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sábado, 16 de junho de 2012

A FRONTEIRA



Produção franco-suíça, A Fronteira é um dos mais famosos representantes do cinema de horror moderno europeu, e sendo assim, faz parte desta tentativa do velho continente em retomar e, de certo modo, se tornar um potência neste gênero tão apreciado, mas que sempre foi um pouco esquecido por várias escolas européias. 

Partindo de um argumento não muito original, mas que ainda funciona, A Fronteira mistura sustos, com cenas fortes, extrema sanguinolência e opta pela bestialidade humana ao invés do elemento sobrenatural. Assim, elementos clássicos do terror não-sobrenatural como endogamia, canibalismo, mortes violentas, deformações, sadismo entre outros; percorrem os pouco mais de noventa minutos deste trabalho.

Um grupo de amigos parte da França em direção à Holanda para ajudar uma amiga a realizar um aborto, contudo se tornam prisioneiros de uma família de neonazistas canibais. Em primeiro ponto, o argumento parece simples, contudo, em meio a este aspecto central, existem várias histórias paralelas que funcionam em algumas partes (a rincha entre os familiares nazistas ajuda no clima de brutalidade) e prejudicam a fita em outras (o romancizinho entre os personagens centrais poderia ter sido evitado).

O filme é escrito e dirigido pelo francês Xavier Gens e acredito que é exatamente que residem todas as qualidades e, principalmente, os problemas do filme. Gens é um péssimo diretor de cenas de ação. Em alguns momentos o filme possui perseguição e tiroteio e chega a ser impressionante a falta de tato do diretor nestas cenas. Ele opta por vários cortes e uma câmera incessantemente trêmula que prejudicam demais a compreensão e o acompanhamento das cenas por parte do espectador. Por outro lado, em momentos mais calmos, ele consegue encaixar bons enquadramentos e dirige os atores de forma, no que é possível devido ao talento dos mesmos, até precisa.

Contudo, uma direção inconstante não é o ponto mais fraco do filme. Como eu já disse, o argumento é bom, o desenvolvimento é correto e o desfecho interessante, todavia a sensação de covardia do roteiro é inevitável. As cenas de tortura e de terror propriamente ditas são superficiais e passam a sensação de que Gens pretende eliminar um pouco o elemento explícito do filme para angariar um público não tão acostumado a tanta brutalidade. Com uma oportunidade dessas, Gens poderia ter ido muito mais além, e transformado A Fronteira em um filme muito mais visceral e poderoso algo que o diretor em questão optou por trocar por uma maior acessibilidade de sua obra.

Por mais que A Fronteira se mostre instável e covarde em alguns pontos, no final das contas o filme se sai bem e não coloca o espectador diante daquela sensação de tempo perdido. Eu confesso que esperava um pouco mais, contudo não chegou a ser decepcionante.


(Frontière(s) de Xavier Gens, França/Suíça - 2007)


NOTA: 6,5

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