Se utilizar de uma data e de elementos da numerologia para
tentar gerar uma premissa válida para um filme de terror/suspense não é, nem de
longe, uma das grandes originalidades do mundo do cinema. Contudo, o diretor
Darren Lynn Bousman, que possui no currículo os filmes de número II, III e IV
da franquia Jogos Mortais, inovou a se utilizar de uma elemento mais realista e
preciso quanto ao datamento do filme, lançando-o no dia correspondente e coisas
assim, porém, a única coisa que este filme tem (teve na época do lançamento) de
bom é o trabalho de marketing, porque o filme em si é uma lástima.
Há muito tempo eu não assistia a um filme que é
contraditório em relação à sua premissa básica e norteadora do contexto. O
filme defende em vários momentos o poder dos livros sobre as pessoas, mas
abandona isso para finalizar seu andamento, e, além disso, o substitui por
elementos retóricos e que não haviam sido sequer colocados até aquele momento.
Como se não bastasse, o filme possui um psicologismo e um elemento religioso de
nível muito baixo, e nem sequer consegue fomentar no espectador o interesse
pelo elemento do número “11” ,
fazendo com que tudo aquilo pareça muito mais uma coincidência mesmo do que uma
ação conectada, ou seja, erro primário de construção argumentativa. Os buracos
são gigantescos, e a quantidade de joguetes mal encaixados e de remendos para
gerar um possível andamento são visíveis e comprometedores. Chega a
impressionar que Bousman tenha chegado a pensar que sua plateia fosse tão
estúpida a ponto de não perceber tais circunstâncias.
Como se não bastasse, o filme é cheio de tentativas baratas
de sustos que não funcionam de maneira alguma. A direção é bisonha em alguns
momentos, errando feio na utilização das sombras e principalmente da iluminação
(repare nas cenas chuvosas onde isso fica muito claro). A fotografia é
exageradamente escura e parece querer esconder as imperfeições do filme, e
pasmem, é claro que não consegue.
Por incrível que pareça, o que menos prejudica o filme são
seus protagonistas, que possuem uma boa delimitação pessoal e são bem
conduzidos pelos atores Timothy Gibbs (Joseph) e Michael Landes (Samuel). O
trabalho dos dois, por mais que não se encaixem como primores interpretativos,
comparados ao nível baixo do restante da fita se destacam.
Agora, é lógico que 11-11-11 não poderia fugir da moda pós O
Sexto Sentido quase que dominante do gênero, em elaborar algum tipo de
reviravolta mirabolante no final para surpreender o espectador. Eis então que
Bousman se inspira naquilo que existe de mais cruel na produção artística dos
seres humanos e nos mostra que “o buraco é mais embaixo”. O que já era ruim
fica ainda pior, em um final estúpido, equivocado, deslocado e que não consegue
se explicar, além é claro, como eu já disse, de contradizer toda a ideia até
ali apresentada pelo filme.
Uma tragédia cinematográfica que me propiciou apenas um
grande medo: o de uma sequência aproveitando o vindouro dia 12-12-12, o que nos
levaria a lamentar demais o fato de que a profecia maia só se cumprirá no dia
21-12-12 (repare que 21 é 12 ao contrário hehehe). Lamentável.
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