mais voltado para o musical, um claro
representante da juventude dos finais dos anos 70, dos anos 80 e das
idiossincrasias da mesma. Peculiar como poucas outras épocas (talvez no máximo
a juventude dos 50), a juventude acima citada era cheia de rebeldia e possuía
um apreço por mudanças e vivências que moldaram grande parte das conquistas
posteriores dos próprios jovens, e se, a juventude dos anos 90 (minha geração),
não conseguiu dar prosseguimento a esta formulação foi por uma clara mudança de
paradigma da própria sociedade que já não exigia tanta rebeldia, ou que a
transformou em algo piegas. Fiz toda esta introdução, pois é exatamente neste
aspecto o principal problema desta pífia refilmagem do clássico dos anos 80, ou
seja, a juventude não precisa e, principalmente não quer e não se identifica
com um Footloose.
Se nos anos 80
a dança e a música ainda representavam uma ala da
juventude, e os mesmos viam nela uma chance de libertação, atualmente, quem
olha para o cenário proposto pelo filme, se acalenta e se apega muito mais aos
argumentos “arcaícos” dos líderes da pequena Bomont do que ao dos jovens. Pode
parecer preconceito ou velhice precoce, mas com exceção de algumas danças que
ainda se mostram como formas de arte e expressão corporal, a maioria das mesmas
é pura depravação e o filme, infelizmente, acaba por escorregar aqui. A ideia
de Footloose funcionou há quase 30 anos atrás, mas não funciona mais, fazendo
com que o filme se torne desnecessário, despropositado e principalmente,
frívolo e estúpido. O mérito que o filme tem de se manter, em grande parte,
fiel ao original, é um tiro no pé, pois Footloose envelheceu, e se mantém vivo
apenas através do saudosismo e da nostalgia nos fãs, não através de suas
próprias qualidades.
Como se não bastasse os problemas acima listados que são de
ordem muito mais subjetiva, vamos aos problemas objetivos do filme, e estes são
muitos. As cenas de dança são bem filmadas e coreografadas, até que sim; os
atores dançam bem, assim como os apoios, claro, afinal são bailarinos, mas
isso, para um filme que se pretende musical e quase que uma ode à dança é o
básico do básico, mas e o restante? O filme tem cerca de 110 minutos, sendo que
destes a minoria são cenas de dança. No momento em que os atores tem que atuar
ao invés de dançar, a falta de talento é gritante. Na atual cena
cinematográfica, encontrar atores completos como havia antigamente, que sabiam
cantar, dançar, atuar e coisa assim é coisa rara, ainda mais entre jovens,
assim sendo houve a opção de escalar bons dançarinos que são péssimos atores.
Repare na cena em que a protagonista (Julianne Hough) tem que dramatizar em uma conversa
com seu pai (o quadrado Dennis Quaid) e sua mãe (a sumida e cheia de botox
Andie MacDowell) após apanhar do ex-namorado, exemplo claro da falta de
capacidade dramática da atriz.
As roupagens mais atuais das músicas e dos números de dança
não me agradaram, os protagonistas são fracos e não possuem o mesmo charme e
carisma dos originais e o argumento central não funciona mais, ou seja, esta é
mais uma refilmagem que não deveria ter sido, pois não agrada em nada e não
acrescenta em nada aos fãs antigos e com certeza, não fará sucesso entre os potenciais
fãs da atualidade. Ao contrário do original que é sempre lembrado, e se tornou
um clássico apesar de suas visíveis falhas, este aqui cairá em um merecido
esquecimento.
(Footloose de Craig Brewer, EUA - 2011)
NOTA: 3,0
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