Produção franco-suíça, A Fronteira é um dos mais famosos
representantes do cinema de horror moderno europeu, e sendo assim, faz parte
desta tentativa do velho continente em retomar e, de certo modo, se tornar um
potência neste gênero tão apreciado, mas que sempre foi um pouco esquecido por
várias escolas européias.
Partindo de um argumento não muito original, mas que ainda
funciona, A Fronteira mistura sustos, com cenas fortes, extrema sanguinolência
e opta pela bestialidade humana ao invés do elemento sobrenatural. Assim,
elementos clássicos do terror não-sobrenatural como endogamia, canibalismo,
mortes violentas, deformações, sadismo entre outros; percorrem os pouco mais de
noventa minutos deste trabalho.
Um grupo de amigos parte da França em direção à Holanda para
ajudar uma amiga a realizar um aborto, contudo se tornam prisioneiros de uma
família de neonazistas canibais. Em primeiro ponto, o argumento parece simples,
contudo, em meio a este aspecto central, existem várias histórias paralelas que
funcionam em algumas partes (a rincha entre os familiares nazistas ajuda no
clima de brutalidade) e prejudicam a fita em outras (o romancizinho entre os personagens centrais poderia ter sido
evitado).
O filme é escrito e dirigido pelo francês Xavier Gens e
acredito que é exatamente que residem todas as qualidades e, principalmente, os
problemas do filme. Gens é um péssimo diretor de cenas de ação. Em alguns
momentos o filme possui perseguição e tiroteio e chega a ser impressionante a
falta de tato do diretor nestas cenas. Ele opta por vários cortes e uma câmera
incessantemente trêmula que prejudicam demais a compreensão e o acompanhamento
das cenas por parte do espectador. Por outro lado, em momentos mais calmos, ele
consegue encaixar bons enquadramentos e dirige os atores de forma, no que é
possível devido ao talento dos mesmos, até precisa.
Contudo, uma direção inconstante não é o ponto mais fraco do
filme. Como eu já disse, o argumento é bom, o desenvolvimento é correto e o
desfecho interessante, todavia a sensação de covardia do roteiro é inevitável.
As cenas de tortura e de terror propriamente ditas são superficiais e passam a
sensação de que Gens pretende eliminar um pouco o elemento explícito do filme
para angariar um público não tão acostumado a tanta brutalidade. Com uma
oportunidade dessas, Gens poderia ter ido muito mais além, e transformado A
Fronteira em um filme muito mais visceral e poderoso algo que o diretor em
questão optou por trocar por uma maior acessibilidade de sua obra.
Por mais que A Fronteira se mostre instável e covarde em
alguns pontos, no final das contas o filme se sai bem e não coloca o espectador
diante daquela sensação de tempo perdido. Eu confesso que esperava um pouco
mais, contudo não chegou a ser decepcionante.
(Frontière(s) de Xavier Gens, França/Suíça - 2007)
NOTA: 6,5
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