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quarta-feira, 2 de maio de 2012

11-11-11



Se utilizar de uma data e de elementos da numerologia para tentar gerar uma premissa válida para um filme de terror/suspense não é, nem de longe, uma das grandes originalidades do mundo do cinema. Contudo, o diretor Darren Lynn Bousman, que possui no currículo os filmes de número II, III e IV da franquia Jogos Mortais, inovou a se utilizar de uma elemento mais realista e preciso quanto ao datamento do filme, lançando-o no dia correspondente e coisas assim, porém, a única coisa que este filme tem (teve na época do lançamento) de bom é o trabalho de marketing, porque o filme em si é uma lástima.

Há muito tempo eu não assistia a um filme que é contraditório em relação à sua premissa básica e norteadora do contexto. O filme defende em vários momentos o poder dos livros sobre as pessoas, mas abandona isso para finalizar seu andamento, e, além disso, o substitui por elementos retóricos e que não haviam sido sequer colocados até aquele momento. Como se não bastasse, o filme possui um psicologismo e um elemento religioso de nível muito baixo, e nem sequer consegue fomentar no espectador o interesse pelo elemento do número “11”, fazendo com que tudo aquilo pareça muito mais uma coincidência mesmo do que uma ação conectada, ou seja, erro primário de construção argumentativa. Os buracos são gigantescos, e a quantidade de joguetes mal encaixados e de remendos para gerar um possível andamento são visíveis e comprometedores. Chega a impressionar que Bousman tenha chegado a pensar que sua plateia fosse tão estúpida a ponto de não perceber tais circunstâncias.

Como se não bastasse, o filme é cheio de tentativas baratas de sustos que não funcionam de maneira alguma. A direção é bisonha em alguns momentos, errando feio na utilização das sombras e principalmente da iluminação (repare nas cenas chuvosas onde isso fica muito claro). A fotografia é exageradamente escura e parece querer esconder as imperfeições do filme, e pasmem, é claro que não consegue.

Por incrível que pareça, o que menos prejudica o filme são seus protagonistas, que possuem uma boa delimitação pessoal e são bem conduzidos pelos atores Timothy Gibbs (Joseph) e Michael Landes (Samuel). O trabalho dos dois, por mais que não se encaixem como primores interpretativos, comparados ao nível baixo do restante da fita se destacam.

Agora, é lógico que 11-11-11 não poderia fugir da moda pós O Sexto Sentido quase que dominante do gênero, em elaborar algum tipo de reviravolta mirabolante no final para surpreender o espectador. Eis então que Bousman se inspira naquilo que existe de mais cruel na produção artística dos seres humanos e nos mostra que “o buraco é mais embaixo”. O que já era ruim fica ainda pior, em um final estúpido, equivocado, deslocado e que não consegue se explicar, além é claro, como eu já disse, de contradizer toda a ideia até ali apresentada pelo filme.

Uma tragédia cinematográfica que me propiciou apenas um grande medo: o de uma sequência aproveitando o vindouro dia 12-12-12, o que nos levaria a lamentar demais o fato de que a profecia maia só se cumprirá no dia 21-12-12 (repare que 21 é 12 ao contrário hehehe). Lamentável.


(11-11-11 de Darren Lynn Bousman, Espanha/EUA - 2011) 


NOTA: 2,0

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